placardpt
    Bota que chuta
    Luís Peres
    2017/03/14
    E4
    “O futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais importante que isso”. A frase é do lendário Bill Shankly, mas permitam-me a mim - menos lendário mas bem mais bonito – discordar veementemente. A vida sem escárnio é uma chatice brutal, e já nem falo da morte. Este espaço trilha esse caminho intermédio entre a vida e a morte. Aqui cabe o “Panenka” directo ao aconchegante colinho do keeper, o bigode farfalhudo a ocupar a lateral esquerda ou o ponta-de-lança mortífero que leva meia-dúzia de épocas para marcar três golos. Este é o cantinho deles.

    - Quatro foi o número de pins espetados pelo Borussia na lapela do embaraço benfiquista. Especula-se que quatro terá também sido o número de reuniões pedidas ao conselho de arbitragem da UEFA após o desafio.

    - Quatro foi o número de carnes reforçadas na cidade Invicta, como consequência das recentes notícias que dão conta da devolução de Walter ao FC Porto por parte do Goiás. A saber: maminha, picanha, costela e alcatra.

    - Quatro foi o número de linguiças enfiadas pelo Dragão na feijoada do Arouca. Os dragões aparecem de apetite reforçado nesta fase da época e nem sequer tiveram que aguardar por reforços de peso à última hora.

    - Quatro foi o número de restaurantes chineses inaugurados na Feira após a vitória da agremiação local em Setúbal. Yu Dabao foi visto no aeroporto na manhã seguinte a embarcar para Bora Bora. Boas férias, Yu. Aproveita!

    - Quatro foi o número de empates colecionados pelo Braga nos últimos seis jogos. Quatro é igualmente a quantidade de CVs enviados por Jorge Simão a clubes do Championship. “Hello ladies and gentlemen. My name is Mister Simão and I will tell you a joke about two guys picking up a lady in a pub…”

    - Quatro foi o número de lugares anuais reservados por Pinto da Costa para acomodar a chegada de Walter às bancadas do Dragão. Dois para cada nádega.

    - Quatro foi o número de socas de madeira arremessadas por Bas Dost à testa do tondelense Cláudio Ramos. O poker holandês foi o terceiro realizado por artistas leoninos na última década: há sete anos, o ídolo Levezinho (2010) sucedera a Carlos “Kinder” Bueno (2007), curiosamente mais recordado pelo seu cremoso recheio de leite e avelãs do que pelas qualidades como calciatore. E pelas duas barrinhas crocantes de wafer. Magníficas.

    - Quatro é o número de letras que compõem o nome do autor do tento do CD Tondela : Jhon. Infelizmente, encontram-se na ordem errada. Telegrama para a Colômbia, com a ajuda da Ana Malhoa: “sabes que começou no J, a seguir vem o O, Heliardo é com H, o N depois do H faz o J-O-H-N.”

    - Quatro letrinhas chegam também para escrever I-U-R-I. Na ressaca da pesada rosca conseguida à pala do néctar do seu futebol, o faialense Iuri Medeiros relembrou um País que tem tudo para ser o próximo Abdel Sattar Sabry, mercê da combinação entre um faraónico pé esquerdo e uma esfíngica abordagem ao jogo.

    - Quatro foi o número de funcionários com os quais os azuis-e-brancos reforçaram a equipa de catering. Dois para carregarem o reforço extra do buffet, um para segurar nas coxinhas de frango caso Walter tenha as duas mãos ocupadas com pão de queijo, e outro para ajudar o brasileiro com as batatas fritas dada a dificuldade do homem em pegar em alimentos finos. #dedosgordos

    - Quatro foi o número de anjos caídos do Céu no momento em que Deus se apercebeu que Marega e Kléber facturaram no mesmo jogo de futebol. Aconteceu no entediante empate a três tentos entre Vitória e Estoril e estima-se que terá também criado um vórtice espácio-temporal junto a Andrómeda que poderá aspirar o Planeta Terra para um buraco negro. Informação infeliz que ainda carece de confirmação por parte das autoridades competentes.

    - Quatro foi o número de metros que Salvador Agra voou durante o Nacional vs Paços, carregado pela ciclónica brisa da Choupana. Provavelmente teria tido mais sorte se fosse mais pesado que um saco de plástico furado. À atenção do próprio.

    - Quatro foi também o número que fechou a jornada, numa goleada impulsionada pelo impecável bigode de André Almeida e que efectivamente deixou tudo como estava no andar de cima. Bola no mato, que o jogo é do campeonato.

    E no mato, já se sabe, um pão dá para quatro. 



    Comentários

    Gostaria de comentar? Basta registar-se!
    motivo:
    L_
    um bem haja a todos
    2017-03-16 11h40m por L_Peres
    e o meu comentário é o quarto!
    Faltou aí um 4 que foi
    2017-03-14 22h29m por daniel_fcporto
    O número de caixas de Pastéis de Belém que o Eliseu comeu antes do jogo :D Excelente crónica, como sempre Luís :)
    Muito bem
    2017-03-14 14h40m por antoniocarvalho
    Faltou só (mais) uma referência ao Walter, para também dar quatro referências.
    Quatro
    2017-03-14 13h57m por Kaizeler
    Quatro poderia ser o número de estrelas que eu daria a esta crónica, se a pudesse avaliar.

    OPINIÕES DO MESMO AUTOR

    Após paragem de semanas, o campeonato regressou como só ele sabe : no papel de passageiro VIP no comboio da polémica, confortavelmente sentado entre o idoso que cheira mal da ...
    25-10-2017 16:12E5
    E assim arranca a Primeira Liga, com a primeira jornada que afinal se estende até à segunda jornada, mas que não faz parte da mesma jornada. Por sua vez, a segunda jornada mistura-se com a ...
    17-08-2017 15:03
    Arouca: seria disparatado equiparar a época do Arouca a uma montanha-russa, até porque as montanhas-russas não explodem numa flamejante bola de fogo cósmico no final da ...
    05-06-2017 16:02E2
    Opinião
    Oitava Arte
    Álvaro Costa
    O Melhor dos Jogos
    Carlos Daniel
    O sítio dos Gverreiros
    António Costa
    O sítio dos Gverreiros
    António Costa