O Estoril foi a Alvalade sem comandante e durante algum tempo da viagem do jogo até se mostrou bem organizado e com destino para bom porto, mas assim que surgiu o erro, o leão foi mortífero, feriu a sua presa e acabou por «matá-la» quando esta mostrou alguns sinais de bravura no 2º round da luta. No final, o Sporting venceu tranquila e justamente por 2-0.
Poucos dias depois de ficar sem treinador, com a saída de Nélson Veríssimo do comando da equipa, o Estoril visitava Alvalade, com ambas as equipas a precisarem de pontos para alimentar as suas ambições. Do lado leonino, Rúben Amorim promoveu quatro alterações no onze inicial, com as entradas de Matheus Reis, Bellerín, Nuno Santos e Francisco Trincão para os lugares que pertenciam a Esgaio, Gonçalo Inácio, Ugarte e Arthur Gomes. Já do lado canarinho, Pedro Guerreiro, o escolhido para comandar a equipa neste jogo antes da chegada de Ricardo Soares, promoveu duas mexidas, entrando para o onze Rafik Guitane e Mexer, para os lugares de Bernardo Vital e Tiago Araújo.
Com Pote de regresso ao miolo, para render Ugarte, mas sempre com a habitual liberdade posicional de pisar terrenos mais adiantados em qualquer dos corredores, o Sporting entrou bem na partida. Os alas deram largura e isso deu espaço aos extremos de surgir em zonas interiores e aplicar permutas posicionais na frente, conseguindo penetrar na área adversária com alguma frequência e facilidade nos primeiros minutos.
Inicialmente, a pressão alta leonina levou a alguns erros do Estoril, especialmente na direita, onde Tiago Santos parecia querer aventurar-se mais e Nuno Santos aproveitou para criar perigo, mas com o passar do tempo os extremos forasteiros baixaram para apoiar os laterais e isso deu menos espaço ao Sporting para construir e aplicar as tais permutas. Isso foi levando a alguma frustração e durante largos minutos o Sporting praticamente apenas vive dos cruzamentos, embora sem superioridade para tal.
No entanto, a insistência leonina na procura do erro adversário foi tal, que acabou a resultar. Edwards assustou aos 39' num remate cruzado - numa das poucas vezes que se conseguiu libertar de Joãozinho e puxar para o meio - e o golo acabou por surgir no minuto seguinte. Na sequência dos tais cruzamentos, Paulinho tentou desmarcar um colega, mas João Carvalho acabou por ser infeliz no corte e desmarcou Bellerín na cara de Dani Figueira, que não perdoou e estreou-se a marcar com a camisola do Sporting. O espanhol mostrava uma das suas vantagens em relação a Esgaio com esta presença em zonas centrais.
Sem nada a perder, depois de uma 1ª parte onde quase abdicou de atacar, o Estoril regressou do intervalo bem mais solto, com Gamboa a deixar o duplo pivot defensivo do meio campo para apoiar mais Geraldes na ligação entre meio campo e ataque e isso sentiu-se pela maior facilidade em ter bola dos visitantes, até porque qualidade técnica não falta na equipa. Contudo, os canarinhos acabaram por levar um autêntico «murro no estômago», uma vez que Trincão - que estava a passar ao lado - tirou um coelho da cartola, serpenteou entre vários adversários à entrada da área e atirou para o 2-0 logo aos 51'.
O «murro» fez-se sentir e a verdade é que rapidamente se perdeu a tal bravura demonstrada pelo Estoril nos primeiros minutos, especialmente porque logo a seguir Pedro Guerreiro tirou de campo Geraldes - para colocar Léa-Siliki e dar mais corpo na frente - e a equipa perdeu aquele que ia sendo o seu «farol» ofensivo. Foram minutos de um ritmo mais baixo, que apenas foram dinamizados por um Trincão mais confiante com a bola no pé a fazer mexer a equipa.
Até ao final, as duas equipas pareceram aceitar por completo o seu destino na partida e apenas Chermiti, já aos 90', quase festejou num belo movimento à ponta de lança, obrigando Dani Figueira a grande defesa. No final, o Sporting acabou a conseguir uma tranquila e confortável vitória por 2-0, que lhe permite gerir esforço quando o calendário começa a apertar e manter-se vivo na luta pela Liga dos Campeões. O Estoril, por sua vez, precisa mesmo de mudar o rumo, talvez com a chegada do novo comandante...
É bom ver que há opções do Sporting que aparecem quando necessário, mesmo que não o façam com a regularidade pedida. É o caso de Trincão. O extremo até teve uma 1ª parte algo pobre, mas o (grande) golo desbloqueou-o psicologicamente e foi crescendo com o jogo. Chermiti também parece encaixar cada vez melhor no que a equipa pede neste momento.
Há, inquestionavelmente, talento na equipa do Estoril Praia e basta ver que tem nomes como Geraldes, Tiago Gouveia, Rafik Guitane ou João Carvalho, mas tem estado a ser mal potenciado e este jogo foi mais um exemplo. Neste caso, há a «desculpa» de estarem sem treinador, mas não deixa de ser algo triste ver talento deste sem ter a bola no pé a tentar fazer a diferença