Rui Carvalhal, Limianos: «Partimos atrás dos adversários»

Limianos, Pevidém, Amarante, São João de Ver, União de Santarém, Lusitânia dos Açores, Vitória FC, Moncarapachense. São estes os oito clubes que irão disputar a subida à Liga 3. Na antecâmara da fase de todas as decisões no Campeonato de Portugal, o zerozero conversou com os oito treinadores que vão lutar pela promoção de escalão. 

O Limianos pode conseguir a segunda promoção consecutiva. Depois de subir da distrital da Associação de Futebol de Viana do Castelo, o emblema está agora na luta pelas decisões e pelo acesso à Liga 3. 

Rui Carvalhal 2023/2024

28 Jogos
13 Vitórias
9 Empates
6 Derrotas

37 Golos
31 Golos sofridos

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Na Série A, foram precisos 45 pontos em 26 jogos, ao somar cinco derrotas, nove empates e 12 vitórias, numa primeira fase decidida na última jornada e onde um ponto separou o primeiro do segundo e o segundo do terceiro.

Rui Carvalhal assumiu o comando técnico do emblema de Ponte de Lima no início da temporada e, em 28 jogos, alcançou 13 motivos para sorrir. Alcançar a fase de subida é o 14º e a presença no Jamor pode mesmo vir a ser a maior razão de felicidade da época para uma equipa que vem «de uma divisão periférica do futebol português».

Os adversários? São João de Ver, Pevidém e Amarante. Tudo arranca no próximo dia 21 de abril.

«Teremos de ser transcendentes na nossa identidade»

zerozero (zz): Como descreve o trajeto do Limianos até chegar a esta fase?

Rui Carvalhal (RC): Sabemos que somos de uma divisão um pouco periférica do futebol português. A Associação de Futebol de Viana do Castelo é um bocadinho à parte do restante do país e acaba por não ter importância e competitividade de outras associações. O Limianos subiu este ano e é um clube que, infelizmente, não tem conseguido manter-se no Campeonato de Portugal nas últimas presenças que teve. 

No início, tivemos de fazer um trabalho muito forte no sentido de lutar pelas condições, em termos de jogadores, para disputarmos esta prova.  

Penso que a época começou com crescimento, no sentido de nos relacionarmos bem uns com os outros, e da equipa ser cada vez mais competente em todos os momentos do jogo. Tivemos, no início, alguns percalços em termos de resultados porque empatámos alguns jogos e somámos poucos pontos para o que penso que deveríamos ter somado, ou que merecemos ter somado.

Foi uma época que, na primeira fase, teve um período de adaptação, um período de crescimento da equipa, em que eu penso que alguns resultados não fizeram jus àquilo que a equipa produziu, mas que, depois, no decorrer da época, mostrámos que estivemos cada vez mais ligados, cada vez mais entrosados e a equipa foi cada vez mais competente.

Acabámos, com justiça, no primeiro lugar da primeira fase, o que é um feito muito importante para um clube que, como disse, subiu este ano e, claramente, seria muito importante se solidificar nas provas nacionais, tendo em conta que não conseguiu nos últimos anos, infelizmente.

zz: O que espera desta fase de subida? Pevidém, Amarante e São João de Ver são os adversários que se seguem.

RC: Nós conhecemos melhor o Pevidém do que, naturalmente, o São João de Ver e o Amarante, porque uma coisa é ver os jogos, observar os adversários e outra coisa é jogar contra eles. Sabemos que, sobretudo, são três equipas muito fortes e duas delas já estiveram na Liga 3.

O São João de Ver desceu este ano, o Pevidém desceu há dois anos, mas são equipas com experiência competitiva neste formato de luta pela subida e mesmo para Liga 3. Sabemos que o Amarante também é uma equipa com experiência competitiva na luta pela subida de divisão, porque o ano passado também esteve na fase final.

São três equipas que são muito fortes, bem orientadas, com excelentes jogadores e sabemos que vai ser uma tarefa muito difícil que teremos pela frente. Temos 50 por cento de hipóteses de subida de divisão e 25 por cento de hipóteses de ir ao Jamor. Vamos tentar aumentar essas probabilidades, tentando ser ainda mais fortes do que os nossos adversários, tentando ter presente a nossa identidade, personalidade e, com isso, tentarmos ser mais fortes ao longo das seis jornadas desta fase subida.

Tentaremos atingir a fase subida e depois, por consequência, vamos fazer de tudo para chegar ao Jamor, sendo certo que teremos de ser realmente transcendentes na nossa identidade e postura dentro de campo.

zz: O Limianos pode conseguir a segunda promoção consecutiva, caso esteja entre as melhores equipas desta fase de subida. Acha que este é um fator que alavanca ainda mais a motivação da equipa, para além de ser um clube de uma zona mais periférica?

RC: O nosso plantel e o clube todo estão com a motivação no máximo. Se não estivermos no máximo da nossa motivação, e da nossa atitude, certamente que não conseguiremos.

Sabemos que partimos atrás nos nossos adversários, face ao que têm sido as últimas épocas de cada um dos concorrentes, mas também sabemos que isso não é limitativo dentro de campo. Se nós acreditamos no nosso trabalho, no que temos vindo a fazer, vamos tentar pô-lo dentro de campo.

É evidente que esta questão de virmos de uma associação mais periférica, de ainda não termos nos últimos anos esta experiência competitiva que os nossos três adversários já têm em fase de subida e em Liga 3. é, à partida, um handicap, mas dentro de campo isso pode não ter o peso que tem e nós lutaremos para que não tenha esse peso e para que as nossas forças venham ao de cima.

«A resiliência de toda a gente fará a diferença»

zz: O que acha que vai mudar para esta nova fase, em termos de preparação de equipa? 

RC: Não muda muito, a realidade é que não muda muito, mas nós sabemos que, quando é uma segunda fase, cada ponto é claramente muito importante. São apenas 18 pontos em disputa, são seis jornadas, Os jogos são muito valiosos. É evidente que ao longo da época também são, mas agora o ponto é muito valioso. É muito importante ganhar, também é muito importante não perder. 

Será muito importante que os detalhes joguem ao nosso favor. O pormenor fará toda a diferença. Os detalhes farão toda a diferença e nós temos de ser muito fortes nesse capítulo.

Em termos da preparação do jogo em si, não muda muita coisa. Claro que sabemos que, em especial, os jogos podem ser um pouco mais fechados, as equipas um pouco mais retraídas, e nós tentaremos fazer um trabalho com a mesma identidade que tivemos ao longo da época. Vamos ter em conta alguma especificidade desta fase, mas tentaremos ter presente aquilo que nós fomos ao longo da época, porque foi isso que nos trouxe aqui, e é isso que nós acreditamos que nos vai continuar a levar a ter sucesso.

zz: Qual é a mensagem que pretende deixar aos adeptos?

RC: Naturalmente, pedimos aos adeptos que nos apoiem em todos os momentos. Vai haver momentos de felicidade, vai haver momentos de frustração, vai haver momentos de tristeza. Isso faz parte. A resiliência de toda a gente fará a diferença. A resiliência do clube e da equipa fará a diferença nos momentos negativos.

É isso que nós pedimos aos nossos adeptos. É a resiliência para conseguirmos todos lutar, para nos conseguirem ajudar nos momentos em que nós precisamos e também para não nos deixar amolecer quando estivermos bem.

É sobretudo uma mensagem para pedir apoio, pedir que nos incentivem em todos os momentos do jogo e que estejam ao lado dos jogadores, porque eles têm feito por merecer esse apoio.

@AD Os Limianos