Já com mais de um século de história - nasceu em 1921 - o RKS Rakow Częstochowa é um clube polaco que oscilou, ao longo dos últimos 100 anos, entre os momentos mais altos no seu país e os mais baixos, até ao ponto em que chegamos, onde é o próximo adversário do Sporting na Liga Europa, já esta quinta-feira.
Campeão polaco apenas uma vez na sua longa história, precisamente na temporada passada - relembre o testemunho feito ao zerozero sobre este clube -, o Rakow está longe dos tempos em que ocupou a 5ª divisão polaca, mas sofreu um pequeno processo de remodelação em 2023/24, depois da saída do técnico Marek Papszun, que havia feito história, com o seu adjunto, Dawid Szwarga, a assumir o lugar.
Essa mudança, além de trazer novidades ao nível do estilo de jogo da equipa, também trouxe uma maior instabilidade exibicional, para o qual não tem ajudado os problemas de lesões neste arranque de temporada, que têm dificultado a existência de um verdadeiro onze base, especialmente no que à defesa diz respeito.
Em relação à última época, Szwarga manteve um desenho tático minimamente semelhante, mantendo a aposta no 3x4x2x1, com a maior variação a ser a maior aposta na presença de dois médios ofensivos - velozes e capazes de deambular para as alas - em detrimento dos habituais extremos. É uma equipa que gosta de ter bola, mas que não faz propriamente questão de a ter muito tempo, apostando quase sempre num jogo direto, impulsionado pelos seus centrais, seja em busca do «gigante» (1,89 cm) Ante Crnac, ou da velocidade dos tais médios ofensivos ou dos alas, que jogam muito subidos.
Sem bola, no entanto, a história é outra. O Rakow tenta jogar «à equipa grande», pressionando altíssimo no campo, ao ponto de, por vezes, até pressionarem o guarda-redes adversário na primeira fase de construção da sua equipa, mas ainda não parece verdadeiramente preparado para tal. Por vezes, obviamente, essa pressão resulta, mas contra adversários com maior poderio técnico e facilidade na saída com bola, costuma ter dificuldades, uma vez que os médios ofensivos e alas pressionam tão alto, que deixam bastante espaço a ser explorado entre linhas, descompensando o miolo e defesa.
Além disso, a grande aglomeração de jogadores no corredor central, com os tais alas bastante subidos, deixa as suas laterais bastante desprotegidas, mesmo com o sistema de três centrais, algo que pode e deve ser explorado pelo Sporting, tanto pelos seus extremos a deambular do lado para o meio, como pela subida dos seus alas, preferencialmente bem compensada pelos médios e centrais mais descaídos.
O guarda-redes Vladan Kovacevic - que chegou a ser fortemente apontado ao Benfica na época passada - até demonstra bons atributos entre os postes e com os pés, embora sem regularidade, mas tem à sua frente um trio, habitualmente, menos capaz na construção, daí a aposta no tal jogo direto, o que leva à criação de alguns erros no seu primeiro terço, algo a ser explorado por uma pressão média/alta, sempre tendo em conta a aposta no jogo direto polaco.
Perante tamanha verticalidade e velocidade de execução ofensiva, é fácil para este Rakow aproveitar qualquer espaço ou menor atenção que os adversários possam ter/dar. São capazes de surgir em ataque com sete elementos.
A verdade é que esses fortes ofensivos tornam a equipa frágil defensivamente. Com tanta verticalidade, falta apoio defensivo muitas vezes e é fácil apanhar o Rakow em contra-pé. Além disso, a falta técnica dos defesas torna a pressão alta muito apetecível.
Embora o Rákow tenha sido fundado no longínquo ano de 1921, só chegou ao principal escalão em 1994 e bastam os anos mais recentes para resumir a história do clube. O ano do centenário trouxe o primeiro grande troféu - Taça da Polónia -, uma conquista entretanto repetida, e a página mais importante foi escrita este ano, quando o clube se sagrou campeão pela primeira vez.
O extremo equatoriano, que nasceu na Alemanha, chegou ao Rakow na época passada e foi determinante para o título de campeão, com 13 golos marcados em 22/23. Esta época tem sentido a ausência por lesão do espanhol Ivi, que era o seu principal assistente, mas não deixa de ser o maior desequilibrador da equipa.
Com apenas 33 anos, e depois de algumas épocas como adjunto, o jovem técnico polaco assumiu a sua primeira aventura como treinador principal e tem sido algo instável. É verdade que herdou um legado pesado e tem tido dificuldades em ter a equipa saudável, mas o Rakow vai parecendo bastante mais maleável defensivamente e menos vertiginoso no ataque. É, no entanto, cedo.