Facto 1: O FC Porto bateu o Benfica por ter sido mais eficaz. Facto 2: Iker Casillas foi, de longe, a grande figura do encontro, decisivo para os portistas, quer para o clássico, quer para a luta no campeonato. Facto 3: Assistiu-se a um jogaço na Luz e a um grande ambiente. Facto 4: A arbitragem foi condizente e está de parabéns. Facto 5: Alguns jogadores mostraram estar num patamar acima.
Podíamos estar aqui a falar de qualquer um dos factos acima referidos. Podíamos também acrescentar outros, como a destemida estreia de Chidozie ou o reencontro de Maxi com um estádio que não lhe perdoa a troca. Mas preferimos o facto 5.
E, quando falamos desse, falamos mais concretamente do benfiquista Renato Sanches e do portista Danilo Pereira. Porque qualquer equipa precisa de um motor e porque são eles, nesta altura, os grandes motores das suas.
Não se trata de saber quem ganhou o duelo, já que, apesar de as águias terem perdido, não se pode dizer que o miolo portista tenha sido superior. E não o foi precisamente por Renato. Tal como o do Benfica não foi imperial por causa de Danilo Pereira.
Enfim, demasiados méritos em dois nomes só. Quem ganha é o futebol, são as respetivas equipas... e é Fernando Santos.
O motorzinho, como já se ouviu falar, fez o seu primeiro clássico com a camisola principal dos encarnados, mas pareceu o jogador com mais rodagem da equipa encarnada. Incrível a forma como Sanches assume a responsabilidade sem se encolher e fantástica a forma como aparece em todo o lado, seja a iniciar a construção, a romper por uma das linhas ou na pressão incessante sobre um adversário.
Ainda tem muito para melhorar, nomeadamente no capítulo da decisão (passe e timing de remate), mas o 85 é mesmo um diamante vindo do Seixal. Nunca se esconde e enche de forma soberba o campo. A maneira como, no golo de Mitroglou, Renato Sanches aborda o lance é digna de destaque, visto que a tentação normal naquela situação é quebrar a saída do adversário com um alívio. O médio preferiu, uma vez mais, assumir com receção e passe mortal.
Primeiro, Brahimi, depois André André foram os médios ofensivos de Peseiro e ambos passaram de forma discreta pela posição 10, muito por culpa de Renato, por vezes a fazer também as funções de Samaris, numa prova de multiplicação que é bastante benéfica a uma equipa.
Renato Sanches dificilmente ficará muito tempo na Luz. É verdade que é apenas um prognóstico nosso, embora, até atendendo aos olheiros que estiveram no clássico, tal seja o cenário mais provável. Foi a resolução do problema de Rui Vitória com a falta de um 8 e, muito provavelmente, abri-lo-á novamente quando não puder ajudar a equipa.
Também já não é de agora que o médio tem sobressaído no miolo portista. A transição para uma equipa grande implica sempre um período de maturação, mas nisso Danilo foi muito rápido a adquirir. Ainda passou pelo banco algumas vezes, mas hoje é um pilar fundamental para José Peseiro.
Não será demasiado dizer que tem sido o jogador em melhor forma nos portistas e no clássico isso voltou a vir à tona. Ganhou quase sempre os duelos individuais (tirando alguns que Renato levou a melhor) e equilibrou a equipa, ao não permitir tantas ações a Jonas.
Depois, mostrou ser um jogador muito capacitado para o transporte com bola, puxando de forma invisível pela equipa em momentos onde alguma descrença parecia surgir. Neste momento, Danilo parece ser o melhor 6 português, quer pela quebra de forma de William e pela lesão de Tiago, quer, sobretudo, pelo muito mérito próprio de um crescimento que não tem parado de acontecer.
1-2 | ||
Kostas Mitroglou 18' | Héctor Herrera 28' Vincent Aboubakar 65' |