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Gigante grego vive períodos conturbados

Olympiacos em crise: «Há muita gente com saudades de Pedro Martins»

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É provável, caro leitor, que o nome Olympiacos lhe traga algumas memórias. Quiçá, as de um campeão hegemónico, incontestável, como no final dos anos 90 e no início do século; o maior da Grécia, traiçoeiro na Europa e, quase por regra, com alguns portugueses à mistura. Ora, permita-nos clarificar que a situação, atualmente, não é bem assim. A manta rendilhada pelos três campeonatos conquistados na última meia dúzia de anos é demasiado curta para tapar o atual quarto lugar e a instabilidade vivida no clube da capital.

O zerozero, com o interesse de compreender este fenómeno, falou com Kostas Gialitakis, jornalista local, que nos colocou a par de todos os detalhes do passado recente deste gigante grego.

Luz portuguesa no fundo do túnel grego

O período recente de maior estabilidade foi com um português ao leme. Pedro Martins consegui algo raro: completar uma temporada no comando do clube — até foi mais longe, às quatro. Pode parecer pouco, caro leitor, mas para encontrar feito semelhante é preciso recuar até 2015/16, quando Marco Silva (outro português, curiosamente) começou e acabou uma campanha ininterruptamente.

Português foi oficializado em abril de 2018 @Olympiacos

Nas duas épocas que antecederam a chegada de Pedro Martins, o Olympiacos contou com oito diferentes treinadores. Um clube à deriva, fértil cemitério de treinadores; um título conquistado nesse mesmo período — por surpreendente que possa parecer — mas um desnorte visível e gritante de um clube a precisar de rumo.

«É verdade que Pedro Martins, para quem não acompanhou de perto o futebol português, foi uma aposta um pouco desconhecida; não a 100%, mas não era conhecido ao detalhe, pelo menos aqui na Grécia. O que aconteceu naquela altura foi que, tanto o público como a direção do Olympiacos, confiaram muito nele, na sua filosofia e modo de trabalho: isso deu frutos. Explica-se (e prova-se) pelos resultados e títulos. Portanto, o Olympiacos e o Pedro Martins conseguiram crescer mutuamente, uma situação que beneficiou ambas partes», afirmou Kostas. Impossível haver maior sinal de confiança que a continuidade do técnico após uma primeira época sem troféus. A aposta revelou-se certeira: daí em diante, foram três anos, três campeonatos, uma taça grega e prestações positivas na Europa.

«Nas redes sociais, nos fóruns, nos sites desportivos, há muita gente que tem saudade de Pedro Martins e, sobretudo, do trabalho dele. Agora, reapreciam o trabalho que o Pedro Martins realizou»

Saiu Pedro Martins e entrou, uma vez mais, a roleta de treinadores. Nas duas temporadas pós-Pedro Martins, não foram oito, mas, para já, são sete. Carlos Carvalhal foi uma das recentes vítimas e os escassos 11 jogos disputados definem o insucesso da passagem: «Carvalhal veio num momento muito complicado: acho que é o único treinador da história do clube que nunca jogou com público; por causa da violência, o governo tomou a decisão de realizar os jogos à porta fechada. Portanto, o Carvalhal não teve o apoio do público: algo inédito. Não correu bem.»

Uma dupla portuguesa que durou pouco

«No momento da chegada, Carlos Carvalhal não foi tão desconhecido quanto Pedro Martins, porque já tinha passado pelo SC Braga e já tinha eliminado o AEK há alguns anos. Era um nome que dizia algo na mente dos adeptos gregos. Ainda assim, os adeptos não acreditaram que era um nome para mudar profundamente e revolucionar o rumo dos acontecimentos, para entrar numa rota vencedora. Pessoalmente, acho que é um bom treinador, mas, se calhar, não foi o treinador certo naquele momento. Nunca ganhou a confiança dos adeptos e, apesar de não ter construído a equipa, de não ter tido o luxo do tempo e de ter trabalhado com circunstâncias negativas, não teve impacto. É assim a vida dos treinadores», constatou Kostas.

Contudo, Carlos Carvalhal não chegou sozinho. No mesmo dia em que foi oficializado, o Olympiacos apresentou também Pedro Alves, diretor desportivo português com passagens pelo Estoril e Braga. Uma chegada para começar um projeto... em cima de outro, o que resultou num desfecho fácil de adivinhar: «Chegaram Carlos Carvalhal e Pedro Alves. Esta dupla iniciou um projeto após outro projeto. No verão passado, o Olympiacos contratou um diretor desportivo espanhol (António Cordon) e ele trouxe um compatriota, o ex-treinador Diego Martínez. Nenhum [dos projetos] funcionou muito bem.»

E agora, que futuro?

Um elemento transversal às diferentes fases do clube é Marinakis, o proprietário. Com ligações também ao Rio Ave, Kostas deu-nos a conhecer o magnata grego e a sua ligação ao Olympiacos.

O rosto do proprietário do clube grego @Getty /

«É muito poderoso financeiramente. Há uma grande sensação, por parte do público do Olympiacos, que ele não se interessa mais pelos gregos. Tem outras 'namoradas desportivas' (risos), que tiram a sua concentração do que tem de fazer no Olympiacos. Ele está em Nottingham, adora o Rio Ave… Construiu um império e tem muitos mares para controlar. Muita gente acredita que, se calhar, ele está num período pré-deixar o barco. Não sei se isto acontecerá, claro. Ele é o presidente do Olympiacos há 12/13 anos, mais ou menos. Foram muitos títulos, muito sucesso, grandes exibições na Europa. Tem uma herança muito grande. Ele é muito apaixonado pelo futebol e pelo Olympiacos, mas não sabemos o que o futuro nos reserva», admitiu.

No meio da penumbra e de recentes conflitos, o futebol grego tem sido, ainda assim, um viveiro para os jogadores portugueses. É um casamento que, mesmo sem grande explicação, tem dado certo e os exemplos são concretos: «Os portugueses jogaram quase sempre bem na Grécia. Se é algo do carácter, da mentalidade, não sei. Por exemplo, o David Carmo chegou agora do FC Porto e, mesmo só com algumas exibições, já começou a ser considerado como o próximo líder da defesa. O André Horta e o Chiquinho já tinham feito jogos muito bons, os comentários são muito positivos. Há enormes expectativas para o Jovane Cabral. Os adeptos do Olympiacos adoram, amam há anos, o Daniel Podence. Portanto, o futebol português está muito bem referenciado, tem um peso muito elevado.»

Cabo Verde
Jovane Cabral
NomeJovane Eduardo Borges Cabral
Nascimento/Idade1998-06-14(25 anos)
Nacionalidade
Cabo Verde
Cabo Verde
Dupla Nacionalidade
Portugal
Portugal
PosiçãoAvançado (2.º avançado) / Avançado (Extremo Esquerdo)

Fotografias(50)

Pré-Época: Genk x Sporting

Comentários

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motivo:
AL
Jovane Cabral
2024-04-19 04h25m por Alvibranco
Há expectativas por ele? pobres iludidos :DDDD

Podence sim, está em boa forma há anos, merecia ir à Seleção no lugar do Dany Mota ou Francisco Conceição, ou até Jota Silva. Tem mais carreira que os 3 juntos e provas dadas. Mas pronto, o Jota também já merecia. . .

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