Quem visse o jogo ficava com dúvidas sobre quem era de Primeira e quem era de Segunda. Numa exibição de gala, o Mafra aproveitou um jogo paupérrimo do primodivisionário Moreirense, «fez-se» de primeira e venceu por 3x1, carimbando a passagem aos quartos de final da Taça de Portugal. Só não se chama ao Mafra de «tomba gigante», porque o Moreirense de gigante não teve nada.
Os oitavos de final da Taça de Portugal continuam em andamento e o primeiro jogo desta quinta-feira opunha o Mafra, da Segunda Liga, e o Moreirense, da Primeira. Do lado da casa, Ricardo Sousa apresentou apenas duas alterações em relação ao último jogo, com as entradas de Renan e Bruno Silva, enquanto Lito Vidigal promoveu as entradas nos onzes de Pasinato, de volta à baliza, Artur Jorge, Sori Mané, Gonçalo Franco e Yan Matheus.
A defrontar uma equipa de um escalão acima, Ricardo Sousa apresentou uma equipa do Mafra com o habitual sistema de três centrais, mas apostou numa maior mobilidade da frente de ataque, com Rodrigo Martins a servir como segundo avançado - variando entre a esquerda e o meio - e com Andrezinho a dividir o seu tempo entre a posição de médio ofensivo e de extremo direito. Os seus dois alas, Tomás Domingos e Gui Ferreira, também baixavam mais que o habitual, criando uma linha de cinco a defender.
O arranque da partida tornou fácil a leitura das dinâmicas das duas equipas. O Mafra entrou a pressionar alto, dificultando a saída de bola do Moreirense, e a querer assumir o controlo da posse de bola, algo com a qual Lito Vidigal não apareceu importar-se propriamente, baixando as suas linhas e apresentando um bloco baixo, em busca de ferir a formação mafrense através da velocidade dos seus alas na transição e com Rafael Martins a servir de pivot ofensivo.
Esperava-se que o Moreirense assumisse mais o jogo, estando a ganhar e com mais um, mas nada disso. Ricardo Sousa mexeu um pouco no esquema tático - Pedro Barcelos mais colado à linha e Rodrigo Martins a apoiar para compensar a ausência de Gui Ferreira - e a equipa não perdeu nada das suas dinâmicas, mostrando ser quem estava mais confortável, mesmo em inferioridade numérica. O Moreirense acabou por ser vítima da sua passividade, com o árbitro André Narciso (que mostrou ter um critério muito fechado) a assinalar uma grande penalidade ao minuto 40. Bura não facilitou, enganou Pasinato e fez o 1x1.
Claramente inferior ao Mafra na 1ª parte, Lito Vidigal tentou trazer mais poder ofensivo para a sua equipa e colocou em campo André Luís no arranque da 2ª parte, mas o treinador do Moreirense acabou por cometer uma má decisão, uma vez que retirou Gonçalo Franco e isso abriu mais espaço no meio campo para o Mafra. Ora, com mais espaço, Aparício e Bruno Silva tiveram ainda mais bola, assim como Rodrigo Martins e Andrezinho para fazer movimentos de rotura para o meio. Por isso mesmo, o Mafra continuou por cima e foi colecionando uma série de oportunidades, apresentando um futebol bastante atrativo.
Apesar das claras dificuldades defensivas, esse aglomerado de gente na frente de ataque também trouxe alguns benefícios para o Moreirense, que fez das bolas paradas um autêntico perigo e obrigou a um grande sacrifício da parte dos centrais do Mafra. Não obstante, a verdade é que se conseguiu contar pelos dedos de uma mão a quantidade de remates feitos pelos cónegos em todo o tempo regulamentar, sendo que o golo de Yan Matheus foi o único a acertar na baliza.
Mesmo com um a menos, o golo do Mafra parecia inevitável e a dez minutos do fim do tempo regulamentar acabou por chegar mesmo. Jogada de bola parada e Bura assistiu Pedro Barcelos para o golo que levou a uma explosão de alegria em Mafra, mas os comandados de Ricardo Sousa não se ficaram por aqui e apenas cinco minutos depois foi a vez de Andrezinho tirar um coelho da cartola e numa grande jogada individual dar a «machadada» final no primodivisionário Moreirense que mais pareceu de segunda neste jogo. O Mafra fez-se de primeira e avança para os quartos de final da Taça de Portugal.
Excelente exibição da parte do Mafra, com 11 e ainda melhor com dez. Ricardo Sousa colocou os seus jogadores super confortáveis com bola e a aproveitar tudo o que o Moreirense e Lito Vidigal foram dando. Exibição de gala e vitória merecida
Exibição terrível do Moreirense. Contra uma equipa do segundo escalão, esperava-se outro nível, mas Lito Vidigal voltou a apostar num bloco baixo e nem com mais um em campo se conseguiu superiorizar. Além disso, as substituições foram todas a retirar mais à sua equipa do que a dar.