22 de fevereiro de 2023. Um novo marco na história do futebol feminino português. Portugal está no Campeonato do Mundo, pela primeira vez na sua história. Jogo a jogo, play-off a play-off, a equipa liderada por Francisco Neto ultrapassou todas as batalhas e assegurou um dos últimos passaportes para a fase final da maior prova de seleções do Mundo, ao vencer os Camarões (2-1), em Waikato, no outro do mundo.
PARA A HISTÓRIA!!! 🌍 Portugal está no Mundial pela primeira vez! ORGULHO, NAVEGADORAS! #VesteABandeira pic.twitter.com/lBQRFNOM9h
— Portugal (@selecaoportugal) February 22, 2023
Uma vitória da Ana Borges, da Carole Costa, da Dolores Silva, da Jéssica Silva, da Kika Nazareth, e de todas as restantes 20 convocadas para este play-off intercontinental, mas também da Carla Couto, da Cláudia Neto, da Paula Cristina, da Edite Fernandes, da Alfredina Silva e todas as jogadoras que em 24 de outubro de 1981 representaram Portugal num jogo oficial pela primeira vez.
Uma vitória de treinadores, diretores e coordenadores que contribuíram para a evolução do feminino até ao ponto que hoje conhecemos. Uma vitória de clubes, desde o atual campeão Benfica ao campeoníssimo 1.º Dezembro, e da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que apostou forte no modalidade nos últimos anos e que permitiu à Seleção Nacional lutar por presenças em Europeus e, agora, no Mundial.
Quem viu o futebol feminino em Portugal há 10 anos e quem o vê agora está certamente orgulhoso, pela qualificação, mas também pelo exemplo, dedicação, trabalho e paixão destas jogadoras. Aponte na sua agenda de julho: Portugal vai jogar o Campeonato do Mundo!
O dia estava ainda a começar em Portugal, na Nova Zelândia já ia longo, quando a seleção portuguesa entrou no estádio Waikato, em Hamilton, para o «jogo mais importante da nossa história».
Caras cerradas, um ou outro sorriso mais tímido, sinal do foco perante o momento. Portugal entrou forte e ameaçou pela primeira vez o golo logo aos três minutos, altura em que Kika Nazareth desviou de cabeça para o poste. Foi assim o primeiro aviso.
Após o golo, a equipa portuguesa levantou o pé do acelerador e permitiu que o adversário tivesse algum protagonismo no jogo, ainda assim a baliza à guarda de Patrícia Morais nunca esteve realmente em perigo.
A emoção à flor da pele. O Olimpo ali tão perto e a certeza de que o 1-0 chegava, mas não era suficiente para estarem tranquilas no jogo. O relógio era o melhor amigo de Portugal.
O domínio continuou do lado português nos primeiros minutos do segundo tempo, com várias oportunidades para fazer balançar de novo as redes da baliza da novíssima Catherine Biya, de 16 anos, no entanto faltou sempre uma melhor de definição no último terço.
Diana Silva atirou por cima, Andreia Norton agitou a barra e Kika obrigou a defesa apertada. Camarões subiu linhas, Portugal reforçou o seu meio-campo e... aguenta coração. Michaela Abam viu um golo ser-lhe anulado por posição irregular (por centímetros!), aos 84 minutos, e Ajara Nchout, a mais inconformada do lado camaronês, restabeleceu a igualdade a um minuto dos 90.Ufffff! Até ao fim. Em tempo de descontos, Estelle Johnson desviou o remate de Andreia Jacinto com o braço e a árbitra foi chamada pela vídeo-árbitra (VAR) para ver as imagens. Sem dúvidas, apontou para os onze metros, onde Carole Costa apontou o golo mais importante da história do nosso país.
Portugal está no Campeonato do Mundo e, no final das contas, é isto que mais importa. Histórico!
Desde muito cedo percebeu-se que a Seleção portuguesa tinha qualidade suficiente para levar de vencida os Camarões. Num jogo a eliminar, esse dado nem sempre é suficiente, mas Portugal mostrou que merece a presença no Mundial
Portugal criou várias oportunidades, mas pecou um pouco na definição no último terço, algo que impediu que a equipa de Francisco Neto conseguisse a tranquilidade desejada. Assim foi preciso sofrer até ao fim.