Quantas vezes ouvimos a expressão «Foi um jogo com duas partes distintas»?
Pois bem, caro leitor, estando nós longe de querer utilizar chavões do mundo do futebol, a verdade é que esta velha máxima é perfeita para descrever o que se passou no jogo entre Portugal e a Áustria, a contar para a terceira jornada da Liga das Nações.
Numa partida em que cada uma das seleções foi melhor em uma das partes, a formação austríaca conseguiu superiorizar-se ao conjunto orientado por Francisco Neto e venceu por 2-1.
Vamos por partes (literalmente). As palavras são escassas para descrever o que o conjunto luso fez nos primeiros 45 minutos.
Montado no habitual 4-4-2 losango, Portugal teve uma grande ocasião de golo logo no primeiro minuto, altura em que Jéssica Silva, lançada na profundidade por Kika Nazareth. não conseguiu desfeitear a guarda-redes adversária. Estava assim dado o mote para uma primeira parte de luxo das comandadas de Francisco Neto.
Particularmente inspirada no momento da reação à perda de bola, a seleção nacional raramente permitiu que a congênere austríaca saísse com perigo para o ataque. Fátima Pinto foi a face mais visível deste bom nível no momento da recuperação de bola, sendo que Diana Silva esteve também muito ativa a partir do lado direito do ataque.
Assim, até ao apito para o descanso, a equipa das Quinas somou mais uma mão cheia de oportunidades claras de golo, com especial destaque para o remate cruazado de Kika Nazareth (após um excelente trabalho individual) e para a tentativa de Tatiana Pinto, que, já dentro da área, atirou muito por cima.
Assim, foi com um sabor amargo que o descanso chegou com a igualdade a zeros no marcador.
A reação da Áustria era expectável- a equipa de Irene Fuhrmann vale muito mais do que mostrou na primeira parte-, mas a verdade é que Portugal também caiu bastante na etapa complementar.
A primeira grande ameaça surgiu aos 57', quando Laura Feiersinger atirou ao lado já no interior da área, sendo que, três minutos, Barbara Dunst obrigou Patrícia Morais a uma defesa de grande nível após um remate colocado. A equipa de Francisco Neto ia aguentando como podia; no entanto, ninguém estava preparado para o que aconteceu aos 63 minutos.
Num lance aparentemente controlado pela defesa portuguesa, Ana Seiça tentou aliviar o esférico no interior da área, mas rematou contra Catarina Amado e o esférico alojou-se no fundo das redes lusas. De forma natural, a jogada afetou o conjunto português, que sofreu o segundo tento pouco depois, à entrada para os 20 minutos finais.
Após uma perda de bola de Fátima na primeira fase de construção, a Áustria saiu bem para o contra-ataque e Barbara Dunst, com um forte remate de fora da área, dobrou a vantagem da sua equipa.
A primeira parte, só por si, já serviria para mostrar que Portugal foi bastante prejudicado pela falta de eficácia que apresentou no encontro. Ainda assim, até ao apito final, registou-se um remate à barra de Ana Capeta (seria um golo que faria furor nas redes sociais) e uma tentativa de Tatiana Pinto que saiu ao lado.
No entanto, a médio do Brighton teve uma pequena redenção pouco depois e, de cabeça, fez o tento de honra- ainda que insuficiente- de Portugal.
Com este resultado, a equipa de Francisco Neto cai para o terceiro lugar do grupo 2 da Liga das Nações. Portugal volta a jogar na terça-feira, novamente contra a Áustria, na Póvoa de Varzim.
O espírito combativo e a entrega das jogadores portuguesas na primeira parte foi digna de registo. Através de uma pressão asfixiante, Portugal raramente permitiu que a Áustria saísse com perigo para o ataque, recuperando a bola pouco depois de a ter perdido.
A ocasião desperdiçada por Jéssica Silva logo a abrir acabou por ser um mau presságio para o que viria a acontecer na primeira parte. Portugal teve muitas ocasiões para abrir o ativo, mas foi fortemente penalizado por não o ter conseguido fazer. Um duro golpe, mas, a este nível, o desperdício não pode ser tão grande.