Entrevista a Diogo Salomão
Diogo Salomão: «Se voltar a representar o Sporting, para mim será muito bom»
É o pingue-pongue um dos seus gostos quando não está com a bola no pé. É também numa espécie de pingue-pongue que a sua carreira se vai desenrolando, entre Sporting e Deportivo, onde está atualmente, por empréstimo dos leões. Gosta de ambas as realidades e gosta, sobretudo, de jogar, que é o que voltou a fazer depois de suprir a grave lesão que sofreu.
Sou o reforço de inverno, podemos dizer assim
Diogo Salomão, entre sorrisos
Foram mais de nove meses a ver de fora, depois daquele fatídico jogo contra o Hércules (3x2), em março do ano passado, até ao regresso aos relvados, em dezembro (4x1). Um calvário, ou, como diz o próprio jogador: «É um autêntico inferno, não há outra palavra para descrever o que passei, pois nunca estive tanto tempo sem jogar à bola, que é aquilo que mais gosto de fazer. Recebi muito ânimo por parte da minha família, mas foi um momento muito complicado».
Foi desse modo que começou a entrevista com o zerozero.pt, embora desde logo mudando o foco para a parte positiva: «Já ultrapassei o pior e já estou bem mais contente por estar novamente ativo», destacou, antes de colocar sorrisos na condição de «reforço de inverno» que o próprio admitiu ser para o Depor.
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52 Jogos 2461 Minutosver mais » | Diogo Salomão Sporting Total
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27 Jogos 1289 Minutosver mais » Quando teve o infortúnio da lesão, o clube estava no segundo escalão a lutar por uma subida que seria alcançada. Mesmo de fora, mesmo estando por empréstimo, foi de forma entusiástica que o Deportivo o quis manter por mais uma temporada, sinal claro de que Salomão tem uma excelente reputação na Corunha.
«As expectativas em relação a mim são elevadas, pois os adeptos já me conhecem dos anos anteriores. Estou contente pelo que realizei até agora e é bom para mim ver que isso é reconhecido», disse, sabendo que o atual 16.º lugar será bom caso seja a posição em maio, algo que não aconteceu em 2012/2013, quando também representou o clube na primeira divisão espanhola.
No passado verão apresentou-se ao trabalho em Alvalade ©Carlos Alberto Costa
«Temos mais do que condições para nos mantermos. Há dois anos descemos por um jogo na última jornada em que a Real Sociedad também precisava de pontuar para ir à Liga dos Campeões. Depender de um jogo para te manteres e falhares esse jogo é das piores coisas do futebol. Não queremos passar por isso outra vez, até porque a manutenção é muito importante para a vida deste clube», frisou.
No global, há uma satisfação por estar onde está, embora nunca com esquecimento de onde vem: «Aqui sinto-me bem. Não é o sítio onde estou mesmo bem, pois também gosto de estar em Portugal. Há coisas positivas e negativas».
Sporting lembrado
Mesmo com o foco no Deportivo, o extremo continua com ligação contratual ao Sporting (até 2019, com cláusula de 45 milhões), clube onde teve forte impacto inicial, por vir de dois escalões abaixo.
Não me quero estagnar a uma atividade que teremos durante determinado tempo, mas que acaba repentinamente, o que depois é um choque para alguns
«Tive a minha primeira época no Sporting em 2010. Foi bastante produtiva, pois vinha de um clube [Real Massamá] da II Divisão e não esperava conseguir assim tanto. Tive oportunidade de participar em alguns jogos, também como titular. No final da época, a decisão foi ser emprestado. Na época passada, os primeiros seis meses não foram os esperados por mim e voltei aqui à Corunha, que é o sítio onde tenho tido mais oportunidades», contou, nesta entrevista ao zerozero.pt.
Ainda que com poucos jogos, desde a primeira época, de leão ao peito, na cabeça de Salomão não há espaço para qualquer tipo de amargura em relação ao clube. Palavra do próprio.
«Só tenho bem a dizer do Sporting, foi o clube que me deu a mão a nível profissional, porque foi o clube que me lançou e apoiou-me muito. Se voltar a representar o Sporting, para mim será muito bom», considerou.
Uma visão mais à frente
Diogo Salomão sempre pareceu, nesta conversa com o nosso jornal, um conhecedor das palavras e, mais do que isso, um muito consciente gestor daquilo que o rodeia. Isso foi percecionado quando o foco fugiu das quatro linhas.
Fez quatro jogos com Jardim na primeira metade da época passada ©Catarina Morais
«Sou uma pessoa extremamente tranquila, gosto de ter o meu espaço, de passear. Gosto também muito de praticar outras atividades quando não estou no futebol, como snooker, pingue-pongue», referiu, ele que, nos seus curtos 26 anos, tenta já olhar para lá do imediato.
«Procuro ter sempre outras ocupações, não estar sempre refém do futebol. Acho que a vida não é só futebol e, por vezes, temos a tendência de ficarmos demasiado focados, esquecendo-nos de que há outra vida para além disso. Não me quero estagnar a uma atividade que teremos durante determinado tempo, mas que acaba repentinamente, o que depois é um choque para alguns», acrescentou.
Por isso, a terminar, uma confissão exemplar de que não está agarrado ao presente, ao contrário do que é habitual nos jogadores de futebol: «Há que ter já o foco no futuro. Por exemplo, já tentei aqui meter-me num curso de treinadores, para abrir portas para o futuro. Só não consegui por questões burocráticas».