Dier deixa rasgados elogios à cultura de Alcochete: «Quem faltasse à escola, não jogava no fim de semana»

Eric Dier está atualmente vinculado ao Bayern Munique, mas a sua passagem no Sporting, onde esteve desde os oito aos 20 anos, deixou grandes marcas no defesa central inglês. Em entrevista ao podcast Overlap, conduzido por Gary Neville, o internacional inglês comparou os sistemas de formação dos dois países que melhor conhece: Portugal e Inglaterra. 

Numa conversa onde abordou vários temas, destacou a formação que vivenciou no Sporting e que, na sua opinião, devia ser aplicada ao panorama inglês. Questionado sobre o suporte que os jovens jogadores ingleses têm nos clubes, Dier relembrou que, em Portugal, cresceu num meio onde lhe foram transmitidos valores humanos, o que considera que às vezes falta nos jogadores ingleses mais jovens. 

«Tive muita sorte por ter crescido no Sporting, onde eles foram incríveis a cuidar de nós como seres humanos desde os oito anos de idade. A forma como nos disciplinaram, a forma como nos ensinaram tudo, os princípios que nos incutiram, só para nos comportarmos e para sermos boas pessoas, eram tão fortes... E o clube está, obviamente, numa posição de poder, porque sendo um dos grandes em Portugal, todas as crianças querem jogar lá, e é por isso que eles podem fazer isso», começou por dizer, comparando com o sistema inglês. 

«Os jogadores não podem atirar os seus brinquedos para fora e ir embora»

«Em Inglaterra, há o problema de ter 20 clubes da Premier League que podem pagar a esses jovens jogadores quantias absurdas de dinheiro e, se o jogador não gosta da maneira como o clube faz alguma coisa com ele, muda-se para o Chelsea ou Liverpool, e acho que isso é um grande problema na formação jovem de Inglaterra.

Acho que é preciso encontrar uma maneira de dar aos clubes mais poder sobre os jovens jogadores, onde eles não possam simplesmente atirar os seus brinquedos para fora do carrinho e ir embora. Eles não recebem a educação certa sobre como agir quando são jovens. E no Tottenham isso costumava mexer comigo. Quando os mais jovens vinham treinar connosco, eles nem sequer conseguiam apertar-te a mão e simplesmente olhar-te nos seus olhos e dizer bom dia, sabes?», acrescentou, revelando algumas das regras que tinha em Alcochete. 

«E eu lembro-me que no Sporting, quando era criança, tinha de apertar a mão a toda a gente, porque eu morava na Academia. Se não fizesse a minha cama, não podia sair ao fim de semana. Não importava se vinha a minha mãe ou o meu pai. E é um hábito que mantive a vida toda... E tínhamos sempre essas pequenas coisas. Quem faltasse à escola, não jogava no fim de semana. Não importava se era o Benfica ou qual quer outro adversário. Para mim, com jogadores jovens, as bases têm de ser sólidas», finalizou o internacional inglês que está vinculado ao Bayern por mais uma temporada, até 2025.