José Couceiro assume que existe a hipótese de insolvência em Alvalade, apesar de se mostrar crente no que diz respeito ao clube e à sua grandeza: «Há um cenário que não vai acontecer: o Sporting não acaba».
«Não sei, se levantar alguma pedra, se não vai haver alguma surpresa. Já disse que é uma questão de sobrevivência. Tem de haver reestruturação e isso é obrigatório. O Sporting tem de ter uma política financeira muito rigorosa e equaciono todos os cenários. Mas há um cenário que não vai acontecer: o Sporting não acaba», assumiu o candidato à presidência do clube, numa entrevista concedida à Bola TV.
José Couceiro diz que atualmente «o Sporting precisa de fazer um aumento de capital, não para investimento mas para questões de tesouraria, que é muito mais grave» e assume a gravidade do cenário.
«Quando digo que todas as possibilidades estão em cima da mesa é porque estão. A insolvência está em cima da mesa! Os sócios é que são soberanos para decidir em assembleia», atirou, salientando no entanto que o clube tem que ser «salvaguardado».
Já no que diz respeito à SAD sportinguista, as coisas podem não ser tão lineares, dez o candidato.
«O que disse desde o início é que não tenho problemas em perder a maioria do capital da SAD, desde que haja salvaguarda em relação ao Sporting Clube de Portugal. E que haja por exemplo possibilidades de recompra. O que é que é mais importante: salvar o Sporting ou fazer demagogia?»
Partir em desvantagem para os rivais
Apesar de assumir contenção no orçamento, José Couceiro diz que a formação de um plantel competitivo não está hipotecada.
«É possível construir uma equipa mas partimos em grande desvantagem em relação aos rivais. E não podemos copiar ou replicar modelos, o Sporting tem identidade e ADN próprios. Ouço falar na questão do Barcelona, que consegue manter jogadores de top toda a carreira no clube. É diferente da situação do Sporting, em que jogadores de primeiro plano chegam aos 23 ou 24 anos e não temos hipóteses de os manter», comparou.
O candidato da lista C mostra, no entanto, que há soluções e alternativas: «Temos que saber que há uma segunda linha de jogadores de bom nível, que representam o que é o Sporting e que dão essa estabilidade nos momentos negativos e de frustração, que são os que temos de superar. Em 2011, naquele grupo havia jogadores que sabiam o que era ser Sporting, neste grupo há menos, são mais miúdos. O Tiago tinha carreira no Sporting, era o suplente de Rui Patrício mas era fundamental para a estabilidade dele e de outros. O Carriço era capitão de equipa desde miúdo, não é o melhor central do mundo mas era importante para isso. André Santos já tinha maior maturidade e tinha ido à seleção A, e o que é que o Sporting fez? Foi afastando tudo. Foi a célebre frase do cheque e da vassoura para limpar. Às vezes isso dá certo, tem-se muito dinheiro e contratamos muitos jogadores e consegue-se fazer uma equipa, mas normalmente não conseguimos fazer isso», apontou.
Critica Luís Filipe Vieira
Na mira do candidato à liderança do clube de Alvalade esteve ainda o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que falou recentemente sobre um eventual perdão da dívida do clube por parte da banca, considerando as declarações do benfiquista «desproporcionadas».
«As pessoas têm de perceber que este é um mercado específico, em que ninguém consegue ter o monopólio, ninguém consegue ter o controlo do mercado por completo, porque senão não há jogo, não há competição. Se virmos as declarações dos comentadores próximos do nosso rival de Lisboa e do Porto, são todas claramente contra a minha candidatura. É um grande elogio, significa que não nos querem ver no Sporting porque pretendem essa bipolarização. Para mim é grande elogio», atirou, sugerindo que FC Porto e Benfica estão preocupados com a candidatura que encabeça.