Cadete e o dérbi: «1x2 para o Sporting, a equipa que melhor futebol pratica»

Passou pelos dois lados «da barricada» mas 12 anos são 12 anos e claro, as recordações verdes e brancas sobrepõem-se às encarnadas. Por isso, e por ser assumidamente sportinguista, em entrevista ao zerozero.pt, Jorge Cadete antecipa uma vitória por 1x2 para o Sporting, este sábado, no dérbi, e elege Capel e Wolfswinkel como os melhores reforços dos leões.

«Acima de tudo, como sportinguista», o que Jorge Cadete espera é que «o Sporting vença».

Palavras para quê, o ex-avançado e actual treinador do Algueirão, da AF Lisboa, e que alimenta o sonho de chegar ao primeiro escalão do futebol português, nunca negou a cor do seu coração e aposta num «1x2» para os leões. Ainda assim, «como adepto de futebol» deseja «um jogo bem discutido, com ocasiões de golo e sem casos. Se todos ajudarem com certeza será um bom espectáculo», projecta.

Além do triunfo e de, obviamente, uma vitória contra o rival da cidade e do título valer bem mais do que os simples e habituais três pontos, Cadete lembra que «o Sporting, ganhando, seguramente vai exercer uma pressão extra sobre o FC Porto no sentido de ter que ganhar senão perde o primeiro lugar».

Ora isto pode funcionar a favor ou contra mas a fé leonina se baseia nestas premonições, lá isso, Cadete assume que sim: «Normalmente é um pequeno obstáculo para as equipas que jogam depois. Neste caso, perdendo a primeira posição, pode haver uma pressão extra».

Um golo para cada lado

Foram mais de dez anos com a camisola do Sporting e com a missão de marcar golos mas ao Benfica, Cadete marcou apenas um, não evitando a pesada derrota por 3x6 em pleno Alvalade. «Lembro-me perfeitamente, foi um jogo com o estádio completamente cheio, nós vínhamos de um empate com o União da Madeira, o Benfica, salvo erro, tinha empatado ou perdido com o Estrela da Amadora e a diferença era de um ponto, a mesma que existe neste momento», recordou.

Cadete marcou logo no início, colocando o Sporting na frente do marcador mas por pouco tempo. «O Benfica reagiu bem e fez o 2x1. Depois foi o que se viu», lamenta, referindo-se a «facilidades defensivas» que deram três golos, «um pouco consentidos», apesar de não querer tirar-lhes «o mérito, foram três excelentes golos».

Um tento só é o que também Cadete recorda dos seus tempos no Benfica contra o Sporting. A 3 de Janeiro de 1999, perante 45 mil pessoas, os leões voltaram a perder, desta feita por 1x2. Nessa altura, já Jorge Cadete alinhava de vermelho e o golo, que acabou por ser atribuído a Beto (própria baliza), continua a ser reivindicado pelo nosso entrevistado: «Tenho plena consciência que fui eu quem marcou. É um golo que não me diz mais nem menos que os outros tantos que marquei às outras equipas. No relatório do árbitro o golo é meu, as imagens por detrás da baliza mostram que fui eu que toquei na bola. Mas isso para mim foi indiferente, apesar de o meu clube do coração ser o Sporting, nunca o escondi, defendi sempre a camisola dos clubes que representei».

«Sporting pratica o melhor futebol»

Cadete concorda com as análise que dizem que o Sporting é actualmente a equipa que melhor futebol pratica em Portugal. Diz o melhor marcador português em 1992/93 que o ponto de viragem foi o jogo com o Paços de Ferreira, que os leões estiveram a perder por 2x0 e ganharam 3x2. «O Sporting como equipa mobilizou-se, ganhou mais motivação e a nível individual houve uma reviravolta em termos de ambição, de confiança. Prova disso são as 12 vitórias em 13 jogos», exemplifica, comprovando as suas palavras.

Por isso, «Capel e Wolfswinkel» merecem-lhe elogios, apesar de lamentar o facto de hoje «praticamente só o nome do clube e dos seus treinadores é que é português», referindo-se não só ao Sporting, mas também ao Benfica e ao FC Porto.

Selecção: importa é a qualificação

Ex-internacional português, Cadete não critica o facto de a selecção ter garantido o apuramento para o Euro 2012 no play-off. «O mais importante de tudo é que Portugal esteja presente na fase final. A forma como lá chega é secundário. Não adianta um país jogar muito bem na fase de qualificação se não conseguir chegar ao play-off. É preferível apurar-se, se não for na fase-de-grupos, que seja no play-off, o mais importante é apurar-se para a fase final», atirou, lembrando, optimista, que «a partir do momento em que uma equipa chega à fase final tudo é possível».