A segunda da história, mas esta mais especial

Um dérbi basco adiado no tempo pela pandemia, que tanto foi adiando nas vidas de todos nós. Em Espanha, a final da Copa del Rey 2019/20 era aguardada com ansiedade e expectativa, não só por ser a primeira vez que Real Sociedad e Athletic disputavam esta final, mas também porque inicialmente desejava-se uma final com adeptos dos dois clubes. Não foi isso que aconteceu e foi à distância que os adeptos da Real Sociedad festejaram a segunda Taça do Rei da sua história e os adeptos do Athletic, a duas semanas de disputar outra final para o mesmo troféu, lamentaram a derrota diante dos seus rivais de sempre.

Podíamos dizer que o simbolismo da final justificava o tempo de espera, mas pelo que se assistiu em campo acabaríamos por estar a mentir. Tanta espera acabou defraudada num jogo sem qualidade, com poucos lances de perigo, pouca emoção e decidido num pormenor. Esta foi a primeira final basca na Copa del Rey, mas foi também a primeira final da Copa del Rey a terminar com apenas um golo, nos 90 minutos, de penálti. Um lance que mostra o pouco que se jogou em Sevilla, onde se disputou esta final.

Oyarzabal foi o herói da final ©Getty / Fran

Longe de casa, Athetic e Real Sociedad procuraram trazer as suas filosofias para o relvado, mas a chuva intensa terá pesado no jogo das duas equipas. O conjunto de Alguacil não estava a conseguir ligar os centrais com os médios e com isso não chegava a zonas de ataque, enquanto o Athletic teve sempre dificuldades para criar perigo, mas foi conseguindo pressionar bem as zonas de influência da Real Sociedad, que só pelo flanco direito foi criando algumas ameaças fáceis de controlar por parte de Unai Simón e dos defesas da formação de Bilbao.

Sem surpresa, a primeira parte acabou sem golos e a segunda deu a sensação que poderia ter o mesmo destino, apesar de haver mais Real Sociedad do que até então. Oyarzabal começou a aparecer mais no jogo e os homens de Marcelino Toral foram obrigados a distribuir atenções, acabando por deixar fugir o jogo numa desconcentração que deitou tudo a perder. Iñigo Martínez travou Portu e fez penálti (o VAR tirou-lhe o vermelho que o árbitro havia mostrado). O lance decidiu a final.

Na hora da decisão, o capitão da Real Sociedad não tremeu perante o novo dono das redes do Athletic e abriu o marcador que não viria a ter qualquer alteração. O Athletic nunca teve argumentos para conseguir chegar ao empate e a Real não procurou o segundo porque não precisou. No final, Muniain, num sinal de respeito, ficou a ver os homens da Real Sociedad levantar a taça, talvez desejando que a final com o Barcelona tenha um desfecho diferente, mas para tal acontecer muita coisa tem de mudar.