* com ogol.com.br
Chegou ao fim a vitoriosa trajetória de Formiga, uma das maiores jogadoras da história do futebol feminino, com a camisola da seleção brasileira. Na noite desta quinta-feira, após goleada sobre a Índia (6x1), em Torneio Amigável, Miraildes Maciel Mota, aos 43 anos, deixou de ser um ativo para se tornar uma entidade histórica da seleção canarinha.
Após conviver com a exclusão e o preconceito, Formiga é sinónimo de coragem e perseverança na busca por um sonho. Sem grande apoio num ambiente hostil, a meio-campista não entregou os pontos e batalhou para se tornar uma lenda da modalidade.
Do nascimento e vivência nas ruas do bairro Periperi, na Bahia, à primeira convocatória para seleção do país foram 17 anos. A primeira aparição notável aconteceu já num Mundial, em 1995, na Suécia, na segunda edição da história do torneio.
Na ocasião, a meio-campista e as suas companheiras, sofrendo pela ausência de apoio e investimento à modalidade no país, utilizaram as camisas emprestadas da conquista do tetra de Romário, de Bebeto e companhia. Em campo, o Brasil foi valente, mas não conseguiu fazer frente a outras seleções, deixando a competição ainda na fase de grupos.A chegada na seleção foi definitiva. De 95 para cá, Formiga participou de todas as edições da Copa do Mundo, totalizando sete participações. Nas mais marcantes, a médio foi peça importante no vice-campeonato de 2007 e no terceiro lugar de 1999. A presença nos sete mundiais deu à Formiga o recorde de atleta, entre homens e mulheres, com o maior número de participações na história do torneio.
Além dos recordes e campanhas históricas, a longa passagem de Formiga pela seleção também se notabiliza pelas conquistas. Entre as mais importantes está um bicampeonato da Copa América (2014 e 2018) e as três medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos (2003, 2007 e 2015)
Durante a disputa do Torneio Internacional de Manaus, em 2016, no auge dos seus 38 anos, Formiga deu sinais de desgaste e ensaiou uma despedida da seleção brasileira, mas desistiu da reforma para representar o Brasil na Copa América dois anos depois. Mas agora ela garante que é para valer!
No futebol de clubes, Formiga ainda tem páginas para escrever. Nos próximos dias, decide o título paulista representando o São Paulo, clube que abriu as portas para o início do seu sonho, que, com muita luta e perseverança, se tornou realidade.
«Dizer adeus não é fácil, né? Eu não me acostumo com essas coisas. Mas agradeço a todos pelo carinho, a todos que se empenharam bastante para que isso hoje acontecesse. Eu acho que quem ganha com tudo isso é o futebol feminino, por ter vocês aqui hoje prestigiando a nossa Seleção, e que continue dessa forma.
Mesmo eu não estando mais dentro das quatro linhas, com certeza eu vou continuar, viu, Marta? Vou continuar contribuindo porque eu sei que muitas dessas garotas aqui têm um sonho, assim como você teve e conquistou. É nosso dever continuar a dar essa oportunidade para que todas elas possam sonhar, ter o direito e o privilégio de jogar na melhor estrutura. Obrigada por suas palavras, continua comandando essa garotada que tem potencial até dizer chega, assim como você. Obrigada, nossa Rainha!
Obrigada, minha mãe, por ter enfrentado o medo de entrar num avião. Sou grata à senhora por tudo, a senhora deu-me a chance de estar aqui hoje, assim como a Dilma Mendes. Obrigada, meu amor, por estar sempre comigo em todos os momentos. Agradeço a todos que passaram pela minha vida, atletas e comissão, porque todos deixaram um aprendizado para mim. Obrigada, Brasil, obrigada, Manaus, vocês dão show. Obrigada, comissão, obrigada, Fabinho, você sempre me ajudando com treinos físicos toda vez que precisei.
Obrigada a todas vocês. Boa sorte no torneio e não esqueçam: comprometimento com o trabalho, sempre. O poder, agora, está na mão de vocês».