Esta quarta-feira ficou marcada pelo comunicado oficial da FPF, que terminou as provas não-profissionais sem apurar campeões, promovidos e despromovidos. No final ficou apenas uma certeza relativa ao Campeonato de Portugal: duas equipas vão subir à Segunda Liga.
Como? Ainda ninguém sabe. A situação mundial provocada pela pandemia do coronavírus trouxe incerteza ao desporto nacional e depois de a FPF ter terminado as temporadas o zerozero foi ouvir os representantes dos primeiros classificados de cada uma das séries do Campeonato de Portugal.
Vizela, Arouca, Praiense e Olhanense em discurso direto. Contactámos também um representante do Real SC, que divide o primeiro lugar da Série D com o Olhanense que nos comunicou o seguinte: «O Real SC só se pronunciará após clarificação da forma como serão atribuídas as subidas».
ZZ: Que impacto está a ter esta pandemia nos vários setores do clube?
Marco Monteiro: Ninguém estava à espera de uma pandemia destas a nível mundial. É óbvio que a nível de clube estamos totalmente parados, como todos os outros. Cada atleta está em casa, tem um plano de treino diário organizado pela equipa técnica e pelo preparador físico. Neste momento é o que temos feito desde 13 de março. Estamos a aguardar, este comunicado que saiu não é definitivo, de forma a tomar algumas medidas em relação ao grupo de trabalho. Os clubes que estão a lutar para subir têm de ter patrocinadores fortes e sabemos que os patrocinadores neste momento não têm capacidade nem para as suas empresas. Na estrutura financeira mensal, todos estes patrocínios que vão falhar agora, vão falhar porque estamos numa situação injusta e insustentável. Se a Federação faz um play-off, sabe-se lá quando, até junho ou julho? Não há grandes condições para se marcar uma data, seja lá para quando for. Nem sabemos como vai ser o dia de amanhã.
ZZ: A FPF anunciou o fim do Campeonato de Portugal, mas revelou que há duas equipas a subir. Como espera que isto se processe?
Marco Monteiro: Nós queríamos que nada disto tivesse acontecido e queríamos jogar as jornadas que faltavam. Visto que não é possível, infelizmente, o que entendemos é que nunca deve ser posta em causa a atuação do campeonato e a verdade desportiva. Em 25 jornadas, o Praiense praticamente esteve sempre em primeiro lugar e à 25.ª jornada estava a 11 pontos do 2.º classificado, esta é a realidade. É um objetivo desde o início, demos logo a cara e assumimos que queríamos subir à Segunda Liga. Tenho um grupo de trabalho e equipa técnica em quem confio, que estava a dia a dia a trabalhar com empenho, ambição e compromisso e surgindo esta situação não quero que seja posto em causa o trabalho e mérito deles. O que entendemos é que, uma vez que não é possível terminar o campeonato, que seja dado mérito a quem o teve. Estávamos a 11 pontos do segundo classificado e com o caminho certo para o nosso objetivo. Não o podendo jogar, entendemos que a Federação deveria chegar a um acordo com a Liga no sentido em que nenhuma das equipas que estava em primeiro lugar saia prejudicada.
ZZ: O que seria mais justo?
Marco Monteiro: Sempre discordei com o play-off, sempre defendi que havendo quatro séries deviam subir os quatro primeiros, infelizmente os quatro segundos são os primeiros dos últimos. Seja quem for, se ao fim de 34 jogos ficou em primeiro lugar, mereceu ficar em primeiro lugar e deveria subir diretamente. Temos o exemplo do Praiense na época passada, que fez uma época brilhante, passou a primeira fase do play-off e no último jogo nem S.Pedro ajudou. Eu acho que é uma oportunidade de rever este modelo, já que se está a mexer nele. Esta época, excecionalmente, se subirem duas ficam 18 na Segunda Liga, se subirem as quatro ficam 20, ou seja, passavam de 18 para 20 equipas e em vez de descerem duas, desciam três ou quatro. Penso que não é o fim do mundo. Entendo que aquelas equipas da Segunda Liga que andam sempre nas últimas jornadas num desce/não desce não queiram, mas vão ter mais jogos. Se for para subir as oito, com as duas primeiras equipas de cada série, se calhar a solução era criar duas séries na Segunda Liga e encontrar uma fórmula de acertar, havendo 24 equipas, duas séries de 12 equipas.
ZZ: Que impacto pode ter para o Praiense a continuidade no Campeonato de Portugal mais uma época?
Marco Monteiro: É muito mau. Não foi só o Praiense a investir, que estão lá por mérito próprio. Isto é muito grave e complicado. Na pior das hipóteses têm de subir pelo menos os primeiros quatro, acho que seria um mal menor, não deixando de pensar nas outras quatro equipas que estão em segundo lugar. Falando do Praiense, acho que era o mais justo e o mais sensato. Se isto ficar tudo anulado, vamos tomar uma posição. Muito honestamente terei de falar com a minha direção, a minha opinião é que se isto for tudo anulado devemos pôr em causa a presença do Praiense no Campeonato de Portugal para o ano.
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