O Manchester City goleou, na passada terça-feira, o Leipzig, na segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, por 7-0. Guardiola promoveu apenas duas alterações depois do empate a uma bola na primeira mão e é, frequentemente, «bombardeado» pelas opções que toma de jogo para jogo. Na mais recente conferência de imprensa, após a passagem à próxima ronda, o técnico espanhol deu uma verdadeira lição sobre o porquê de os jogadores não jogarem sempre.
Pep, unanimemente distinguido como um dos melhores, tem um conhecimento profundo do seu plantel. Muitos dos jogadores com quem trabalha diariamente no clube já são orientados pelo próprio há anos e melhor do que ninguém, mediante o adversário e a sua estratégia, saberá quem joga e quem não joga.
Um dos mais recentes exemplos é o de Riyad Mahrez. O argelino marcou o golo solitário dos citizens na Alemanha e foi, inclusive, distinguido como o melhor jogador do encontro. O que é que aconteceu depois? Jogou como suplente no jogo seguinte, foi titular num jogo 'acessível' para a Taça de Inglaterra e ficou a ver do banco mais dois jogos seguidos, antes de voltar a somar minutos, contra o Leipzig, na segunda mão.
«Por que é não joga o Riyad (Mahrez)? Por que não joga o Phil (Foden)? Por que não joga Laporte?», Guardiola não tem dúvidas sobre quem é que merece ser titular.
«Se ganho tenho razão. Se não ganho, não tenho. Não é assim que funciona. Tenho muita informação que os fãs não têm. Eu tenho experiência com os jogadores», começou por dizer o treinador.
«Há duas semanas atrás não estávamos prontos contra o Leipzig. Talvez não tenhamos jogado com o nível que costumamos jogar, mas jogar fora, na Champions, é diferente. A pressão e muitas outras coisas que temos que considerar», continuou a explicar Guardiola no que vai influenciando jogo após jogo.
«Tínhamos que abrandar o jogo. Não tínhamos o Kevin (De Bruyne). Não podíamos fazer transições rápidas. Com os outros (jogadores) necessitávamos de controlar o jogo. Não queria transições contra o Leipzig.»
De Bruyne esteve ausente no primeiro duelo e o técnico confiou apenas nos onze que lançou, não promovendo nenhuma substituição. Não procurou frescura ou mais velocidade oriunda do banco, apenas foi fiel a si próprio e às ideias que tinha para a partida, acreditando somente naqueles que estavam em campo. Não é uma situação recorrente, mas já não é a primeira vez que o mister não faz saltar ninguém para dentro das quatro linhas.
O antigo treinador de Bayern e Barcelona explicou também os papéis reajustados de Bernardo Silva e Grealish, fundamentais a jogar entre o central e o lateral. Destacou sobretudo o português, pela inteligência com que joga e pela capacidade de pressionar três homens com dois movimentos, «algo que mais ninguém consegue fazer no mundo», afirmou.
O futebol não é uma ciência exata e ter os melhores jogadores, hoje em dia, não significa ter o jogo ganho. Neste sentido, destacam-se os melhores treinadores, capazes de ler o adversário, de antecipá-lo e de ameaçar as suas fragilidades com as armas disponíveis. É assim que Guardiola vive o jogo, que o explica e que o potencia. Um verdadeiro mestre da tática!
Toda a gente devia ver isto. Os treinadores acompanham a equipa 24/7. Sabem mais que nós todos. Aceitem. pic.twitter.com/xToHQniISk
— Maria (@1790Maria) March 16, 2023
7-0 | ||
Erling Haaland 22' (g.p.) 24' 45' 53' 57' Ilkay Gundogan 49' Kevin De Bruyne 90' |