moumu 17-05-2024, 05:33
1928/29; 1930/31; 1943/44; 1956/57; 2022/2023. No dia 4 de junho do ano vigente, o Royal Antwerp entrou numa autêntica montanha russa futebolística e voltou a erguer o maior troféu da Bélgica.
O primeiro clube a ser fundado no país precisou, no entanto, de 66 anos (!) para repetir o feito. Mesmo com algumas oscilações pelo caminho, o canhão de Alderweireld - aos 90+4 - soltou a festa e as ruas da cidade de Antuérpia voltaram a ficar pintadas de vermelho e branco.
A conquista, ainda assim, não era de todo expectável, não só pela forma heróica como foi alcançada, como também pela competitividade que se fez sentir no campeonato belga.
«Para mim, eles não tinham equipa para serem campeões»: quem o afirma é Pieter-Jan Calcoen - jornalista belga do jornal Nieuwsblad - que, em conversa com o zerozero, reconhece algum demérito do principal favorito: Club Brugge.
Por sua vez, Dinis Almeida - único luso que sagrou-se campeão pelo Antwerp e jogador do Ludogorets -, em entrevista ao zerozero, destacou a «justiça» e «competência» da equipa: «Tivemos um treinador e um grupo de jogadores de grande nível.»
Por outro lado, Dinis - que atuou por 13 ocasiões na última temporada na Bélgica -, fez referência ao arranque super positivo da equipa e lembrou o melhor período individual da temporada, que acabou por acontecer na Conference League.
«Foi uma primeira metade do ano muito boa: a equipa arrancou com nove vitórias consecutivas na liga. Na Conference foi bom para mim porque acabei por ser bastante útil, joguei alguns jogos e marquei. Depois, tivemos um treinador e um grupo de jogadores de grande nível, em conjunto com um staff muito profissional e competente», explanou.
The Great Old, com um misto de juventude e, claro, experiência, levantaram o troféu. Mas, qual foi o segredo da conquista? Para Pieter-Jan Calcoen existem dois fatores: «contratações acertadas» e «demérito do favorito».
«No começo da temporada houve algum investimento. O Antwerp contratou peças importantes e experientes, tais como o Vincent Janssen e o Toby Alderweireld.»
«O Alderweireld, aos 34 anos, regressou à cidade com um objetivo: fazer algo especial. E conseguiu! É daqueles jogadores que vive a cidade e o clube de forma muita intensa e o golo decisivo foi incrível, deixou toda a gente arrepiado», sublinhou.
«Depois, a equipa favorita para ganhar o título era o Club Brugge, mas tiveram uma época horrível e terminaram em quarto. Ainda assim, se olharmos para o seu plantel, tinham claramente equipa para vencer», prosseguiu o jornalista.
O defesa central português, por outro lado, frisou a «resiliência» e «ADN do Antwerp» na conquista do título e a importância de derrotar o Club Brugge - dois anos depois.
«Todos no clube sabiam que ia ser complicado, então o facto de não desistirem nos momentos mais complicados acabou por ser a chave do título. Ainda para mais foi um campeonato, como se verificou, bastante competitivo, cheio de reviravoltas e essa mentalidade e espírito de luta é muito do ADN do Antwerp.»
«Quando se joga contra o Club Brugge, seja dentro de campo ou na bancada, o jogo vive-se de uma forma muito intensa. É uma rivalidade muito forte e é dos melhores jogos para se viver», patenteou.
Com a Bulgária no pensamento - e sem vontade de regressar a Portugal -, Dinis, aos 27 anos, venceu quatro títulos, mas não teve oportunidade de levantar dois: o campeonato e a Taça da Bélgica. Feliz pelo sucesso do clube, o ex-Antwerp lembrou, com saudades, os adeptos e o ambiente que viveu na cidade de Antuérpia.
«Não foi nada fácil sair do clube... o Antwerp tem os melhores adeptos da Bélgica: são muito fervorosos, capazes de agarrar na equipa nos tempos complicados e não apenas quando tudo corre bem», recordou.
𝗣𝗢𝗩: 'T Stadhuis ❤️🤍 pic.twitter.com/rg5Q9wRtNH
— Royal Antwerp FC (@official_rafc) June 8, 2023
«Eles celebram tudo de forma efusiva, porque percebem que isto foi um projeto criado do zero. Há uns anos, o Antwerp estava no segundo escalão e, em poucos anos, conseguiu ganhar duas taças e uma liga, ou seja, estamos a falar de uma conquista gigante», reforçou o atleta natural de Esposende.
Conquista gigante, mas irrepetível? Tanto Pieter - jornalista -, como Dinis Almeida estão em sintonia: «O Antwerp está de volta e para ficar.»
«O seu dono é extremamente rico, eles investiram imenso dinheiro, estão a construir um novo estádio e estão a crescer muito rápido. Na próxima época certamente estarão a competir pelo título», evidenciou o jornalista.
«O Antwerp é um clube histórico que, importa referir, estava um pouco morto. Agora, está ressuscitado! O clube está completamente vivo e creio que continuará no topo do futebol belga nos próximos anos», rematou o jogador do Ludogorets Razgrad.