Mourinho espera dificuldades
Na conferência de imprensa em que fez a antevisão do duelo com o Paços de Ferreira, o treinador azul e branco referiu o facto de estar convicto que a equipa irá passar por dificuldades para vencer na Mata Real. Eis a entrevista do técnico portista:
O José Mourinho referiu que o F.C. Porto fez um mau jogo frente ao Rio Ave. O que é que vai mudar agora no jogo com o Paços de Ferreira?
Temos de jogar melhor e fazer aquilo que é o nosso normal. Jogar mal é uma anormalidade. Com naturalidade e sem mudar nada, vamos voltar a jogar bem. Ouvi o Costinha dizer, e bem, numa flash-interview que, depois da semana de trabalho que tivemos, ninguém esperava um jogo tão mau. Mas o que é facto é que, depois de ter revisto o jogo, percebi que o nosso domínio na segunda parte foi avassalador. Acho que o golo apareceria normalmente, mas tivemos a sorte de ter sido na parte final. Volto a dizer que o Rio Ave jogou muito bem, mas o nosso golo foi conseguido com mérito.
O que pensa do Paços de Ferreira?
O Paços de Ferreira é uma equipa difícil. Tem bons jogadores e a sua classificação não tem nada a ver com a sua qualidade. Espero, como é lógico, um jogo difícil.
O José Mourinho disse, após o jogo com o Rio, que se tivesse o Maciel o teria lançado na segunda parte. E agora com o Paços de Ferreira? Vai utilizá-lo?
Vou convocá-lo, mas não digo se vai jogar. Vou contar com ele para estar connosco. Sei que o trabalho que esteve a desenvolver em Leiria tem pontos em comum com o nosso trabalho, por isso acho que ele não vai sentir dificuldades. Do ponto de vista táctico ele também conhece os meus parâmetros. Só não conhece bem os companheiros, mas as suas características vão permitir-lhe adaptar-se rapidamente.
E o Carlos Alberto? Pode ser convocado?
O Carlos Alberto será mais difícil. Estava de férias e penso que precisa de mais algum tempo. Se me perguntarem hoje, digo que penso que não o vou convocar. Vai continuar a trabalhar para poder ser opção frente ao Felgueiras. Só pela sua estreia acredito que irão ao estádio mais três mil pessoas.
Como é que está a decorrer a adaptação do Carlos Alberto?
A adaptação nunca é fácil. Primeiro ele vai ter de adaptar-se ao frio e à chuva. O treino de hoje, por exemplo, foi muito difícil por causa do clima. O miúdo está a sofrer com isso, mas tem um espírito aberto e é inteligente. Aos poucos vai chegar ao que queremos.
O Paços de Ferreira foi a última equipa a vencer o F.C. Porto para a SuperLiga. Isso tem algum tipo de significado?
O que significado que tem é que já passaram muitos meses e muitos jogos e nós ainda não perdemos, o que atesta da qualidade do trabalho que o F.C. Porto está a desenvolver. Foi uma derrota sem significado, uma vez que aconteceu a três dias da final de Sevilha e jogámos com atletas que não jogariam frente ao Celtic. Jogar em Paços de Ferreira, no entanto, é sempre difícil.
Depois da derrota em casa com o Sporting, acredita que o Benfica ainda é candidato a vencer a SuperLiga?
Claro que ainda é candidato! Ainda é muito cedo para fazer esse tipo de análises.
Gostou de jantar ontem com o primeiro ministro?
Gostei. Primeiro porque não conhecia o primeiro ministro. Foi de uma simpatia elogiável. Ia como nos grandes jogos. Estava nervoso, mas fiquei tranquilo após os primeiros cinco minutos. Por outro lado, é sempre agradável ouvir palavras que nos fazem sentir que fizemos algo por Portugal. Por fim, gostei do jantar porque depois de ouvir o ministro da solidariedade após o Benfica-Sporting a dizer que é sulista tive uma crise de identidade. Fiquei sem saber onde me colocar, uma vez que nasci no sul, mas ganho a minha vida e vivo com a minha família no norte. Fiquei com receio que a minha administração me despedisse por ser um sulista a ganhar a vida no norte. Mas depois ao ouvir o primeiro ministro a falar de Portugal e a agradecer o que fizemos voltei a sentir-me feliz.
O José Mourinho sente-se a figura de 2003?
A nossa vida é avaliada por vitórias e derrotas e não pela qualidade do trabalho que desenvolvemos. No ano passado o F.C. Porto ganhou tudo, por isso o seu presidente, o seu treinador e os seus jogadores foram os melhores. É normal que eu tenha sido o treinador do ano ou algo assim, mas o que me importa, sinceramente, é ganhar ao Paços de Ferreira.
O José Mourinho teve a preocupação de compor este plantel com muitos jogadores portugueses, mas agora contratou dois brasileiros...
Naquele momento havia vários jogadores em Portugal com capacidade para jogar em grandes equipas. Neste momento, a análise não permite encontrar um único jogador português com as características que eu queria, como é o caso do Maciel.
Que opinião tem acerca das grandes penalidades forçadas que têm sido discutidas no futebol português?
Sinceramente essa é uma pergunta complicada. A última jornada foi fértil em grandes penalidades, algumas sem espinhas, outras menos fáceis. Mas é assim... Os árbitros não podem ser culpados quando as situações criadas são perfeitas.
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