O Sporting esfregou a lâmpada e de lá saiu um génio, pronto a conceder às bancadas de Alvalade um desejo incessantemente expressado: o triunfo neste segundo dérbi da semana.
Dois golos de Geny Catamo, um a abrir o outro a fechar, deram a vitória que deixou o leão com quatro pontos de vantagem sobre o Benfica na liderança da Primeira Liga, tendo ainda um jogo a menos. Caminho aberto para que outros desejos sejam concedidos...
Sim, foi esse o tempo que levou para o Sporting se colocar em vantagem. Uns meros 46 segundos.
A bola até seguiu do Benfica, mas não há elogios para fazer ao arranque da equipa visitante. Aliás, todos os elogios que podemos dispensar para esta fase do jogo caem no mesmo pote. Que saudades deixou durante este período de lesão! No dia do regresso, Pedro Gonçalves sprintou para tirar a bola a Bah e ainda driblou outro adversário antes de armar o cruzamento que Geny Catamo, ao segundo poste, transformou em golo.
Depois de se recompor do balde de água gelada que lhe caiu em cima durante o minuto inaugural, a águia, ainda agitada, começou a abrir as asas. Com o avançar do jogo, a timidez visitante, tal como o fumo da pirotecnia típica destes jogos, foi desvanecendo. Mesmo sem bola, o Sporting ia controlando o jogo e as primeiras investidas encarnadas, mas esse cenário não foi eterno.
Ángel Di María, um nome gigante do futebol português e internacional, também teve o seu impacto no jogo. O argentino foi autor do primeiro remate perigoso do Benfica e ainda repetiu a proeza, sendo que nesse segundo lance, aos 33 minutos, arriscou a expulsão com uma reação agressiva perante Pedro Gonçalves. Ficou em campo e aproveitou para colocar a sua equipa no caminho do empate.
Diz-se que não há altura pior para sofrer um golo do que em cima do intervalo. Essa máxima pareceu encaixar neste dérbi durante um período de intervalo em que os adeptos visitantes ganharam voz, enquanto os da casa ficaram sem reação ao golo sofrido (à exceção de muitos assobios à equipa da arbitragem).
Certo é que na segunda parte essa mudança de ambiente não se sentiu. O Sporting começou mais forte e Alvalade acompanhou a equipa que quase fez o golo ao sétimo minuto, quando Gyökeres atirou à trave. Seria essa a grande chance de um leão que até teve mais bola após a entrada de Bragança, enquanto o Benfica, sempre atrás do exemplo de Di María, ameaçou a reviravolta num par de ocasiões. Valeram os uruguaios, Coates e Israel, a resolver esses lances.
O que se seguiu foi... felicidade pura! Festa incessante, de quem sabe que tem tudo para chegar ao seu 20º título de campeão nacional. Voltem a esfregar a lâmpada, pois é esse o principal desejo das bancadas de Alvalade...
Apesar de ter sido um dos melhores do lado encarnado, Ángel Di María arriscou a expulsão muito cedo no jogo. Artur Soares Dias não quis estragar o jogo, mas, caso tivesse mostrado o cartão, a culpa seria inteiramente do argentino. Também Hjulmand arriscou, no seu caso pela agressividade em algumas entradas quando já tinha amarelo.
Foi a grande surpresa do arranque de temporada do Sporting, quando ninguém esperava sequer que fizesse parte do plantel, e ao que tudo indica vai fechar a época como herói. Foi ele o protagonista da noite, com um golo no primeiro minuto do jogo e o tento decisivo já depois dos 90. Se o Sporting for campeão, o moçambicano terá um lugar na história leonina!
Sabíamos à partida que esta semana não seria fácil para ninguém. Não foi. Ainda assim, é difícil não apontar o dedo a Roger Schmidt, que voltou a mostrar limitações nos jogos contra os rivais. Até foi melhor que o Sporting na terça-feira, e certamente podia ter levado algo diferente deste sábado, mas o foco dos adeptos vai incidir sobre os resultados...