Chegou a tremer, numa altura em que o rival celebrava a conquista dos três pontos e a vantagem do Estrela da Amadora no marcador, mas o Sporting conseguiu a reviravolta e, assim, segurou a liderança da Liga Portugal Betclic na véspera de uma semana potencialmente decisiva.
Tal como tinha acontecido na primeira volta, a equipa da Reboleira foi competente e criou muitos problemas ao leão, mas saiu do relvado sem pontos. Não valeu a estrela habitual, que voltou a sair do campo sem golos frente a este oponente, mas sim um brilhante Francisco Trincão, que pintou as jogadas dos dois golos.
Certo é, de resto, que ninguém falará de «estrelinha», como acontecia na última vez que a equipa de Amorim liderou a tabela numa fase tão adiantada da época. Mais do que crença, o virar do marcador assentou na competência e compostura leonina, presente mesmo na ausência de algumas peças importantes.
O Sporting viu o seu rival desperdiçar três grandes penalidades - algo amplamente festejado nos cafés em torno do Estádio José Gomes -, mas mesmo assim vencer, retirando, temporariamente, a liderança da posse do leão. Foi assim que, ainda antes do pontapé de saída num piso molhado, o Sporting ficou a saber que não havia espaço para deslizes.
Depois desses acontecimentos alheios, o estádio encheu, com o vulto da multidão a cobrir o tricolor das bancadas molhadas. Os visitantes cobriram metade do espaço e cantavam como se em casa estivessem, mas os anfitriões também viviam a ocasião com intensidade. Isso valeu também para o interior das quatro linhas, onde a equipa da casa se colocou em vantagem ao 17º minuto de jogo.
O Sporting não era estranho a dificuldades frente a este adversário, que na primeira volta criou inúmeros problemas em Alvalade. Rúben Amorim sabia que a equipa tinha de reagir rapidamente, mas que isso nunca seria fácil na ausência de peças como Pote (lesão), Coates (gastroenterite) ou Hjulmand, que começou no banco por estar a um amarelo da suspensão. O facto de o dérbi estar à espreita pesou, mas as decisões tomadas em relação ao onze só teriam sentido depois de um resultado favorável.
Houve mais uma perigosíssima bola parada do Estrela pelo meio (Israel travou Gaspar), mas, de resto, Trincão assumiu um papel principal na Amadora. Depois de um par de jogadas perigosas, o ex-Barça arrancou pela direita e só parou depois de um remate forte travado por Bruno Brígido. Nuno Santos apareceu à esquerda, para uma recarga que virou o marcador.
Para a segunda parte, Amorim lançou Inácio. Do outro lado, Sérgio Vieira colocou Hevertton e Régis no relvado. Esperavam-se mudanças, mas a história manteve-se semelhante, com um Sporting dominante com bola e um Estrela que, à exceção de bolas paradas, pouco criava.
Até ao final, o leão manteve o destino das coisas totalmente sob o seu controlo. Manteve-se por cima, altivo, e esteve sempre mais perto de assinar o 3-1 do conforto do que de sofrer o empate. No fim, mesmo sem voltar a marcar, levou para casa uma vitória importante, sabendo que o próximo adversário será o Benfica.
Sem desespero ou ansiedade, mesmo em desvantagem no marcador numa fase determinante da temporada. Ao contrário de tempos antigos, o leão manteve a compostura e jogou normalmente, com uma notável crença de que os golos chegariam. Este Sporting não é o mesmo que se sagrou campeão em 2021 - é melhor.
Viktor Gyökeres fez uma exibição competente, mas o facto de não ter marcado, como já tinha acontecido na primeira volta frente a este adversário, tirou-o do caminho de um registo que só foi alcançado por Eusébio e Jardel: marcar a todos os adversários numa edição da Liga. Estrela escapou ao sueco...