Tivessem as oportunidades de golo sido bem aproveitadas e talvez estivéssemos aqui a falar de «chocolate suíço», em elogio ao Sporting por uma eventual goleada sobre o Young Boys, mas a verdade é que o acumular de falhanços, que incluiu até uma grande penalidade desperdiçada por Gyökeres, ditou outro desfecho.
Falemos, portanto, noutro chocolate. Um que não evoca o glamour e a mestria chocolateira de europas distantes e que certamente não é o favorito de ninguém, mas que é, ainda assim, suficiente para saciar qualquer um. Como um bom lanche de pão com chocolate, o empate (1-1) foi suficiente para satsifazer a fome dos oitavos de final na Liga Europa!
À entrada para esta segunda mão, e apesar do que o nome do adversário evoca, foi a idade da defesa do Sporting que chamou à atenção. Com o regresso de um certo vencedor do CAN pela Costa do Marfim, Amorim apresentou um trio de centrais - Inácio, Diomande e Quaresma - com apenas 21 anos na média das idades!
Ainda assim, a juventude não impediu esse trio de mostrar sabedoria digna de mais experientes, na forma como travaram, de forma impassível, todas as investidas adversárias na sua raiz. Se há razão para o campeão Suíço ter tido poucos lances de registo em Alvalade, é porque quase todas as tentativas de ataque morreram cedo.
Gestão de esforço parecia ser um fator de preocupação para um leão de calendário cheio. Ainda assim, fora um remate de Cedric Itten à figura de Adán, todas as oportunidades foram coloridas a verde e branco! Daniel Bragança quis ser o principal artista, com dois remates de fora da área, mas o jogo associativo entre os homens do ataque ainda delineou o que teria sido o golo certo, caso Marcus Edwards, isolado perante uma baliza aberta, não tivesse borrado a pintura...
Amorim aproveitou o intervalo para dar um descanso merecido a Gonçalo Inácio, mas houve outra mudança digna de realce. Em 15 minutos no balneário, os young boys cresceram um pouco e chegaram ao segundo tempo com várias perguntas para fazer. Talvez se tratasse de uma chegada à idade dos porquês, mas certo é que Adán teve todas as respostas.
Também o guarda-redes adversário, David von Ballmoos, teve resposta para dar aos 57 minutos, quando Gyökeres não conseguiu converter a grande penalidade conquistada por Trincão. O ponta de lança provou a sua imperfeição, mas Daniel Bragança conseguiu fazer algo ainda mais difícil: não só desperdiçou a recarga a esse penálti como, cinco minutos depois, permitiu outra defesa num lance em que estava isolado.
Do outro lado, os suíços conseguiram transformar o jogo numa lição para os jogadores do Sporting, já que ainda chegaram ao empate. Foi também de grande penalidade, após uma mão de Edwards no interior da área, que Silvère Ganvoula bateu Adán. Isso significou o 1-1, mas não teve impacto na eliminatória, que se encerra com um agregado de 4-2 e atira o leão para os oitavos de final da Liga Europa.
De pouco serviu, já que a sua equipa trazia uma desvantagem de dois golos da Suíça, mas David von Ballmoos, guarda-redes do Young Boys, fez uma exibição absolutamente brilhante. Além da grande penalidade defendida, travou o Sporting em muitos outros momentos do jogo e por isso foi o melhor em campo.
Demos o merecido destaque a Ballmoos, mas também houve muito demérito do Sporting na forma como falhou ocasião atrás de ocasião. Edwards deu o mote para esse desperdício que levou os adeptos dos expected goals à loucura, mas Gyökeres e Daniel Bragança foram os maiores pecadores.