Farense e FC Famalicão dividiram pontos, este sábado, na jornada 21 da Liga Portugal Betclic. Num duelo que teve duas partes bem distintas, as duas equipas acabaram empatadas (1-1) e levaram um ponto cada, pelo que continuam tranquilas na tabela classificativa.
Um grande golo de Sorriso abrilhantou uma partida que até então tinha sido pobre em momentos de alto interesse, ou seja, oportunidades de golo. Na segunda metade, já numa parte final da partida, uma nuvem do mais cinzento possível pairou no São Luís: aos 81 minutos, Chiquinho dirigiu-se para a cobrança de um pontapé de canto, mas terá sido, aparentemente, alvo de abuso racial por parte de um adepto da casa.
O encontro esteve interrompido durante alguns minutos e o camisola 10 famalicense, visivelmente transtornado, acabou ainda assim por continuar no relvado durante mais meia dúzia de minutos, antes de ser substituído. Um lamentável episódio, mais um, nos estádios portugueses.
Os primeiros minutos não foram particularmente animadores. Jogo lento, oportunidades de golo inexistentes, mas sinais mais positivos da equipa visitante. Com mais bola, o FC Famalicão assumiu as despesas do embate, mas faltava o mais importante: traduzir a maior posse em lances de perigo iminente para a baliza defendida por Ricardo Velho.
Num nó que parecia difícil de desatar, só um momento genial de Sorriso o pôde fazer. Em estreia na equipa famalicense, o extremo cedido pelo Red Bull Bragantino abriu o marcador, aos 19 minutos, com um pontapé fulminante do meio da rua.
O golo deu um ânimo extra aos minhotos, que já controlavam, mas passaram a fazê-lo de forma mais acentuada. Pouco depois do golo, Justin de Haas tentou dilatar a vantagem de livre direto, mas Ricardo Velho estava atento. Num momento de inferioridade em relação ao adversário, os Leões de Faro apoiaram-se na transição rápida e foi num desses lances que quase empataram em cima da meia hora. Marco Matias chegou ligeiramente atrasado e permitiu o corte de Zaydou Youssouf.
Até ao intervalo, o FC Famalicão continuou a rondar a baliza adversária com perigo, mas raramente conseguiu chegar ao momento da finalização. Um punhado de decisões não tão positivas no último terço levou a que os lances se fossem perdendo sucessivamente. Ainda assim, a equipa de João Pedro Sousa justificava a vantagem em tempo de descanso.
Rapidamente se percebeu que a segunda parte tinha tudo para ser diferente. O Farense entrou mais proativo, também porque o resultado a isso obrigava, e Bruno Duarte não demorou muito tempo a testar a atenção de Luiz Júnior.
A boa entrada algarvia obrigou o FC Famalicão a recuar e a ter que sofrer. Mattheus Oliveira não conseguiu o empate de bicicleta, mas cabeceou certeiro na sequência do pontapé de canto. Contudo, o árbitro Hélder Malheiro já tinha apitado para assinalar uma falta ofensiva e o lance nem sequer pôde ser revisto pelo vídeo-árbitro (VAR).
Numa rara resposta minhota na etapa complementar, Chiquinho teve nos pés uma ocasião soberana para fazer o 0-2. A pressão alta de Zaydou Youssouf resultou em roubo de bola e o esférico sobrou para o extremo, que teve força no remate, mas não pontaria.
As cadeiras começaram depois a dançar, com as habituais substituições, e o bom momento algarvio não só continuou, como se acentuou: Mattheus Oliveira, Rafael Barbosa - por mais que uma vez - e Bruno Duarte tentaram, mas esbarraram sempre na muralha, fosse Luiz Júnior ou um dos jogadores de campo.
À entrada para os últimos dez minutos, o momento que marcou o jogo pela negativa: Chiquinho preparava-se para cobrar um pontapé de canto à esquerda do ataque do FC Famalicão, mas largou a bola e saiu rapidamente em direção de Hélder Malheiro, queixando-se de um insulto racista vindo das bancadas. O jogador apontou, inclusive, na direção do adepto que terá sido responsável pelo ato. O jogo ficou interrompido durante alguns minutos e foi depois reatado, com o extremo ainda em campo durante mais meia dúzia de minutos.
Foi já com o camisola 10 no banco famalicense, rendido por Riccieli, que o Farense conseguiu traduzir o domínio nos segundos 45 minutos num merecido golo do empate. Num lance de insistência, a bola ficou à mercê de um forte e colocado remate de Bruno Duarte. O avançado algarvio faturou pelo quarto encontro consecutivo e já leva nove golos na presente temporada. O largo período de compensação ainda proporcionou uns minutos de maior incerteza, com o jogo partido e oportunidades para ambos os lados. As melhores foram para o Farense, mas Luiz Júnior não deixou que a reviravolta se concretizasse e os dois conjuntos continuam separados por três pontos, ambos na primeira metade da tabela.
A reação do Farense na segunda parte é de assinalar. As substituições foram certeiras e a equipa cresceu com as mesmas, justificando o golo do empate pela segunda metade bem conseguida.
Mais um caso lamentável nos estádios portugueses. Decorria o minuto 81 quando Chiquinho se queixou de ter sofrido abuso racial por parte de um adepto da casa. Alegadamente, mais um episódio triste de uma prática que não pode ter lugar numa sociedade civilizada.
Jogo sem grandes percalços para Hélder Malheiro. Boa exibição.