Produção televisiva de sucesso no início do século e, por isso, equiparável com o que vai fazendo o Estoril Praia desde que Vasco Seabra assumiu o comando técnico. É que sucesso é palavra de ordem neste Prédio do Vasco onde todo o inquilino - leia-se jogador - está satisfeito. Este sábado, no fecho do ano civil, a equipa da Linha bateu o Farense de forma clara, por 4-0, numa partida onde voltou a dar um recital do mais fino jogo ofensivo.
Os habituais cérebros na sala das máquinas dos canarinhos, Mateus Fernandes e Jordan Holsgrove - recentemente entrevistado pelo zerozero - voltaram a ter papel preponderante no domínio que o Estoril Praia exerceu na zona nevrálgica do terreno e foram constante solução para as saídas de pressão da equipa, antes de levar o jogo a terrenos mais adiantados e aos artistas responsáveis por capitalizar: João Marques, Rafik Guitane e Cassiano, para lá dos alas Tiago Araújo e Rodrigo Gomes, que funcionaram mais como extremos do que laterais.
As debilidades defensivas do Farense também foram um encaixe perfeito para este Estoril, mas que não se retire mérito algum ao trabalho dos homens de Vasco Seabra. Ainda não estavam concluídos os primeiros cinco minutos e João Marques já festejava o primeiro tento da partida, depois de uma bola em profundidade à procura de Rodrigo Gomes, que cruzou atrasado para o desvio de primeira do camisola 33.
A resposta dos algarvios foi rápida e podia ter dado no empate, não fosse Marcelo Carné a travar a investida de Marco Matias com uma defesa fabulosa, mas depois disso o jogo passou a ser controlado pela equipa da casa, que tirou proveito do muito espaço que teve para jogar. José Mota não ajustou um milímetro que fosse nos posicionamentos defensivos da equipa e o Estoril, sentindo o cheiro a sangue, não desperdiçou a hipótese de partir para a goleada.
Capaz de jogar por fora, na largura de Rodrigo Gomes e Tiago Araújo, mas também por dentro, com Guitane e João Marques mais próximos de Cassiano e a explorar as costas do duplo pivot adversário, o Estoril fez uso da variabilidade para ferir constantemente o opositor. Para além disso, a variação entre um jogo mais curto e apoiado e o jogo mais direto, a explorar as costas de uma linha defensiva do Farense bem subida e à procura das incursões de Araújo e Gomes, baralhou as contas a um Farense que teve dificuldade em encontrar as referências para defender.
Foi assim, com várias e diferentes formas de atacar, mas sempre que possível com poucos toques - e foram vários os lances construídos «de primeira» - para chegar a zonas de decisão, que o Estoril chegou a uma vitória incontestável. Tiago Araújo fez o segundo ainda na primeira parte e o bis de João Marques logo nos instantes iniciais da etapa complementar praticamente resolveu a questão, mas ainda houve tempo para um ótimo golo de Raúl Parra.
Somando todas as competições, a formação da Amoreira alcançou a sexta vitória nos últimos oito jogos. O Estoril Praia é agora nono classificado, com 17 pontos, mas o equilíbrio na segunda metade da tabela prevalece: da posição que agora ocupa ao 14.º lugar que ocupava à entrada para a jornada 15 a distância é de apenas... dois pontos. O Farense mantém-se em oitavo lugar, com mais um ponto do que o adversário desta tarde.
O futebol de ataque dos estorilistas voltou a encantar no António Coimbra da Mota. Combinações curtas, ao primeiro toque, mas também jogo mais direto quando a situação assim o exigia. Tudo traduzido em várias oportunidades de golo, quatro das quais foram convertidas.
O Farense entrou em jogo com uma linha defensiva subida e a procurar condicionar o adversário, mas falhou depois na hora de ajustar posicionamentos defensivos. O Estoril explorou muitas vezes a profundidade, mas a linha algarvia tardou em recuar uns passos para tentar ter maior controlo nesse aspeto.
Exibição tranquila de Ricardo Baixinho, num encontro que não ofereceu lances de grande dificuldade.