Final da Libertadores. O jogo mais importante do futebol sul-americano, daqueles que até no céu tem lotação esgotada. Quis o destino que o Maracanã (casa de um dos eventuais finalistas) recebesse as equipas e os adeptos de Boca Juniors e Fluminense, para uma festa emocionante e memorável. Dentro das quatro linhas, o Flu foi superior e venceu, pela primeira vez na história, a Libertadores (1-2).
Era impossível pedir mais do espetáculo pré-jogo. Milhares de apaixonados, música, festa, cores e lágrimas. O mesmo não pode ser dito do jogo em si. Brasileiros e argentinos começaram apreensivos, sem risco e com muito medo do erro. O Fluminense foi o primeiro a olhar para «os dois pássaros a voar», em detrimento do que tinha na mão e, ainda que de forma tímida, meteu as garras de fora.
Contudo, o capítulo das grandes ocasiões só começou a ser escrito pela meia hora e logo com caneta dourada. Keno apareceu pela esquerda e cruzou, rasteiro e atrasado, para o coração da área. Por lá, apareceu o coração da equipa; German Cano, num remate forte, seco e inteligente, colocou a bola entre o guarda-redes e o poste esquerdo, a medida certa para iniciar a festa entre os adeptos do fluzão.
Foi preciso o duro abanão do golo para o conjunto Xeneize, muito lentamente, olhar para a baliza contrária. Com o duelo equilibrado, numa fase de poucas oportunidades, algumas quezílias e das primeiras substituições, o Boca chegou à igualdade. Luis Advincula, sem grandes opções à sua frente, puxou para dentro, andou acanhadamente até, no maior dos palcos, ser tocado por uma inspiração superior. Nesse momento, sem fazer prever, o defesa ex-Vitória FC encheu-se de fé e, com o pior pé, atirou forte e colocado para reestabelecer a igualdade.
Até ao final, houve história. Merentiel tentou, Kenedy entrou bem, André encheu o campo e Barbosa, no último minuto, teve a vitória nos pés, mas o golo para cada lado durou até ao final dos 90 minutos.
O prolongamento começou com contornos da primeira parte: apático, pouco intenso e demasiado cerebral. As pernas estavam no tempo extra, mas a cabeça estava no fatal desempate por grandes penalidades. A cabeça de todos, menos de Cano e Kenedy. Bola alta, Cano amortece e Kenedy, na passada e com um remate de raiva, indefensável, voltou a colocar os brasileiros na frente.
Nos festejos, Kenedy viu a cartolina encarnada e recebeu ordem de expulsão. Poucos minutos depois, Fabra agrediu Nino e também viu o vermelho. 20 jogadores em campo, 10 para cada lado, na segunda parte do prolongamento.
Foram 15 minutos finais de muitos nervos e coração, com uma bola tricolor no poste, mas sem golos.
Por isso mesmo, com este resultado, o Fluminense atingiu a glória eterna. Cano, Kenedy, Diniz e a restante comitiva tornaram-se eternos e o Flu levantou a primeira Libertadores da sua história.
1-2 a.p. | ||
Luis Advíncula 72' | Germán Cano 36' John Kennedy 99' |