Os assobios que se ouviram nas bancadas do Estádio do Dragão logo após o apito final de Tiago Martins não foram em vão. Mais do que a derrota por 1-0 frente ao Estoril, até então último classificado da Liga Portugal Betclic, ficou na retina a incapacidade dos azuis e brancos em resolver muitos dos problemas com que já tinham sido confrontados em momentos transatos da temporada. Sérgio Conceição terá, com toda a certeza, aspetos para refletir ao longo das próximas horas...
A imagem deixada pelo FC Porto em Vizela, no passado domingo, havia sido positiva, num cenário que levou Sérgio Conceição a apostar exatamente no mesmo onze que conseguiu triunfar no Minho.
A decisão do técnico revelou-se certeira, já que os azuis e brancos entraram em campo num ritmo alto e com vontade de chegar à vantagem o mais cedo possível. Este bom arranque dos dragões, de resto, acabou por ser recompensado logo aos cinco minutos, altura em que Volnei travou Eustaquio em falta dentro da área. Pareciam estar assim reunidas todas as condições para um jogo relativamente tranquilo do FC Porto, mas a verdade é que Marcelo Carné, guarda-redes do Estoril, tinha outras ideias...
Com Taremi pela frente na marca dos onze metros, o brasileiro não tremeu e, após um remate do iraniano para o seu lado direito, fez uma excelente defesa, mantendo assim o resultado a zeros.
A partir daqui, soltou-se o espetáculo Francisco Conceição. Lançado a partir da ala direita, o internacional jovem por Portugal foi uma constante dor de cabeça para a defesa adversária e esteve em quase todos os lances de perigo dos azuis e brancos.
Do lado oposto, as saídas para o ataque do Estoril tiveram um denominar comum: Rafik Guitane. Foi quase como se houvesse um regresso aos primórdios do futebol, a uma altura em que as camisola 10 eram confiadas aos melhores jogadores de cada equipa e tinham liberdade para fazer do terreno de jogo o seu parque de diversões.
Apesar do controlo dos da casa, o empate acabou mesmo por perdurar até ao intervalo, isto já depois de Jorge Sánchez ver o seu remate ser cortado em cima da linha por um defesa do Estoril, no período de compensação.
A toada do jogo não foi assim tão diferente na etapa complementar. Pressionado pelo claro favoritismo com que partiu para este encontro, o FC Porto assumiu as despesas do encontro, ainda que o Estoril tenha parecido mais atrevido nas saídas para o ataque desde cedo.
Francisco Conceição voltou a chamar a si a responsabilidade de liderar a equipa nos primeiros minutos da segunda parte, mas os comandados de Sérgio Conceição tiveram dificuldades em criar perigo efetivo. Com Taremi e Evanilson claramente desinspirados, o técnico mexeu logo à hora de jogo e lançou Nico González, Toni Martínez e Gonçalo Borges.
As mudanças acabaram por não surtir efeito, já que foi o Estoril, até então pouco expressivo do ponto de vista ofensivo, quem festejou. Após nova arrancada de génio de Guitane, David Carmo fez uma falta à entrada da área e permitiu que Jordan Holsgrove brilhasse com um livre irrepreensível para o fundo das redes de Diogo Costa, isto quando estavam jogados 75 minutos.
A partir daqui, o FC Porto tentou arriscar, mas sem a clarividência e chama necessárias para ter a reação que os adeptos certamente queriam. Já com Danny Namaso e André Franco em campo, os dragões tiveram dificuldade em aplicar a pressão final, num cenário que levou o 0-1 até ao apito final.
Além da importância que teve- valeu a conquista dos três pontos ao Estoril-, o golo de Jordan Holsgrove foi de uma beleza digna de registo. O camisola 8 dos canarinhos teve um momento de inspiração e, de livre, não deu qualquer hipótese de defesa a Diogo Costa.
Ao penálti falhado por Taremi junta-se ainda uma exibição para esquecer de Evanilson. Os homens golo do FC Porto ficaram aquém das expectativas e isso acabou por se refletir no resultado. Nomes como Toni Martínez, Danny Namaso pouco acrescentaram vindos do banco.