À semelhança do que tinha acontecido há cerca de um ano, na última edição da Taça da Liga, o Sporting entrou em cena com uma vitória sobre o Farense. Seis golos no marcador, tal como nesse dia.
A equipa verde e branca sabia que tinha pouca margem para falhar, uma vez que os leões de Faro, que já tinham dado trabalho no jogo do campeonato, chegavam a Lisboa com três pontos somados, devido à vitória sobre o CD Tondela (1-0), num formato de competição que inclui apenas três equipas por grupo. Com forte contributo de um intratável Gyökeres e um inspirado Trincão, foi o leão da casa que rugiu mais alto.
Foi com uma sensação de déjà vu que os adeptos do Sporting viram a sua equipa entrar em campo esta quinta-feira. De repente pareceu verão - uma afirmação e meia tendo em conta o frio que se verificava em Alvalade, tão apropriado para uma altura do ano em que até Mariah Carey já saiu do alçapão onde se escondeu durante os últimos 10 meses.
Quais eram, então, os ares de verão? Ora, Rúben Amorim surpreendeu ao colocar Gonçalo Inácio no meio-campo, em dupla com o capitão Daniel Bragança, o que só não foi totalmente inédito porque já tinha acontecido em julho, num particular com o Genk.
Esse dado chamou desde logo à atenção, mas não foi o único paralelo com o duelo de pré-temporada. Tal como nesse dia, o defesa central adaptado só deixou de ser a atração principal quando Francisco Trincão roubou os holofotes. Não com um golo, como nesse dia, mas com cinco minutos mágicos em que incendiou o campo e construiu um marcador favorável! Usou toda a técnica para assistir Gyökeres ao 24º minuto, depois tentou fazer o mesmo com Nuno Santos, que falhou, e logo de seguida sofreu a grande penalidade que valeu ao sueco o bis.
Jogada a primeira parte, não era injusto dizer que o Farense parecia perdido. A equipa de José Mota mostrara raríssimos momentos de entendimento coletivo e, ao mesmo tempo, incapacidade para impedir o adversário de criar.
Mantendo-se o jogo assim, e voltando a entrar em comparações com jogos passados, não seria descabida uma repetição do 6-0 que se verificara há um ano, na última vez que estas equipas se tinham encontrado em Alvalade, mas o ex-leão Mattheus Oliveira abriu a segunda parte com um golaço e evocou, no primeiro teste a Israel, o 2-3 que se verificou em Faro há cerca de um mês. Talvez este não fosse como nenhum outro jogo...
O intratável sueco corrigiu aos 63´, com uma jogada individual em que fez o seu primeiro hat-trick de verde e branco. Frieza incomparável do reforço recorde, no seu último minuto em campo. Ainda houve tempo para novo golo do Farense, novamente de fora da área, embora Israel pudesse ter feito mais no segundo (marcado por Vítor Gonçalves). Não mexeu com o destino do jogo: justa vitória da equipa da casa que tem a final four da Taça da Liga à distância de esforços mínimos.
Não foi o melhor em campo, garantidamente. Esse é um posto disputado por Trincão e Gyokeres.
Ainda assim, não ficaram muitas dúvidas de que as qualidades de Gonçalo Inácio são bem aproveitadas a meio-campo, onde poderá vir a ser ainda mais útil numa fase mais adiantada da temporada, em cenário de lesões ou em caso de uma longa participação de Morita na Taça Asiática.
Não é uma novidade, mas também não fica mais fácil. O atual formato da Taça da Liga, particularmente nesta fase de grupos, deixa muito a desejar. Desportivamente, o facto de serem apenas três equipas em jornadas que deixam uma delas de fora tira muito do entusiasmo da competição pelo único lugar de acesso à final four. Neste caso, o Sporting ficou quase apurado no dia em que entrou em prova...