Na partida que abriu as portas da nona jornada da Liga Portugal Betclic, o Moreirense levou a melhor diante do FC Arouca (0-1), apesar de um arranque de encontro bastante conturbado. O golo de Marcelo deu alento à formação de Moreira de Cónegos, que estabilizou emocionalmente e conquistou, assim, três preciosos pontos para a respetiva caminhada.
Ambos os técnicos fizeram ajustes no onze inicial face à última jornada do campeonato. Porém, os motivos para as alterações foram distintos, numa clara separação entre opção e obrigação. Daniel Ramos decidiu colocar Eboué Kouassi para fortalecer o miolo, optando pelo 4-1-4-1 em detrimento do habitual 3-4-3. Já Rui Borges foi obrigado a mexer fruto das limitações físicas de João Camacho e da suspensão de Carlos Ponck. Madson e Maracás foram então os escolhidos para colmatar as ausências.
Num potencial presságio, a chuva apareceu em palco mal soou a bela melodia do apito inicial. Com ela surgiu também o maior pavor dos protagonistas: um tapete impraticável. O terreno de jogo correspondia às medidas em termos de dimensões, mas não enchia as medidas dos adeptos. Contudo, apesar dos solavancos, as oportunidades não tardaram em aparecer.
Rafa Mujica não se fez rogado com o tempo tenebroso e quase que fez o gosto ao pé nos minutos inaugurais. O espanhol puxou o esférico para o pé direito e rematou colocado. Kewin Silva estava batido, mas uma reza à Santa Padroeira dos Ferros levou a que o momento de euforia fosse travado pela barra.
A música Somos Lobos dos Xutos & Pontapés, tocada no pré-jogo, contagiou os espectadores presentes no estádio. A voz de Tim também poderá ter catalisado a formação da casa, que entrou segura de si, apostando na imprevisibilidade de Trezza e Cristo. Os dois extremos estavam ligados à corrente e criaram inúmeras dificuldades a Fabiano e Pedro Amador.
Já a formação ao leme de Rui Borges entrou impaciente. Lawrence Ofori, Gonçalo Franco e Alanzinho não conseguiram assumir as rédeas do jogo, estando bastante precipitados, tanto na primeira fase de construção como no apoio ao trio de ataque. Tal como os períodos meteorológicos, as oportunidades também foram intermitentes. As verdadeiras ocasiões de perigo estavam sincronizadas com as fases mais chuvosas.
O problema é que o futebol vive da imprevisibilidade e, muitas das vezes, do seguinte lema: quem não marca... sofre. Na sequência de um canto, Marcelo ameaçou, mas, na segunda oportunidade, o central premiu o gatilho. O experiente atleta apareceu de rompante no primeiro poste e correspondeu da melhor maneira ao cruzamento milimétrico de Kodisang. E assim, uma nova música começou a tocar na cabeça dos cónegos: Chuva dissolvente.
O golo solitário dos visitantes acabou mesmo por dissolver as esperanças da equipa adversária, que foi completamente abaixo depois do incidente. O rock n' roll metafórico incentivou o moreira, que foi à procura do tento da tranquilidade. Madson bem que tentou, no entanto, a pontaria não estava particularmente afinada.
Apesar da conturbada entrada no jogo, os comandados de Rui Borges souberam aproveitar as poucas oportunidades que tiveram. Marcelo teve que subir no terreno para entregar três preciosos pontos à sua equipa. Em jogo mais difíceis, é a pontaria que define o rumo dos acontecimentos. Esta partida foi um perfeito exemplo desta premissa.
O esférico deslizava suavemente na preparação para o jogo. Porém, mal despertaram as dificuldades temporais, também o terreno do jogo mudou as suas dinâmicas. Algumas partes do tapete mais degradadas levaram a claros erros técnicos, principalmente na hora da receção. De ressalvar, que ambos os conjuntos não alteraram as suas filosofias de jogo de acordo com as circunstâncias.
Exibição tranquila do árbitro Bruno Pires Costa. O responsável pela partida teve poucos lances de difícil análise, estando bastante uniforme no seu critério ao longo de todo o encontro. Destaque para os amarelos bem mostrados a Trezza, Kouassi, bem com a assertiva expulsão a Jeremy Antonisse, por simulação.