*com Alexandre Sequeira Ribeiro
É parte do refrão de uma música popular açoriana, que faz alusão às grandes festas (de São João) terceirenses: as Sanjoaninas. Dentro de campo, foi o homónimo do Santo, João Mário, a fazer o primeiro e a abrir caminho para a passagem do SL Benfica à próxima fase da Taça de Portugal, depois de uma vitória por 1-4.
Na ilha Terceira, a chuva não arredou pé, mas os adeptos muito menos. No muito bem-composto Estádio João Paulo II, Lusitânia e Benfica entraram a bom ritmo. À procura de ganhar confiança, o Lusitânia entrou à sua imagem, a querer ter bola, mas bastou um par de bolas paradas para as águias criarem perigo, assumirem o controlo e, minutos depois, inaugurarem o marcador.
Cruzamento de Aursnes pela direita, entrada de rompante, na grande área, de João Mário e, com um delicioso gesto técnico de calcanhar, a bola encaminhou-se para o fundo das redes. Estava feito o primeiro nos Açores.
Com vantagem, o domínio nas quatro linhas continuou, apesar de uma ou outra boa saída dos verdes. Com alguma naturalidade, o 0-2, que parecia uma questão de tempo, surgiu. Rafa foi lançado na profundidade e, na cara de Diogo Sá, finalizou o duvidoso lance.
Mesmo com o marcador nada favorável, o Lusitânia não se acanhou. Continuou a procurar sair a jogar e, com o tempo, visou a baliza de Samuel Soares. Gonçalo Cabral, por duas vezes, obrigou o jovem português a sujar o equipamento. Ao terceiro aviso, o golo. Canto cobrado e falta na área, de Aursnes. Chamado a intervir, o lateral Enzo Ferrara não desperdiçou e reabriu o jogo, mesmo antes do intervalo.
Depois do descanso, houve mais gelo do jogo. O Benfica entrou bem e não permitiu tantos rasgos do Lusitânia. Gonçalo Guedes — em destaque pela boa entrada — apareceu à esquerda e assistiu Arthur Cabral. O brasileiro, que até então não estava nos seus dias, estreou-se a marcar de águia ao peito e, para desânimo do adepto local, aplicou uma dura machadada nas aspirações caseiras.
Antes do apito final, sempre com superioridade encarnada, Tiago Gouveia acabou por inscrever, também, o seu nome na lista dos marcadores. Começou no meio-campo, fugiu aos defesas contrários, apareceu na cara do golo e, com classe, picou para o 1-4 e consequente último abanar das redes.
Com este resultado, o Benfica avança, com naturalidade, para a quarta eliminatória da Prova Rainha. O Lusitânia, depois de uma exibição onde fez por deixar uma boa imagem, vira o foco agora, única e exclusivamente, para o Campeonato de Portugal.
Recebeu elogios de Schmidt e Ricardo Pessoa. A excelente moldura humana não passou despercebida e embelezou a eliminatória. O povo terceirense foi chamado a intervir e não desiludiu.
De registo, teve um cabeceamento desviado do alvo. De resto, pouco apareceu. Não esteve gritantemente mal, mas também andou longe de estar bem. Musa parece ser a aposta mais comum, Arthur marcou nesta tarde e Tengstedt... Tem de render mais.