Dia de muralhas imbatíveis

Um sábado à tarde de calor no Algarve convida à praia, no entanto, a moldura humana presente no São Luís não deixou a desejar. Não foi futebol de praia - longe disso -, mas o Farense recebeu o FC Vizela e não foram além de um empate sem golos.

Pablo Villar promoveu apenas uma alteração no onze inicial em relação ao último duelo oficial, com Diogo Nascimento a assumir posição a titular. José Mota fez o mesmo na formação algarvia, com a entrada de Igor Rossi na defesa central.

Inspiração limitada

Foram os algarvios a dar cor à primeira parte, pelo menos na primeira meia hora. Muita inspiração, apesar da pouca pontaria, ditou uma domínio pleno do Farense na metade inicial.

Marco Matias personificava essa inspiração. Na verdade, todas as tentativas de golo potenciadas pelo jogador de 34 anos pareciam ser uma repetição da primeira. O lance pelo flanco esquerdo com a direito a «puxar para dentro» e rematar cruzado. O desfecho? Igualmente o mesmo: a bola a tirar tinta ao poste.

Foram vezes sem conta e sem definição. O nó não desatava, com o desalento a começar a apoderar-se dos comandados de José Mota dada a falta de eficácia. 

O alento voltou apenas na segunda parte e já perto do último quarto de hora. A velocidade voltou a aparecer, com transições sucessivas e várias aproximações à baliza de Buntic.

Um remate ao poste de Rui Costa, «tiros do meio da rua» de Belloumi, bolas à barra de Talocha... Nada parecia entrar.

Zé Luís foi a jogo para dinamizar o ataque algarvio e fê-lo. O jogo tornou-se mais ritmado, com mais ataque e resposta. Parecia existir maior animação no último terço, mas estava mesmo a ser o «dia sim» dos guarda-redes em campo. 

A pontaria foi inimiga. Tiveram direito ao último lance do encontro e, daí, voltaram a pouco ou nada conseguir.

Entre a profundidade e a falta de acerto

Viajaram mais de 600 quilómetros para estarem presentes no duelo deste sábado. Até poderíamos dizer que a «entrada tardia» em jogo estaria relacionada com o cansaço da viagem, mas seria apenas a razão mais provável para isso acontecer.

Afinal, a entrada fervorosa dos farenses em jogo travou o plano inicial de Pablo Villar e fez demorar a aparecer a faceta atacante do FC Vizela.

Do Minho, trouxeram o jogo em profundidade. As bolas diretas para Samuel Essende não ajudavam muito na procura pela baliza de Ricardo Velho, tornando-se um jogo algo previsível para a defesa algarvia. O verdadeiro perigo só viria a chegar nos últimos minutos da primeira parte, mas sempre com direito a defesa.

Por falar em defesa, foi dia de Fabijan Buntic. O guardião vizelense fez uma exibição de alto nível no São Luís. Foi uma muralha na baliza, com um número infindável de bolas agarradas. Foi um pesadelo para o Farense e uma segurança para o FC Vizela. (Sendo que o mesmo se aplica à categoria apresentada por Ricardo Velho)

Até final, Pablo Villar quis ganhar terreno e retirou Diogo Nascimento do meio-campo, fazendo entrar Rodrigo Escoval. Mais segurança na defesa, num momento do jogo em que, aos vizelenses, mais valia um ponto do que nenhum. Assim aconteceu.