Melhor arranque era quase impossível. Jogo fora, adversário que, à partida, vai lutar pelo segundo lugar com os dragões, e uma vitória clara por 1-3, no Volksparkstadion, casa emprestada ao Shakhtar para os jogos da Liga dos Campeões. Ainda é só o princípio e o FC Porto até tem o exemplo contrário da época passada, mas é evidente que a equipa de Conceição deu, logo à primeira jornada, um passo importante para o apuramento.
O FC Porto canta ao seu ritmo. Se no campeonato as exibições não têm sido tão boas como os resultados, na Liga dos Campeões não foi assim.
Para a sexta participação na fase de grupos da Liga dos Campeões como treinador, Sérgio Conceição guardou um dragão com uma figura diferente (4x2x3x1), mas ao seu estilo habitual.
Houve um Super Galeno, é verdade, mas também um FC Porto muito mais capaz do que o adversário, a entrar e a gerir um encontro frente a um Shakhtar com alguns elementos de qualidade, mas que mostrou estar longe do período pré-guerra.
No Volskparkstadion, emprestado pelo HSV ao Shakhtar, estiveram muitos refugiados ucranianos e adeptos alemães. Todos apoiavam a formação ucraniana e a boa resposta ao golo inagural até deu esperança, mas a equipa portuguesa não deu mesmo hipótese.
Assim que acabou o hino, a equipa portista ligou a corrente, ameaçou e chegou ao golo. Ainda nem tinham passado 10 minutos.
É certo que o Shakhtar empatou logo a seguir, por Kelsy, numa combinação pelo lado esquerdo da defesa portista, em que Zaidu não ficou particularmente bem na fotografia, só que, se noutros jogos a equipa portista pareceu algo nervosa, desta vez não foi assim.
A tal motivação «Champions» terá feito a diferença para mais um de Galeno, a fazer lembrar a exibição de excelência frente ao Bayer Leverkusen, também na prova milionária. Neste show portista, o extremo brasileiro estava a ser, claramente, o ator principal.
A reação do Shakhtar limitou-se à troca de bola no setor mais recuado, por limitação portista e ucraniana, claramente à procura de encontrar valores seguros para construir jogadas de ataque na Liga dos Campeões. Sudakov e Zubkov foram os únicos a dar soluções neste aspeto, mas nunca tiveram companhia à altura das circunstâncias.
Ainda assim, o FC Porto chegou a mostrar, durante 10 minutos, os problemas que tem vindo a sentir ao longo da temporada. Nesses períodos sobrou sempre Pepe, à 19.ª participação na fase de grupos da Liga dos Campeões, e David Carmo, que continuou no onze portista e acabou por fazer um jogo bem conseguido, tendo em conta que viu o amarelo logo no início da partida.
A tranquilidade chegou com mais um show de Galeno, que desta vez não jogou a solo, combinou com Iván Jaime (bom jogo na estreia na Champions) e entregou o golo a Taremi.
O iraniano parece estar de volta, tal como o FC Porto, que só teve de gerir a segunda parte e, apesar das dificuldades de Wendell, substituto de Zaidu, na esquerda, segurou uma vitória que a equipa ucraniana nunca conseguiu pôr em causa.
No fundo, mais um dia para o FC Porto de Conceição na Liga dos Campeões.
Sérgio Conceição é, muitas vezes, uma figura capaz de gerar sentimentos diferentes, mas é inegável que o técnico portista deve recolher méritos pelo trabalho feito no FC Porto. Com a saída de Otávio, a lesão de Marcano e a ausência de Pepê, Conceição não procurou desculpas e encontrou soluções, alterando o sistema e a equipa de forma revolucionária, mas eficaz. A tal reconstrução contante vivida no Dragão.
Habituado a dominar o campeonato ucraniano, é evidente que este é um Shakhtar ainda à procura de experiência e qualidade para lutar pelo apuramento neste grupo de Liga dos Campeões. O conjunto ucraniano tem alguns talentos interessantes, mas mostrou dificuldades no setor mais recuado, que a este nível acabam mesmo por ser fatais.