Descaracterizado, emocionalmente afetado e muito abaixo do nível habitual, o SC Braga foi completamente surpreendido por uma grande exibição coletiva e ofensiva do Farense, que mandou, rugiu bem alto e acabou por vencer merecidamente os Gverreiros por 3-1, em Faro.
Em Faro, o recém-promovido Farense recebia o candidato SC Braga. Do lado algarvio, José Mota fazia duas alterações no onze inicial, chamando Bruno Duarte e Artur Jorge, que defrontava o pai Artur Jorge, treinador bracarense. Do lado dos Gverreiros, por sua vez, havia três novidades, com a titularidade de João Moutinho, Al Musrati e Ricardo Horta.
No São Luís, o SC Braga entrou mandão, tentando chegar ao golo cedo e parecia capaz disso mesmo, perante um Farense mais direto e assertivo nos seus ataques. Contudo, à passagem do minuto 10 tudo mudou, com o Farense a perceber que era capaz de ter mais bola e a ver claramente onde podia fazer mossa aos Gverreiros.
A partir daí, os Leões de Faro foram crescendo na partida, quase sempre pela inclusão dos seus laterais, Pastor e Talocha, no processo ofensivo, dando largura, para Rui Costa e Belloumi deambularem para o meio e darem superioridade numérica, e os de Braga foram sendo colocados em sentido. Os comandados de Artur Jorge iam criando perigo na meia distância e Al Musrati testou Ricardo Velho, pouco antes de Moutinho acertar em cheio na barra da baliza algarvia.
Aos 44', Belloumi obrigou Matheus (até aí em grande) a enorme defesa, mas nada previa o que aconteceria a seguir. O guardião brasileiro tentou corrigir a própria defesa incompleta, saiu da baliza e na esquerda da área tentou um toque em habilidade sem nexo, que deixou a baliza deserta e permitiu a Rui Costa apenas encostar para o 2-0. É daqueles casos que tem que ver para crer (vídeo em baixo). Os Gverreiros estavam em apuros no Algarve.
O cenário estava difícil para o SC Braga e Artur Jorge tentou mexer com as emoções da equipa, fazendo entrar Zalazar e Abel Ruiz ao intervalo, mas o cenário até podia ter ficado bem pior bem cedo, depois do espanhol ter cometido grande penalidade, aos 51'. Contudo, Rui Costa falhou. Essa falha acordou definitivamente os bracarenses e estes, por fim, mostraram alguma vida ofensiva, com Álvaro Djaló a assumir as rédeas pela asa esquerda - contrariando a dificuldade construtiva bracarense - e a assistir Banza para o 2-1, aos 56'.
Esta reação tão pronta do Farense acabou por deitar completamente abaixo o SC Braga, que se notava estar emocionalmente afetado desde cedo na partida. Artur Jorge tentou de tudo para mudar a equipa e colocou a carne toda no assador, mas os bracarenses demonstravam uma total desinspiração construtiva e ofensiva e estavam de tal forma afetados que fizeram uma série de erros defensivos, que apenas não resultaram numa goleada com números superiores porque o Farense pecou na finalização. Contudo, os Leões de Faro saíram com a vitória por 3-1 e deixaram o SC Braga em sentido antes da Champions.
O Farense entrou para o jogo a jogar direto e assertivo, mas rapidamente percebeu onde podia crescer e fê-lo sem medo, acabando com uma exibição de encher o olho e daquelas que galvaniza qualquer equipa. Anularam um «candidato» que vai deixando a desejar.
Candidato ou não, esta exibição diz outra coisa e alarma em semana de Liga dos Campeões. O SC Braga foi completamente anulado ofensivamente em Faro - só marca num lance individual - e acumulou vários erros defensivos. Há muito a melhorar.
O árbitro António Nobre teve uma boa exibição, sóbria e foi bem auxiliado pelo VAR nas decisões que teve a tomar. Nada apontar de negativo.