A Juventus defendeu com unhas e dentes (praticamente só fez isso), mas o Sevilla mostrou a sua alma sevilhana e foi até ao prolongamento para afastar a Vecchia Signora, vencer por 2-1, e marcar encontro com a Roma de José Mourinho na final da liga Europa.
Depois do empate na 1ª mão (1-1), tudo se decidia em Sevilha, com a equipa da casa a receber a Juventus, carrasco do Sporting na prova. Do lado espanhol, o treinador Mendilibar apresentava exatamente o mesmo onze da 1ª mão, enquanto do lado italiano Massimiliano Allegri tinha algumas baixas de peso e mudava cinco peças no onze inicial, chamando à titularidade Gatti, Moise Kean, Bremer, Iling-Junior e Fagioli.
Com mais de 40 mil pessoas no Ramón Sánchez Pizjuán, dando um ambiente eletrizante à casa do Sevilla, o conjunto espanhol entrou claramente com o objetivo de mandar no jogo e assumir a posse de bola, algo que a Juventus não parecia importar-se muito, demonstrando uma clara dificuldade de ligar jogo e apostando na velocidade de Kean e Di María.
Esta posse de bola acabava, no entanto, por ser diversas vezes inconsequente da parte do Sevilla, que ia apostando em demasia em cruzamentos, principalmente pela direita - lado de Navas e Ocampos -, o que se tornava alvo fácil para o sistema de três defesas organizado da Juventus - apenas numa vez criou realmente perigo, mas Szczesny fez grande defesa.
Perante isto, a Juventus era uma equipa à imagem de Allegri, cínica e até era quem criava as melhores oportunidades, obrigando Bono a um par de enormes intervenções. De resto, já perto do intervalo, a Vecchia Signora ainda celebrou numa boa jogada, onde Locatelli foi à linha de fundo assistir Rabiot, mas o médio italiano estava em fora de jogo. Domínio e cinismo defrontavam-se, mas anulavam-se ao intervalo.
A ida aos balneários em pouco mudou as dinâmicas do jogo e até retirou o pouco poder de fogo que a Juventus tinha demonstrado, perante o «desaparecimento» de Di María e Kean no jogo, mas as substituições trouxeram nova vida à partida, até porque o Sevilla ia insistindo nos cruzamentos, e o jogo mudou por completo, com os golos a aparecerem.
Completamente contra a corrente, e praticamente na sua primeira intervenção na partida, Vlahovic mostrou toda a sua matreirice e aproveitou um ressalto num defesa para inaugurar o marcador aos 65', obrigando o Sevilla a ir atrás do prejuízo. A resposta de Mendilibar chegou também do banco e apenas seis minutos depois foi o também suplente utilizado Suso quem marcou, num golaço de fora da área. Os golos chegavam e o jogo melhorava, para combinar com o ambiente no estádio.
Com tudo novamente empatado na partida e na eliminatória, o Sevilla foi galvanizado pelos seus adeptos e foi com tudo em busca da vitória no tempo regulamentar, mas não mudou o estilo e foi insistindo em cruzamentos (foram mais de 40 no tempo regulamentar) e cantos (quase 20), com a Juventus a segurar o resultado com unhas e dentes. Quando a defesa falhou, foi Szczesny quem se mostrou em grande, tirando o que seria um grande golo a En-Nesyri e mostrando-se o melhor da sua equipa, para levar tudo para o prolongamento.
Com mais 30 minutos de futebol pela frente, o Sevilla voltou a entrar com tudo e, ironia do destino, acabou por chegar ao golo na forma que tanto falhou no tempo regulamentar: um cruzamento de Bryan Gil na esquerda que Lamela, de cabeça, deu o melhor seguimento para a explosão de alegria dos sevilhanos. Pela primeira vez na partida, a Juventus era obrigada a correr atrás do prejuízo.
Sem nada ter feito para vencer em 95 minutos de futebol, a Vecchia Signora foi em busca do empate, mas a verdade é que pouco conseguiu fazer além de uma série de remates de longa distância e Bono foi-se mostrando bem. Ainda deu tempo para Acuña fazer uma das suas e ser expulso (dois amarelos) por se recusar a fazer um lançamento, deixando a sua equipa reduzida a dez por dez minutos, mas o Sevilla aguentou e marcou presença na final da Liga Europa, onde vai defrontar a Roma, de José Mourinho.
O Sevilla teve uma época para esquecer, mas mudou com a chegada de Mendilibar e está em crescendo. Agora, aproveitou a sua Liga Europa e num estádio cheio mostrou grande vida e vontade de fazer mais e melhor. Merecem claramente a final e assim vão voltar ao Sevilla de outros tempos.
Ter jogadores como Kostic, Vlahovic, Di María, Kean, ... e jogar apenas na transição e cinismo, deveria ser crime, mas Allegri vai insistindo nesta fórmula e foi a Sevilla praticamente apenas para defender. É um justo derrotado.
O neerlandês Danny Makkelie cometeu um grande erro no final da 1ª parte ao não assinalar grande penalidade a favor do Sevilla, mas, de resto, manteve um critério largo, que ajudou a um jogo num ritmo alucinante.