O Braga venceu em Vizela por 0-4 e quem olhar para o resultado pode achar, naturalmente, que os arsenalistas passearam na casa deste rival minhoto, mas não. O jogo esteve longe de ser fácil, para a equipa de Artur Jorge. O Vizela foi muito organizado, mas perdeu o rumo depois do terceiro golo.
Equipas a querer ter bola, pressão alta, mas futebol de ritmo cauteloso e calculista. O espaço para jogar não foi muito, nos primeiros minutos, e as duas equipas tiveram dificuldade em encontrar os caminhos para a baliza.
O jogo entre vizinhos começou por ter domínio bracarense, mas, cedo, o Vizela anulou as movimentações de Abel Ruiz, com uma pressão tipo polícia de Ivanildo Fernandes ao espanhol e os vizelenses passaram a ter um ascendente sobre o desafio.
Depois de saber tirar a bola aos arsenalistas, os homens de Tulipa montaram uma teia perfeita que os fez sair com naturalidade e rapidez da defesa para o ataque. O triângulo desenhado por Claudemir, Guzzo e Nuno Moreira deu ao Vizela o discernimento perfeito para atacar a profundidade, com as fugas de Osmajic, Kiko Bondoso e Samu.
O Braga não conseguiu anular as saídas, mas foi perfeito a subir a linha defensiva e o avançado montenegrino foi apanhado várias vezes em fora-de-jogo. Num dos lances houve uma grande penalidade, anulada pois o avançado do Vizela foi apanhado em posição irregular. O lance demorou muito tempo a ser decidido, por parte de Artur Soares Dias e o Vizela sentiu isso na cabeça.
A concentração dos locais teve um iato, mesmo em cima do intervalo. Os homens de Artur Jorge não se fizeram rogados e Al Musrati aproveitou uma bola perdida para fuzilar a baliza de Buntic. Eficácia máxima do Braga, desalento ainda maior dos jogadores do Vizela.
Se o Vizela tinha sentido o choque, em cima do intervalo, levou com outro no início da segunda parte: o Braga foi letal e tirou o tapete aos vizelenses logo nos primeiros instantes do segundo. Uma falha descomunal, da zona intermédia da equipa de Tulipa, e depois houve magia a sair do pé esquerdo de Iuri Medeiros.
Os homens de Artur Jorge ficaram soltos, o Vizela arriscou e perdeu o sentido que quis levar para o jogo desde início. A partir desse momento, a partida ficou com mais espaço e as individualidades começaram a surgir. O Braga com outra pressão passou a simplificar processos e a aproveitas as subidas do Vizela.
Iuri Medeiros bisou no encontro, mas o quarto golo, feito por Ricardo Horta, foi uma verdadeira obra de arte em toda a conceção. Pela zona central, Al Musrati descobriu o capitão, com um passe em chapéu e o 21 arsenalista finalizou com um remate de moinho.
Já depois do FC Porto ter ganho, o SC Braga fez o mesmo, encostou na luta pelo segundo lugar (está a dois pontos dos dragões), tal como da liderança, uma vez que o Benfica está a sete pontos.
A equipa de Tulipa começa a demonstrar, cada vez mais, muita personalidade e identidade. A equipa minhota tem uma forma de sair a jogar entusiasmante e eficaz. Apesar da pressão do Braga, os homens do Vizela conseguiram, várias vezes, com a mesma jogada ficar em posição privilegiada para marcar.
Mais de cinco minutos para analisar um lance que parecia evidente quebrou um jogo que vinha sendo soltinho e bem disputado. A paragem demorada tornou o ambiente tenso, sem necessidade.
Artur Soares Dias teve uma arbitragem equilibrada e com critério, mas o VAR não foi seu amigo na condução do jogo. Não fez grande sentido o juiz da AF Porto ter ido ver um lance que deveria ter sido decidido de forma prática por Rui Oliveira. Na segunda parte deixou passar uma grande penalidade por assinalar sobre Abel Ruiz, depois de Ivanildo Fernandes ter feito uma cobertura imprudente. Atingiu com o braço o espanhol, que ficou a sangrar. Soares Dias nada assinalou, nem foi rever.