Teve margem mínima, mas autoridade praticamente máxima do FC Porto. Em Guimarães, contra uma equipa que acusou falta de nervo na zona medular, o campeão nacional não deu abébias e ganhou, à conta de um golo de João Mário nos descontos da primeira parte. Num campo onde o líder Benfica não ganhou, os dragões vestiram o fato-macaco para festejar. Marcaram, tentaram marcar mais, controlaram quase sempre o jogo no meio-campo contrário, com uma ótima capacidade de recuperação de bola, e só em bolas paradas tiveram alguns sustos. Todos eles sem que a baliza de Diogo Costa fosse alvejada. Uma vitória justa, portanto, e que mantém os dragões na pista do título.
O jogo não foi espetacular, mas a competência portista foi muito alta no capítulo defensivo, o que praticamente não permitiu oportunidades ao adversário. O 0-1 manteve incerteza até ao fim, só que o jogo de xadrez de Sérgio Conceição permitiu a sensação de controlo, nomeadamente com a passagem para o 4-3-3 na última meia hora, com Otávio a ir para o meio e a ser (uma vez mais) determinante. Tudo isto fez com que o Vitória, que registou a melhor casa da época (quase 20 mil), não tivesse argumentos, até porque André André e Tiago Silva fazem muita falta. Talvez por isso, o ambiente nas bancadas foi globalmente morno, quando costuma ser a ferver. Mérito do FC Porto, que andou sempre com água na mão para não o deixar aquecer.
O sistema de três centrais manteve-se, por Moreno, mas com uma alteração significativa, já que Bamba caiu e deu lugar a maior experiência e músculo. Uma boa forma de lidar com o poderio de Toni Martínez e com as ações de Taremi. Mais sucesso com o primeiro do que com o segundo, que teve alguns lances em que conseguiu encontrar espaço, quase sempre de trás para a frente.
Ora, foi numa exceção a isso que o golo apareceu, já nos descontos da primeira parte, num bom gesto de João Mário. Um golo carregado de serenidade para os portistas, numa altura em que Sérgio Conceição já mostrava desagrado capaz de se traduzir em algumas duras ao intervalo.
Não sabemos se as houve ou não. Sabemos que daí não vieram grandes melhorias para os vitorianos, incapazes de se posicionarem mais à frente: a equipa continuou a sair curto, mas a bater logo a seguir perante a pressão portista. A mestria de Uribe e dos centrais a lidar com esses momentos permitia aos dragões recuperarem rapidamente a bola, bem tratada depois por Otávio e Eustaquio - foi subindo ao ritmo do relógio.
Quando os últimos minutos apareceram, e já depois de Pepê ter agitado bem o jogo, Sérgio Conceição juntou consistência à equipa, com Grujic.
Claro que o resultado permitia aos vimaranenses acreditarem. Mas pouco mais do que isso. Surgiram algumas bolas paradas prometedoras, só numa Safira conseguiu criar algum burburinho e noutra Mikel e Bruno Varela (esse mesmo) tentaram a finalização. Diogo Costa conseguiu acabar o jogo sem qualquer defesa. Um dado perfeitamente exemplificativo da incapacidade da curta equipa vitoriana, que colecionou amarelos na parte final, altura em que faltaram forças.
Antes disso, já tinha faltado outra coisa: clarividência no meio-campo. É que uma coisa é ter André André e Tiago Silva, experientes sabedores que conseguem gerir o jogo (basta lembrar a receção ao Benfica). Outra coisa é ter Janvier e Dani Silva, mais verdes.
Sérgio Conceição passou, uma vez mais, na terra onde foi o último a bater... o FC Porto. E os dragões dobram o campeonato em plena luta pelo título.
Quando um guarda-redes não faz uma única defesa a remates enquadrados, há um sinal claro de eficácia de quem está mais à frente. Para um jogo duro, Conceição voltou a chamar Pepe à titularidade e a dupla de centrais, com quase 80 anos no somatório, mostrou que a veterania é um posto.
A dupla do meio-campo vitoriano não esteve mal, mas quebrou muito na segunda parte e foi curta nas segundas bolas, o que fez com que os dragões ganhassem grande parte dessas e, assim, controlassem o jogo. Faltou mais sabedoria, mas também mais frescura.