Grande Dérbi, o Dérbi Eterno. O de Lisboa. Os dois maiores emblemas da capital portuguesa voltaram a defrontar-se, no Estádio da Luz, e a vitória não foi de ninguém. Um empate bom, tão quentinho como pediu este domingo frio, mas que acaba por não satisfazer ninguém.
Não deixa feliz o leão, que queria reduzir o desapontante défice de 12 pontos e não conseguiu fazê-lo, apesar de ter estado na frente duas vezes. A águia também não ri, deixando dois pontos fugir em casa num jogo em que somou mais produção ofensiva que o adversário. Satisfeitos só os rivais, talvez, que ganharam pontos e ainda viram uma boa partida de futebol.
Numa altura em que os adeptos já não podem recorrer à pirotecnia para apoiar as suas equipas, foi o Benfica que usou fogo e jogos de luzes num verdadeiro espetáculo de abertura. Foi assim que grande jogo desta 16ª jornada começou, com toda a pompa que este confronto justifica, mas depois do apito inicial foi o nervosismo que se sentiu em massa.
Rapidamente se instalou o modo dérbi, no qual deixa de importar forma e classificação . São só duas equipas, rivais. O Benfica, poderoso e quase invicto Benfica, não demorou a ceder a posse de bola ao adversário. Do lado do Sporting foi Coates, o mais experiente e valente dos leões, o primeiro a mostrar um severo caso de borboletas na barriga.
«Baaaah!» Uma interjeição que mudou o jogo.
O lateral direito colocou a bola dentro da própria baliza, depois de um bom trabalho entre Porro e Edwards, e o Sporting colocou-se na frente. A partir daí, o futebol mudou de ritmo e a qualidade subiu alguns furos.
Rafa e António Silva tiveram momentos brilhantes, tal como Ugarte e Paulinho. O calor do jogo subiu a pique e a Luz acabou por ferver ao 37º minuto, quando Ramos deixou Inácio a comer pó numa batalha de Gonçalos. Com um empate, a melhor versão do jogo seguiu para a segunda parte.
Começou com nova luz verde, o segundo tempo. Logo ao primeiro lance de relevo, Paulinho ganhou um espaço que não parecia ser seu e foi derrubado em falta pelo menino António, que assim cedeu uma grande penalidade. Pote não desperdiçou e a cor da esperança reinou uma vez mais, mas por tempo limitado.
Até aqui, o segundo tempo partilhava muitas semelhanças com o primeiro. A diferença é que teve uma tendência para se avermelhar cada vez mais.
Amorim mexeu na defesa e no ataque, promovendo a estreia do jovem Chermiti. Schmidt lançou Neres, que esteve muito longe de ter impacto positivo no jogo. Mas foi o Benfica que lutou mais pelo golo e teve uma mão cheia de aproximações com grande potencial, mesmo sem formar uma chance flagrante. Dessas só houve mais uma, com Chermiti a não conseguir transformar o dia de estreia no melhor dia da sua vida.
Terminou em empate, lá está, porque nenhuma classificação decidirá o Dérbi Eterno.
Depois dos golos começarem a surgir, este Dérbi trouxe alguns dos melhores minutos de futebol desta edição da Primeira Liga. Duas equipas competentes, cientes das suas capacidades e dispostas a fazer todos os possíveis para esconder as fraquezas. A partir do momento em que os nervos a saíram janela fora, houve um jogo riquíssimo.
Duas equipas grandes, fortes, que lutaram para ganhar. Uma delas com olho no título e outra com o objetivo de reduzir uma distância que já vai alarmantemente grande. Ambas se defenderam em argumentos e atacaram os do adversário, mas, no fim, ninguém ganhou. Um consenso estranho, depois de um dérbi tão quente.