Se são candidatos, então têm ainda muito a melhorar. Num jogo onde o Senegal até foi a melhor equipa, na pintura geral do jogo, e chegou a encostar os Países Baixos às cordas, os neerlandeses beneficiaram de um letalidade nos minutos finais - e uma grande exibição do guarda-redes Noppert - para vencer o conjunto africano por 0-2.
Os Países Baixos estavam de volta a um Campeonato do Mundo oito anos depois e queriam entrar com o pé direito, embora não contassem, de início, com Memphis Depay, ainda a recuperar completamente de lesão. Do outro lado, havia um Senegal «amputado» da sua maior estrela, Sadio Mané, que foi «cortado» das escolhas senegalesas à última hora, por lesão.
Como seria de esperar, os Países Baixos tentaram assumir a posse de bola desde o início, mas a verdade é que tiveram muitas dificuldades em fazer a ligação defesa-ataque a partir de trás e o mérito disso mesmo foi para o Senegal. O conjunto africano exerceu uma pressão altíssima e foi expondo as dificuldades neerlandesas na construção, especialmente pelo facto de faltar algumas presença no miolo, além de Frenkie de Jong, para fazer essa ligação entre setores.
Quanto ao Senegal, não se inibiu perante a ausência de Sadio Mané e foi sendo atrevido, obrigando ao erro neerlandês através da sua pressão altíssima - que foi baixando, naturalmente, com o tempo. Ismaila Sarr e Diatta iam sendo uma dor de cabeça para os Países Baixos e foram dando algum aroma de rebeldia criativa ao longo da 1ª parte, mas isso apenas chegou para assustar o conjunto europeu e o 0-0 persistiu até ao intervalo, num jogo a deixar algo a desejar.
Depois de uma 1ª parte que deixou algo a desejar, Van Gaal não mexeu logo nas peças e procurou sim colocar Gakpo mais próximo de De Jong, mas o avançado do PSV estava claramente fora do seu habitat e as dificuldades neerlandesas continuaram. Depay entrou e trouxe mais movimento ao ataque da Laranja (pouco) Mecânica, mas a verdade é que estes iam sendo praticamente inofensivos e o Senegal aproveitou.
4.º ⚽golo de Gakpo pela seleção 🇳🇱, ele que marca na sua estreia no Campeonato do Mundo pic.twitter.com/15rM4Byapp
— playmakerstats (@playmaker_PT) November 21, 2022
O conjunto africano tinha o jogo como queria e ia criando perigo na transição, embora os seus intervenientes estivessem claramente a ficar desgastados com a pressão exercida e a velocidade imposta no jogo - um par teve mesmo que ser substituído. Os comandados de Aliou Cissé até iam sendo a equipa mais perigosa e foram obrigando o estreante Noppert a algumas boas defesas - destaque para o remate de Gana Gueye aos 73', de fora da área -, mas faltava o desejado golo para a surpresa.
Nada parecia resultar para os Países Baixos, mas a dez minutos do fim, Van Gaal finalmente percebeu que as dificuldades estavam no meio, fez entrar Klaassen e Koopmeiners para essa zona e passou Gakpo para a ala. O efeito foi imediato, até porque quatro minutos depois chegou o golo neerlandês. Em ataque posicional, o extremo do PSV partiu da direita para o meio, num movimento de rutura nas costas da defesa, e aproveitou um passe milimétrico de Frenkie de Jong para se antecipar a Edouard Mendy, até então quase espetador, e, de cabeça, fazer o golo inaugural. Um golo contra a maré.
O brasileiro Wilton Pereira Sampaio teve um jogo de fácil ajuizamento e foi deixando o jogo correr. Nada a apontar.
Sem a sua estrela, o Senegal apresentou-se em grande e foi uma equipa no verdadeiro sentido da palavra, com a lição claramente estudada e em busca dos seus pontos fortes. Saem deste jogo sem pontos, mas com a certeza de haver potencial e de terem conquistado muitos fãs pelo mundo fora.
Oito anos depois do seu último jogo num Mundial, esperava-se uns Países Baixos com fome de se mostrar e ao futebol que os caracteriza, mas esta Laranja Mecânica esteve irreconhecível na generalidade do jogo e valeu pela letalidade mostrada nos últimos minutos para conseguir uma vitória algo injusta.