Parecia mais uma noite para esquecer em Alvalade, mas desta vez houve reação à altura. O Sporting começou por sofrer primeiro, mas uma grande reviravolta da equipa leonina, com a entrada de Paulinho a marcar o segundo tempo, foi determinante. Clayton marcou em cima do intervalo, mas o Casa Pia não conseguiu segurar a vantagem e acabou derrotado em Alvalade, por 3-1 e foi ultrapassado pelos leões na classificação.
Recuperar de uma queda, nem sempre é fácil. O Sporting tinha caído na Taça, vinha de duas derrotas pesadas na Liga dos Campeões e tinha tudo para ficar no chão. Em Alvalade, o ambiente nem sempre esteve propício e aquele final de primeira parte, quando Clayton deixou o Casa Pia, sensação desta primeira fase do campeonato, na frente do marcador, fez antever o pior.
Antes disso, o jogo tinha sido entretido. O ascendente foi leonino, mas com o Casa Pia a dar sempre um ar da sua graça. Geralmente por Godwin, qual seta apontada ao coração dos sportinguistas. Imparável, o nigeriano. No Sporting, o jogo ofensivo era mais coletivo, mas...
Sempre o mas. Ao contrário do que aconteceu frente ao Varzim, desta vez não se viu um deserto de ideias que culminava invariavelmente numa bola bombeada para os cabeceadores natos Trincão, Pedro Gonçalves e Edwards. Aliás, o inglês, na sequência de um canto, teve um falhanço escandaloso, precisamente de cabeça, como que a dizer: «Não cruzem para mim.»
O jogo leonino era feito de combinações, com Morita a aparecer muito e bem em zonas de ataque, Pedro Gonçalves a dar-se mais ao jogo, Trincão a driblar e era só. Apesar da superioridade com bola e nas situações de golo - Ricardo Batista fez enorme intervenção -, o Sporting parecia sempre em inferioridade numérica no momento de finalizar. Faltava qualquer coisa para passar um Casa Pia organizado, que não veio com grande vontade de dar espaço aos leões.
Veio, isso sim, com vontade de aproveitar o espaço na direção da baliza de Adán. O remate de Clayton ao ferro da baliza de Adán foi o primeiro aviso para o momento que gelou Alvalade, na reta final da primeira parte. O passe de Godwin foi meio golo, a finalização de Clayton teve classe, mas aquela linha defensiva deste Sporting já não é como era. A ausência de Coates não explica tudo.
Com as bancadas de Alvalade divididas nos cânticos anti-Varandas (sim, estão de regresso) e no apoio à pirotecnia, que motivou carga policial junto às claques, a união existiu quando Hélder Malheiro apitou para o intervalo. Preocupação nos rostos e a sensação de que iria acontecer Sporting.
Na vantagem do Casa Pia, havia mérito dos homens de Filipe Martins. A organização da formação de Pina Manique foi o ponto forte na II Liga e continua a sê-lo na Primeira, só que o nível do teste muda em jogos como este e quando se esperava um Sporting débil e a entrar na maré dos cruzamentos, eis que tudo mudou.
A estreia de Chico Lamba, que já vinha a ser preparada na primeira parte, aconteceu por motivos físicos e o certo é que o defesa teve dificuldades nestes primeiros 45 minutos na equipa principal. Pela frente teve Godwin, que em velocidade fez com que o jovem leonino parecesse correr com pesos nas pernas. Tudo podia ter sido diferente nesse momento, mas a resolução leonina permitiu a reação que poucos acreditariam, tendo em conta as circunstâncias.
Na teoria, as mudanças pareceram lógicas. Paulinho jogou na frente, Edwards passou para a esquerda, isto depois de Trincão acertar em cheio no poste da baliza do Casa Pia. Tal como na primeira parte, havia Sporting junto à baliza de Ricardo Batista, mas faltava qualquer coisa e essa qualquer coisa foi Paulinho.
O impacto da entrada do avançado foi imediato e depois de um remate forte de Porro (melhorou a olhos vistos com Edwards no mesmo flanco), o internacional português apareceu no sítio certo para encostar. A tal sensação de inferioridade numérica quando o Sporting atacava, perdeu-se e a mudança foi do noite para o dia.
Logo a seguir veio o golo de Nuno Santos. Não foi preciso esperar pela reviravolta. Perfeito para os homens de Rúben Amorim, que, com o passar dos minutos, podiam sentir a pressão de chegar ao golo e cair novamente no erro dos cruzamentos precipitados. Não aconteceu isso e não aconteceu Sporting.
De penálti, Pedro Gonçalves fechou o marcador e começou a cair chuva em Alvalade. Reviravolta abençoada e pazes feitas... por agora.
Depois do que aconteceu nas últimas semanas, o mais natural seria cair depois daquele golo em cima do intervalo, mas não foi isso que aconteceu. Desta vez, a equipa de Rúben Amorim levantou-se e foi com tudo para alcançar a reviravolta, que conseguiu em poucos minutos e de forma mais do que merecida.
Poucos minutos depois de ter sido exibida uma tarja na zona das claques do Sporting, acompanhada por alguma pirotecnia, a polícia entrou com tudo sobre os adeptos leoninos. Imagens e ações desnecessárias, numa altura em que cada vez há mais motivos para ver o jogo em casa e não no estádio.