A nossa crónica de rescaldo incide e força o cenário de azar extremo do Santa Clara na deslocação a Famalicão. Mas queremos deixar bem claro que o mérito da equipa da casa não sai minimamente beliscado. A vitória por 1-0 é justa, mas este jogo é para os apanhados açorianos...
O triunfo, o primeiro da Liga, para os minhotos era de vital importância, para que nenhuns fantasmas começassem a surgir. E a equipa de Rui Pedro Silva soube conservá-lo de forma exemplar no meio de tanta incidência que aconteceu ao Santa Clara. Já se sabe ganhar em Famalicão!
'Há dias de manhã que um homem à tarde não pode sair à noite'. A frase remete para um dia daqueles, que ninguém quer recordar por mais que lhe peçam. Um dia em que tudo corre mal, mesmo que se lute pelo contrário. Deve ter sido mais ou menos assim que Mário Silva se deve ter sentido nesta primeira parte. Nada, mesmo nada, correu bem à equipa açoriana.
A jogar no terreno de um Famalicão que vai crescendo neste início de época, Mário Silva já sabia que ia ter mais um capítulo do desafio mais complicado da sua carreira, como o próprio admitiu na antevisão. A iniciativa na primeira hora foi praticamente sempre do Famalicão, balanceado pelo muito público que compareceu num belo domingo meteorológico.
Azar, capítulo 2. Minuto 26´. Já depois de uma oportunidade para ficar a perder por dois golos, lesão de Diogo Calila, o único jogador em quem Mário Silva apostou de diferente em relação ao último jogo. Um capítulo que até teve o condão de acordar os açorianos, que tiveram no remate acrobático de Rildo para estupenda defesa de Luiz Júnior a grande ocasião da primeira parte.
Azar, capítulo 3. Minuto 39´. Melhor na partida no último quarto de hora, o Santa Clara sofreu nova contrariedade´, quando Ricardinho não aguentou a pancada de Riccieli e teve de sair sem conseguir o colocar o pé no chão. Não queremos, porém, tirar o mérito ao Famalicão, melhor na globalidade da primeira parte e merecedor da vantagem. Há dias assim...
A toada manteve-se nos primeiros minutos da primeira parte, com o Santa Clara a querer reagir à desvantagem, mas a intenção pouco durou. O Famalicão assumiu-se rapidamente para o definitivo safanão no jogo e teve várias ocasiões para isso, principalmente por um sempre esforçado Álex Millán.
Ora, percebendo isso, Mário Silva mexeu e esgotou as alterações à hora de jogo. As peças passavam a estar todas no tabuleiro de jogo, mas os caminhos do xadrez do Famalicão estavam cada vez melhor tapados e protegidos. E quando não era pela quase sempre atenta defensiva do Famalicão... era pela falta de pontaria.
Azar, capítulo 4. Minuto 75'. E este azar tem de ser em itálico, porque apesar do falhanço de Matheus Babi, após belo desdobramento ofensivo, não ter explicação... é bem distinto dos acontecimentos anteriores. É que o controlo do Famalicão estava a esmorecer e o Santa Clara começava cada vez mais a merecer o empate.
Era tempo de carregar. Com tudo o que sobrava na equipa de Mário Silva. Com tanto azar e contrariedade, o Santa Clara continuava, ainda assim, a sonhar com os pontos, aproveitando as dificuldades do Famalicão em fechar o jogo a seu favor. Mas nem isso correu bem...
Foram três jogos sem que o Famalicão conseguisse marcar na Liga e este dado esvaneceu-se contra o Santa Clara. Podiam ter sido mais golos, tamanhas foram as oportunidades ao longo de todo o jogo, mas o mais importante foi conseguido. Agora é uma questão do ketchup deitar mais...
O que Mário Silva disse na antevisão a este jogo pode ter sensibilizados os mais distraídos para a questão da reformulação profunda do Santa Clara esta época. Não bastasse este cenário, os açorianos ainda tiveram que prescindir de duas alterações por motivos físicos. Quando as coisas teimam em não correr bem...
Arbitragem muito segura e assertiva de Fábio Veríssimo em todo o jogo. Os jogadores ajudaram a que a partida não fugisse nunca do seu controlo.