Nova época, novo treinador, novo Mágico. O mágico André Franco pode ter saído, mas o Mágico Estoril não perdeu a sua magia neste arranque de campeonato e bateu o Famalicão de forma convincente por 2-0. De resto, até parece que Nélson Veríssimo arranjou o «seu» novo feiticeiro, Tiago Gouveia, jovem extremo emprestado pelo Benfica.
A Liga Portugal Bwin estava de volta e, por isso, o Estádio António Coimbra da Mota «vestiu-se» a rigor para o duelo entre o Estoril e o Famalicão. Do lado da casa, um novo começo sob o comando de Nélson Veríssimo, que implementou algumas novidades na equipa e chamou ao onze titular os reforços Pedro Álvaro, Gonçalo Esteves, Mor Ndiaye e Tiago Gouveia, assim como o regressado João Carlos, melhor marcador da última edição da Segunda Liga. Já do lado forasteiro, o técnico Rui Pedro Silva também trouxe novidades e deu a titularidade aos reforços Martin Aguirregabiria, André Simões, Rui Fonte e Alejandro Millán.
Apesar da mudança técnica, o Estoril Praia apresentou-se neste arranque de temporada com um desenho tático semelhante, embora com um duplo pivot defensivo distinto, com Rosier com maior liberdade ofensiva e Ndiaye mais fixo, enquanto cabia a Francisco Geraldes «fazer de» André Franco na ligação entre setores. Inicialmente, este trio do miolo pareceu demasiado estático na construção a partir da defesa, o que levou Joãozinho e Gonçalo Esteves a ganhar importância no ataque à profundidade, assim como as diagonais de Arthur Gomes.
Com espaço para ter bola no meio campo adversário, o Estoril soube aproveitar e foi impondo maior velocidade nos processos, acabando por chegar ao golo no minuto 20. Numa jogada coletiva muito bem conseguida, com uma variação de flancos constante e rápida, Tiago Gouveia tirou um adversário do caminho na direita com uma bela receção e cruzou rasteiro. Depois de alguma confusão, Francisco Geraldes atirou para o 1-0 e inaugurou o marcador. Esperava-se uma reação do Famalicão e houve maior ritmo na troca de bola, mas quase sempre inconsequente, com muita dificuldade em chegar ao último terço com bola controlada, apostando quase sempre em cruzamentos, que acabaram por ser facilmente controlados pela defesa do Estoril.
Perante a incapacidade forasteira de causar dificuldades, o jogo baixou de ritmo durante largos minutos e foi necessário um erro individual de Alexandre Penetra, que perdeu a bola em zona proibida, mesmo em cima do intervalo, para a festa voltar ao António Coimbra da Mota. Mais uma vez, coube a Tiago Gouveia agitar as águas. O extremo emprestado pelo Benfica aproveitou esse erro, driblou um adversário e desmarcou Arthur Gomes. Na cara de Luiz Júnior, o extremo brasileiro foi frio, tirou o compatriota do caminho e fez o 2-0.
Em desvantagem e depois de uma 1ª parte pobre, o Famalicão regressou dos balneários com o claro objetivo de melhorar a imagem deixada, entrando para a 2ª parte a pressionar mais alto e com mais intensidade no ataque à profundidade através da velocidade dos seus extremos. Logo à passagem do minuto 51, a partida podia ter sido relançada, mas o reforço Millán permitiu a Dani Figueira defender (muito bem) a grande penalidade que o próprio sofreu. Na recarga, Kadile também não fez melhor.
Quanto mais o relógio andava, mais a moral e capacidade de resposta do Famalicão pareciam baixar. O ritmo imposto nos minutos iniciais praticamente desapareceu e nem as mexidas de Rui Pedro Silva pareceram surtir o efeito desejado. E mesmo das poucas vezes que as oportunidades surgiram, havia um Dani Figueira em grande do outro lado. Não era o dia do Famalicão e o Estoril acabou mesmo por vencer, de forma justa e convincente, por 2-0.
Ainda há trabalho a fazer e é quase impossível esquecer André Franco face à sua importância, mas já há jogadores neste «novo» Estoril que prometem adoçar a equipa ao longo da época. Tiago Gouveia encabeça a lista, mas Bernardo Vital também mostrou uma grande maturidade.
Ofensivamente, a 1ª parte foi praticamente nula para o Famalicão e o desenho melhorou na 2ª parte, mas falhar uma grande penalidade logo a abrir não ajudou a moral e permitiu ao Estoril suster a maior pressão. Há que melhorar.
O árbitro Nuno Almeida procurou manter um critério bastante alargado e isso trouxe um ritmo muito mais agradável ao jogo na1ª parte, embora, mais no final, pudesse ter tirado o cartão do bolso para impedir algumas atitudes de jogadores. O penálti na 2ª parte é bem assinalado.