Que é como quem diz: «Acabar a época com um melão.» Depois de três jornadas sem derrotas, Portugal sofreu o primeiro desaire na Liga das Nações e perdeu a liderança do grupo 2 para a Espanha. A seleção de Fernando Santos, que não teve Cristiano Ronaldo, sofreu logo ao primeiro minuto, por intermédio de Seferovic, e acabou por realizar uma exibição muito pobre frente à seleção da Suíça (1-0).
Com uma segunda parte bem mais interessante do que a primeira, Portugal acabou sempre por esbarrar no guarda-redes Omlin. No entanto, apesar das oportunidades criadas, este acaba por ser mais um jogo que entra na lista daqueles em que Portugal podia e devia ter feito muito mais e melhor.
Cristiano Ronaldo já foi de férias, mas talvez não tenha sido o único. O capitão da seleção nacional foi um dos dispensados de marcar presença em Genève para o jogo com a Suíça e, embora a ausência do avançado do Manchester United não explique tudo, alguns jogadores não conseguiram aproveitar a oportunidade para mostrar que há vida além de CR7 - Cancelo, Pepe e Danilo acabaram por fazer os quatro jogos consecutivos no onze.
Depois de dois jogos positivos em Alvalade, a seleção portuguesa voltou a sair de casa para mais um jogo pouco conseguido, que começou da pior maneira. O golo de Seferovic, ainda antes de ter sido cumprido um minuto de jogo, deixou Fernando Santos à beira de um ataque de nervos e isso parece ter chegado aos seus jogadores.
Portugal realizou uma exibição recheada de erros individuais e de uma pobreza coletiva onde se sentiram as ausências de Bernardo Silva, pelas combinações à direita com João Cancelo, que esteve uma sombra do que fez nos últimos jogos, e de William Carvalho, pela capacidade de controlar o ritmo e o jogo com bola, algo que Portugal não conseguiu ter, especialmente na primeira parte.
No flanco esquerdo, Bruno Fernandes, Nuno Mendes e Rafael Leão tentaram algumas combinações que não resultaram e procuraram também jogadas individuais, quase sempre anuladas pelos suíços ou até fracassadas por precipitação dos jogadores portugueses.
Havia uma aparente urgência em chegar à baliza suíça e isso fez com que Portugal se perdesse em constantes cruzamentos e arrancadas pelos flancos condenados ao fracasso. A exceção foi mesmo um golo anulado a Rafael Leão, por fora de jogo de André Silva, mas pedia-se muito mais na segunda parte.
O problema é que, quando Portugal melhorou, apareceu Omlin. O guarda-redes do Montpellier até estava a fazer a estreia em jogos oficiais, o que por si só já seria inesquecível, mas tratou de fazer uma segunda parte verdadeiramente memorável.
As melhorias portuguesas passaram muito pelas alterações de Fernando Santos, primeiro ao colocar Gonçalo Guedes, dando mais poder ofensivo ao lado direito português, e depois Bernardo Silva, que veio ressuscitar por instantes o desaparecido João Cancelo.
Mesmo sem as tais ideias (não se percebe porquê tanta precipitação e tantos erros na definição), Portugal criou um volume de jogo suficiente para chegar ao golo e até ameaçar a reviravolta, só que Omrlin, que foi ouvindo das boas a cada pontapé de baliza, esteve intransponível.
Portugal acabou o jogo em cima da área suíça, com várias oportunidades para Ricardo Horta, Pepe e Diogo Jota, insuficientes para evitar a primeira derrota na fase de grupos da Liga das Nações e a perda do primeiro lugar, que pertence agora à seleção espanhola.
Apesar das habituais perdas de tempo, o guarda-redes suíço teve uma exibição para mais tarde recordar, especialmente na segunda parte, e acabou por ser o grande responsável pelo triunfo helvético.
Depois de exibições convincentes frente a Suíça e Chéquia, a seleção portuguesa pareceu voltar à forma que mostrou na reta final da qualificação para o Mundial. Um deserto de ideias a nível ofensivo e alguma precipitação com bola.