Mesmo com uma expulsão muito cedo, o Estoril bateu-se bem em Vila Nova de Famalicão, onde só no fim, após desperdício, se respirou de alívio. O jogo pareceu sempre favorável, mas a equipa de Rui Pedro Silva só no fim conseguiu sossegar o coração dos adeptos, que, agora sim, podem contar com mais uma época de Primeira Liga. Marín esteve em dois golos, Cádiz entrou para dar outra dimensão ofensiva à equipa e Pepê foi o comandante de uma tripulação que sofreu alguns ventos, sem nunca tombar. Pelo contrário, está em terra firme!
Há um bom pedaço temporal que Famalicão não sorria. Azar, culpa própria, culpa alheia, as justificações foram variadas e legítimas. A corda nunca esteve ao pescoço, mas ia passeando ao redor na cabeça de um clube que chegou a parecer embalado para voos mais ambiciosos, embora vacilando nos últimos tempos. Mais do que qualquer outro aspeto, era necessário um triunfo para afastar de vez qualquer fantasma da luta pela manutenção. O povo aderiu, como sempre, a equipa correspondeu.
Nessa altura, já Rui Pedro Silva tinha desfeito o esquema de três centrais. Penetra foi o sacrificado, Cádiz foi para o campo fazer companhia a Banza e, no meio desse rebuliço do fim da primeira parte, chegou o golo, numa boa subida do lateral Marín à área contrária.
Aí, como na expulsão, como no golo, o timing foi perfeito para a equipa de Rui Pedro Silva.
Mesmo com o jogo a estar de feição, o tal aviso foi bem recebido pela equipa famalicense. Nem sempre se sentiu paciência vinda da ansiosa bancada, o que é compreensível pelo contexto, mas o Famalicão foi inteligente na gestão dos ataques (veja-se o primeiro golo, que Bruno Rodrigues começa para travar um contra-ataque para a chegada de mais colegas). A equipa cresceu novamente, depois de algum adormecimento, e chegaria a um golo que tinha tudo para ser o da tranquilidade.
Numa primeira fase, Rui Pedro Silva manteve o esquema, com quatro homens muito ofensivos, só que a aproximação dos 90 minutos fez com que regressasse aos três centrais, à procura de maior coesão. E foi mais recuada que conseguiu o espaço para o contra-ataque fatal, vindo do banco, com Pedro Marques a dar a glória a Kadile.
Tantas vezes se critica e, mesmo não se tendo tratado de um jogaço, assistiu-se a um bom jogo de futebol, com vontade de ganhar mesmo na adversidade e com treinadores a variarem nas soluções apresentadas. Não foi por isso que não houve ambição.
Uma expulsão ao quarto de hora de jogo condiciona, e de que maneira, uma equipa. Bruno Pinheiro teve o mérito de retocar a equipa sem ter de ir ao banco e o comportamento foi bom, mesmo quando, do outro lado, vieram mais avançados. Só que a desvantagem numérica revelou-se fatal.
Arbitragem com um ou outro erro de pormenor, mas bem na generalidade dos lances capitais. Dúvidas apenas se houve golo ou não no lance de Alex Nascimento.