De um lado, não queriam mais que isto. Do outro, não fizeram por merecer mais. No final, o empate a zero entre Benfica e Famalicão persistiu. deixando a desejar para ambas as equipas face às suas necessidades nesta ponta final de campeonato.
Galvanizado pela vitória frente ao rival Sporting (0-2), e ainda com esperança de alcançar o 2º lugar, o Benfica recebia o Famalicão com Paulo Bernardo e Gil Dias a serem chamados ao onze inicial, enquanto Rafa (lesão) e Everton (castigado) eram ausências. Do lado do Famalicão, a permanência na Liga Portugal bwin estava longe de estar assegurada e Rui Pedro Silva promoveu quatro alterações face ao último jogo (2-2 com o Gil Vicente).
Sem os seus dois habituais extremos titulares, Nélson Veríssimo apostou em Gil Dias, que vinha de marcar em Alvalade, e Diogo Gonçalves para essas posições, dois jogadores com características bastante distintas dos «donos» dos lugares e talhados para dar uma maior largura ao jogo. Quiçá por isso mesmo, a aposta para preencher o meio campo passou por Paulo Bernardo, um médio mais móvel, mas mesmo assim a equipa denotava a ausência de jogadores na zona central aquando da construção, especialmente devido aos habituais movimentos para as alas de Darwin.
Com as duas equipas a parecerem estar quase «encaixadas», era o Benfica, com naturalidade, que procurava assumir as rédeas do jogo e os jovens Gonçalo Ramos e Paulo Bernardo eram os trabalhadores que tentavam posicionar-se entre setores, e no muitas vezes desertificado centro, para desequilibrar. No entanto, as oportunidades de golo foras escassas e apenas um potente remate de Diogo Gonçalves, aos 41 minutos, na ressaca a um canto serviu para aquecer as luvas a Luiz Júnior.
Findado o intervalo, a ansiedade no Estádio da Luz ia crescendo, com os adeptos desesperados por claras melhorias na 2ª parte. Contudo, com exceção para um para de movimentos de Grimaldo pelas zonas centrais - que foram praticamente inexistentes na 1ª parte -, pouco melhorou o cenário do jogo e tardou até Nélson Veríssimo mexer na equipa. Foi apenas ao minuto 57 que o técnico encarnado chamou a jogo Yaremchuk, dando à equipa a tal referência posicional, e libertando Darwin para a ala esquerda.
A utilização de Yaremchuk como pivot ofensivo acabou por fazer a diferença e o ataque do Benfica tornou-se ligeiramente mais dinâmico e as oportunidades foram surgindo com um pouco mais de frequência - destaque para um pontapé de bicicleta de Paulo Bernardo aos 70'. O Famalicão ia-se aguentando e recuando enquanto podia, sabendo que um empate na Luz interessava face à sua situação delicada. Contudo, os corações dos adeptos famalicenses quase «paravam» com o VAR a analisar o que parecia um penálti claro a favor do Benfica aos 83 minutos. O árbitro mandou seguir, mas ficaram muitas dúvidas.
Até ao final, apesar dos sete minutos de compensação dados pelo árbitro, a verdade é que o nó entre as duas equipas não foi desatado e o o nulo - justo face ao que foi feito ao longo dos 90 minutos - persistiu. Com este resultado, o Benfica continua em 3º lugar, agora com 68 pontos, e pode ver o Sporting fugir no 2º lugar, enquanto o Famalicão segue em 14º lugar, com 30 pontos, e na sua luta pela fuga à despromoção.
A chave do jogo surge ao minuto 57, quando Nélson Veríssimo finalmente percebe que a equipa gritava por uma referência posicional na frente de ataque que disfarçasse a ausência de outros jogadores. Talvez se isso tivesse surgido mais cedo o resultado fosse outro, porque as melhorias (embora curtas) foram instantâneas.
O árbitro António Nobre tentou deixar o jogo fluir, o que é correto, mas teve dificuldades em seguir o seu próprio critério e podia ter admoestado mais um par de cartões facilmente face às situações de jogo em causa. Também podia ter sido mais rígido em relação a certas perdas de tempo e aquele lance de possível penálti para o Benfica aos 83 minutos deixa muitas dúvidas, embora aí o VAR tenha a sua culpa.
Bonito ou não, a verdade é que o plano do Famalicão para a visita ao Estádio da Luz resultou. O ataque foi praticamente inexistente , mas defensivamente a equipa esteve bem e aproveitou a falta de referências encarnadas na frente e desinspiração de Darwin.
Sem Rafa e Everton, dois dos seus principais desequilibradores, a equipa do Benfica pareceu outra, principalmente na 1ª parte. Faltou constantemente gente em posições centrais e que compensasse as lateralizações de Darwin. Havia vontade, mas sem grande critério.