Dérbi quente, quentinho na noite fria de Vizela. O FC Famalicão esteve a vencer até dentro do período de compensação, altura em que Cassiano fez explodir o «inferno» vizelenses, onde quase 3.500 adeptos festejaram o empate de forma efusiva. Um ponto para cada um na luta pela manutenção.
«Pontos precisam-se.» O aviso podia estar afixado em qualquer das duas localidades. A ânsia de escapar à «forca» e, com ela, à descida de divisão levou FC Vizela e FC Famalicão a uma espécie de «fuga para a frente» nos primeiros 45 minutos. O jogo foi mexido e com as duas equipas a mostrarem intenção de futebol ofensivo. Nessa vontade, a quota de passes errados foi assinalável; detalhes.
Ainda assim, sinal mais para a equipa de Vila Nova de Famalicão. Pelo menos até aos 40 minutos. Mas já lá vamos. Quem tem João Carlos Teixeira tem, quase sempre, regra e esquadro. O médio foi o doseador perfeito no jogo fluído que saía de trás, fosse por Pêpê ou Pickel. Aos 22 minutos tentou alvejar a baliza, aos 24' preferiu servir Bruno Rodrigues com um cruzamento rasteiro da direita para o 0x1.
Até perto do intervalo, Rui Pedro Silva foi dono da melhor equipa em Vizela, da mais segura e da mais ativa com bola. Para além do golo - que só o VAR validou com recurso às linhas de fora de jogo -, destaque para um passe magistral de Pêpê a isolar Bruno Rodrigues (17') com o resultado pousado no nulo; o avançado atirou para as nuvens, qual castigo à visão de Pêpê.
Foco no Vizela, agora. À vontade de pegar no jogo do Famalicão, o conjunto de Álvaro Pacheco respondeu na mesma moeda. Por aí, diferença nula. Foi no critério com bola, na capacidade de construir lances de perigo que esteve, durante largos minutos, o fosso entre ambas as equipas. Ainda assim, no período temporal dominado pelos visitantes, Sarmiento esteve na cara de Luiz Júnior (23'), que defendeu.
Mas foi na reta final da primeira parte que o Vizela respirou o seu melhor ar - isto depois de Sarmiento ter saído para dar lugar a Nuno Moreira. Foi maior a pressão, maior a segurança em posse e, consequentemente, o Famalicão abanou. Aos 37' e 41 minutos, as oportunidades soberbas para o empate. Luiz Júnior foi soberbo na primeira, a evitar o golo de Rashid, e displicente na segunda, quando saiu fora de tempo e permitiu que Samu encontrasse Nuno Moreira que, em duas tentativas (uma defendida por Luiz Júnior), ficou perto do golo.
Faltou eficácia, sobretudo, nesses momentos. E o jogo haveria de mostrar que raramente o FC Vizela estaria tão perto de bater Luiz Júnior. Na segunda parte, o Famalicão passou de equipa melhor a equipa mais «matreira» durante largos minutos. A equipa da casa assumiu, pegou no jogo de frente e tentou, mas sem capacidade para o detalhe final... até aos 91 minbutos.
Antes, a melhor ocasião até foi de Bruno Rodrigues, bem no arranque da segunda parte, lançado por Banza. Mas na cara de Pedro Silva atirou ao lado. Foi, em certa medida, uma segunda parte estranha. Deu mais Vizela, mas a sensação de que poderia, de facto, chegar aos pontos, nunca pairou verdadeiramente no ar. Até a esse minuto 91, já com o Famalicão reduzido a 10, quando Cassiano, servido por Kiko Bondoso, fez o 1x1 final.
Numa Liga que anseia por estádios cheios, a presença de quase 3.500 no estádio do Vizela é uma nota de relevo, sobretudo porque se fizeram ouvir durante todo o jogo. O destaque vai, também, para aqueles que viajaram de Famalicão.
É difícil de explicar, sobretudo no estádio, mas quem vê dois cartões amarelos no espaço de poucos segundos seguramente não será inocente. Estava em campo há pouco tempo e deixou a equipa em inferioridade numérica na reta final, algo que o Famalicão pagou caro.
Luís Godinho começou por invalidar o golo de Bruno Rodrigues, por indicação do seu auxiliar, mas após nota do VAR reverteu a decisão. Não teve uma noite fácil, com muita fricção em campo, sobretudo nos momentos finais.