Uma primeira parte cheia de incidências, dois golos, um para cada lado e a dúvida ao intervalo. Uma dúvida que acabou desfeita num dos primeiros lances da segunda parte, com Gonçalo Ramos a aparecer no sítio certo para a reviravolta benfiquista (1x2) no Algarve e a vingança depois da derrota na primeira volta, a primeira na Liga, marcante também por ter sido o início da quebra da qual o Benfica parece querer recuperar.
Resta perceber se ainda há tempo: esta jornada, Sporting e FC Porto ainda não jogaram. Enquanto assim é, os benfiquistas vão sonhando.
O Portimonense vinha de 12 jogos sem vitórias, mas nada fazia prever que Nélson Veríssimo tivesse vida fácil em Portimão. Com os algarvios, Rui Vitória sofreu a primeira derrota do Benfica em Portimão, Bruno Lage empatou e esta época, ainda com Jorge Jesus, foi o Portimonense a primeira equipa a vencer o Benfica no campeonato, com um triunfo pela margem mínima em pleno Estádio da Luz.
Sabendo que a equipa não tem sido brilhante, mas que a última jornada deu margem para sonhar, Nélson Veríssimo manteve a aposta em Taarabt, que esteve em evidência nos últimos jogos, e deu a titularidade a Yaremchuk, tendo em conta as limitações de Darwin, mas foi o Portimonense, também com mexidas no onze, a primeira equipa a mexer com o marcador.
Num jogo ainda sem grandes incidências, exceção feita à perda de sentidos de um apanha-bolas no momento em que saltou um painel publicitário, o Benfica parecia começar a tomar conta do jogo, quando um passe de Taarabt acabou por resultar no golo algarvio. Otamendi abriu os caminhos, Vertonghen não ajudou e Welinton Júnior aproveitou a primeira titularidade para faturar.
Não estava fácil para o Benfica, que encontrou um Portimonense a fechar o corredor central e a tapar os espaços por onde os encarnados continuavam a forçar a entrada. Sem que tal resultasse, foi o flanco esquerdo a agitar, com Everton e Grimaldo a trazerem dinâmica ofensiva a um Benfica onde a criatividade era escasse, mas aparecia, de forma irregular, nos pés de Taarabt.
Depois de mais uma paragem após arremesso de tochas por parte dos adeptos do Benfica, a pausa serviu para dar lucidez aos homens de Nélson Veríssimo, que chegaram ao empate por intermédio de Grimaldo, numa jogada onde Taarabt voltou a ter influência máxima, desta vez a ajudar a própria equipa.
De livre direto, o espanhol podia ter dado mais conforto à equipa de Nélson Veríssimo, que não tem tido propriamente jogos confortáveis na sua estadia como treinador principal do Benfica, mas as resoluções ficaram para a segunda parte, já sem Paulo Sérgio no banco, expulso por protestar uma falta evidente sobre Gonçalo Ramos. Eram os nervos à flor da pele.
É que, apesar da superioridade benfiquista, o Portimonense tinha mostrado capacidade para aproveitar as falhas na transição defensiva encarnada, muito fruto da mobilidade na frente de ataque e das combinações curtas entre Carlinhos e Lucas Fernandes, que ajudavam os algarvios a respiram com bola.
Pela forma como o Portimonense fechou os caminhos ao Benfica na primeira parte, esperava-se um segundo tempo de alta tensão, mas os planos algarvios saíram furados depois de Gonçalo Ramos conseguir a reviravolta no primeiro lance de ataque da segunda parte. Mérito de Everton, que roubou a bola a Nakajima, sempre muito desligado da partida.
Todos os golos mexem com a estratégia das duas equipas em campo e aqui também foi isso que aconteceu. O Benfica resguardou-se e tentou ter bola, mas à equipa de Nélson Veríssimo ainda falta capacidade para controlar o jogo e só Weigl conseguia equilibrar uma equipa que se ia desequilibrando sem necessidade para tal.
Esse desequilíbrio quase deu o bis a Welinton Júnior, que rematou por cima na melhor oportunidade algarvia até então. Em termos práticos, o lance não trouxe influência ao resultado, mas motivou Paulo Sérgio, de pé mesmo ao lado do zerozero após a expulsão, a mexer na equipa e a assumir o risco.
A partir daí, viu-se, com mais regularidade, o Portimonense junto à área de Vlachodimos, mas a equipa de Nélson Veríssimo acautelou-se e aos algarvios faltou a lucidez necessária para encontrar o espaço necessário para chegar ao empate.
A exibição benfiquista não foi, de todo, convincente, mas, uma vez mais, foi suficiente. Nos últimos cinco jogos, quatro vitórias e a sensação de que, passo a passo, ainda pode haver algo por que lutar neste campeonato.
Exibição positiva da equipa de arbitragem, bem a interromper o jogo duas vezes, por motivos diferentes. Algumas faltas aqui e ali por assinalar, nomeadamente num lance que depois resulta num contra-ataque perigoso de Yaremchuk, travado em falta à entrada da área depois de uma falta por assinalar sobre Julien da Costa.
Não foi um jogo brilhante, mas ficaram bons indicadores para Nélson Veríssimo, que conseguiu ver alguns jogadores já num rendimento positivo ao mesmo tempo que vê a equipa entrar numa boa sequência de resultados.
Tínhamos escrito exatamente o mesmo na quarta-feira, depois de terem sido atiradas tochas para o relvado de Alvalade. Voltou a acontecer esta tarde, agora em Portimão. As imagens são bonitas, mas interromper o jogo é desnecessário.