Quando adquirimos a certeza de que este Marítimo é outra loiça, eis que ela quebra perante os nossos olhos.
Vasco Seabra só tinha perdido duas vezes desde que assumiu o comando técnico da equipa insular, e fê-lo em situações que não chocam ninguém (Luz e Dragão), mas este domingo, frente ao FC Famalicão de Rui Pedro Silva, entrou sem argumentos e saiu sem pontos.
A comitiva famalicense voou para o Funchal e aterrou com tudo. A pressão da cabine não terá tido nem metade do impacto que a sua entrada no relvado dos Barreiros teve no adversário, com um coletivo e organizado que impediu o Marítimo de jogar da forma a que tem vindo a habituar os adeptos.
Ao sétimo minuto, o golo do suspeito do costume. Simon Banza fez uso do bom sentido de oportunidade para marcar depois do trabalho do compatriota Batubinsika dentro da área, num lance que ao olho nu parecia fora de jogo e como tal foi prontamente anulado. O VAR discordou, mas precisou de quatro minutos para validar a sua suspeição e confirmar a festa visitante.
O descanso oferecido pela cidade do futebol permitiu ao Famalicão retomar a pressão nos mesmos moldes e por muito pouco não duplicou a vantagem no espaço de cinco minutos. Seria o bis de Banza, negado por uma defesa fantástica de Paulo Victor. Palpável alívio de quem recebe uma nova oportunidade, mas o pior estaria para vir.
Ainda havia muito tempo no relógio da primeira parte e isso não foi um dado particularmente animador para os leões da Madeira, que continuaram a revelar dificuldades em subir no terreno. Não sofreram, mas os motivos de festa também foram muito reduzidos. Só Alipour sorriu, saltou e puxou pelas bancadas depois de conquistar uma grande penalidade... Pólvora que preferia ter guardado, pois Luiz Júnior agigantou-se e defendeu o remate de Joel Tagueu.
Momento duro em cima do intervalo, que ainda foi adiado por um tempo adicional que só agravaria a situação. Cláudio Winck, já amarelado desde o minuto 40´, sofreu uma entrada de Pickel e exaltou-se nos protestos. O árbitro viu excessos na forma como apontou para as marcas de pitons na coxa e mostrou o segundo amarelo e consequente vermelho.
A redução a 10 elementos veio dificultar uma tarefa que já seria pouco amigável, e como tal a segunda parte deu lugar a um jogo de redução de riscos. Mantendo o 0x1, o Marítimo asseguraria a chance de surpreender e salvar um empate em qualquer situação de contra-ataque ou bola parada. Oportunidades que não chegaram.
O FC Famalicão continuou a ter bola e ainda viveu um par de bons momentos (João Carlos Teixeira cimenta-se como uma das boas contratações deste mercado de inverno), mas o golo da tranquilidade foi uma miragem. No final, celebrou-se o segundo conjunto de três pontos conquistado de forma consecutiva... e o futuro sorri aos famalicenses.
Podemos atribuir a derrota do Marítimo a uma grande penalidade desperdiçada e uma expulsão na primeira parte, mas sabemos também que a situação não estava bem encaminhada antes desses dois acontecimentos. O positivo a retirar da situação é a competitividade da Liga, e o facto de qualquer equipa, mesmo que aparentemente imbatível, possa cair com relativa facilidade.
Uma equipa que jogou com as armas que teve, fruto da redução a 10 elementos, e outra que tomou uma opção ainda mais evidente pela redução de risco e esteve dependente do génio individual de dois ou três atletas. A primeira parte teve muita história, mas a segunda não acrescentou absolutamente nada e pode ser classificada como uma perda de tempo para quem a assistiu.
Golo bem validado e grande penalidade bem assinalada, como tal o único ponto de interrogação surge associado à expulsão de Winck. Impossível saber ao certo o que disse o lateral, como tal, vale a palavra do juiz.