Quando tudo indicava que a eliminatória viajaria empatada para Madrid, o génio de Kylian Mbappé veio ao de cima. E nem se pode dizer que é inédito, visto que tem sido assim que este Paris SG tem vencido muitos dos seus jogos. Frente ao Real Madrid, o jogo foi decidido por quem mais tentou.
O príncipe de Paris marcou o golo da vitória (1x0) que dá vantagem e, a juntar às ausências de Casemiro e Ferland Mendy por acumulação de amarelos, deixa o conjunto de Pochettino bem encaminhado para os quartos de final.
Durante pouco mais de 93 minutos, a estratégia do Real Madrid funcionou na perfeição. Ancelotti montou uma estratégia cautelosa, de linhas curtas, que dava a iniciativa ao adversário. Se estava à espera de um espetáculo emotivo, rapidamente percebeu que este não seria o caso, tal era a passividade dos merengues.
Ainda assim, para que a estratégia resultasse era preciso que as transições fossem eficazes, o que não foi o caso. Aqui há mérito do Paris SG, que também tinha a lição estudada e tinha este cenário em mente. Danilo Pereira e Paredes funcionavam como primeira linha a reagir à perda de bola, apoiados por Kimpembe e Marquinhos nas costas. O Paris SG instalou-se no meio campo do Real e dominou a belo prazer na primeira parte.
A segunda parte começou com Courtois novamente a levar a melhor sobre Mbappé, num remate rasteiro depois de um trabalho de pivot na área. O jogo estava mais animado e até o Real já saía mais do seu meio campo.
Quem continuava com dificuldades era Carvajal. O lateral deixou o camisola 7 do Paris SG fugir e a tentativa de corte foi completamente falhada, resultando numa grande penalidade. Messi foi quem assumiu a marcação, mas Courtois voltou a brilhar, defendo o remate denunciado, diga-se, do argentino.
As bancadas do Parque dos Príncipes aplaudiram o regresso de Neymar, quase quatro meses depois, e o brasileiro respondeu como bem sabe. Na primeira vez que foi convidado a desequilibrar inventou uma jogada pelo centro do terreno e acabou derrubado. Um sinal para o que estava por vir.
Com a irreverência do costume, Neymar ajudou a aumentar a pressão final, antes da chegada dos minutos finais. Quase como um filme antes visto, o brasileiro serviu Mbappé, que deixou dois adversários para trás e levou, finalmente, a melhor sobre Courtois com um remate rasteiro. Vantagem, Paris.
Foi ele desde o início. O mais desequilibrador, o mais irreverente, o mais perigoso. E acabou como homem do jogo com o golo que fez a diferença. Mbappé é, neste momento, um dos melhores a nível mundial e esta noite ficou provado.
Se a ideia era sair de Paris com um empate, esteve perto de resultar. Ainda assim, fica a sensação de que era possível fazer muito mais. O Real apresentou uma postura demasiado cautelosa e acabou penalizado com um golo que torna a eliminatória um pouco mais difícil de virar.
Exibição conseguida de Daniele Orsato, apenas com o cartão amarelo de Verratti como possível erro da noite.