Pela 4.ª vez em cinco anos, o Sporting ganhou a Allianz Cup. Num jogo em que o Benfica se adiantou um pouco contra a corrente, os leões foram muito mais fortes no plano mental e viraram o resultado com toda a naturalidade e com uma superioridade que quase sempre se sentiu existir em campo. Pablo Sarabia foi o herói maior, Matheus Nunes voltou a encher o campo e Porro mostrou que, podendo estar, a equipa sobe logo um patamar. E Rúben Amorim, cada vez mais senhor Taça da Liga, conquistou o seu quinto troféu em apenas dois anos de carreira ao mais alto nível. Chapeau!
...Foi para quem atacou melhor. O arranque de jogo teve mais Sporting. Bem mais! Encolhido, o Benfica teve muita dificuldade nas alturas de ter bola. Aliás, nos primeiros 10 minutos, praticamente não a teve, tão capaz e eficaz era a pressão dos leões em cima de quem ousava tê-la. Sentia-se a superioridade, ainda não nas oportunidades, que demoraram um pouco mais, mas no controlo do jogo.
Só que, no meio disso, o primeiro ataque bem desenhado pelo Benfica encontrou, na muralha sportinguista, uma cratera demasiado exposta: Luís Neto foi o culpado, Everton foi o autor do assalto que desbloqueou o marcador.
Perante isso, o Benfica fiava-se na vantagem curta e tentava retardar as reposições. Controlava melhor o jogo sem bola do que com ela, porque Meite foi bem melhor na segunda do que na primeira, o que fazia com que tudo estivesse muito distante de uma definição quanto ao vencedor.
Prova da tal curta fiabilidade num golo apenas foi que, logo no reatar de jogo, Inácio empatou na sequência de um canto. O golo trazia justiça ao jogo e a um Sporting que, a partir daí, passava a estar por cima.
Curiosamente, esse momento trouxe finalmente alguma personalidade ao Benfica com bola. Por personalidade não se leia qualidade, atenção, que a equipa esteve muito pouco capaz de desenhar bons lances: eram quase sempre por fora e, a menos que Grimaldo conseguisse algum movimento interior, o resultado costumava ser o cruzamento inofensivo - e sem sentido, que apenas com um avançado era difícil fazer alguma mossa numa defesa que lida tão bem com esse momento.
Por outro lado, essa maior dose de bola para as águias abria mais espaços. E espaço rima com Matheus Nunes, autêntico miúdo feliz a correr na praia, livre de regras e disponível para todas as ações. Foi muitas vezes ele a lançar ataques perigosos, foi ele que meteu a bola no remate de Paulinho à trave e foi ele que descoordenou a pouco rotinada dupla de meio-campo entre Weigl e Meite - porque João Mário já pouco defendia.
E eis que, sem qualquer surpresa, o resultado foi virado. Porro, quando entrou, motivou da bancada festejos como se de um golo se tratasse e devolveu com a qualidade que lhe é inata, com um passe espetacular para a finalização de Sarabia.
No fim, a festa verde e branca. Deu Sporting outra vez!
Dar bola ao Benfica: depois do 1x1, viu-se o Sporting a mudar ligeiramente a postura, ao dar bola ao adversário para o tentar ferir em contra-ataque. Opção perfeita, pois nem as águias souberam o que fazer com ela, nem os leões tiveram dificuldade em criar perigo por diversas vezes, até ao golo da reviravolta.
Duas equipas a quererem ganhar, cada uma à sua maneira, uma organização novamente de grande nível (diga-se o que se disser, a final four é um produto de excelência num futebol tantas vezes maltratado) e estádio cheio, dividido, cheio de grande ambiente. Só metade podia ficar satisfeita, mas foi bonito observar o todo. Que saudades de futebol assim...
O Benfica não esteve assim tão longe de poder sair feliz de Leiria, mas as feridas são muitas, do banco ao relvado, e este era o desfecho mais lógico. Falta conexão anímica na equipa (ou alma, como quiserem), faltam melhores substituições, falta muita coisa. E a época arrisca ser penosa até ao fim... Amesterdão atenuará? Difícil, muito difícil...