Não havia melhor forma de começar. Na casa dos vizinhos de Vizela, o Moreirense apresentou uma hora de bom futebol e depois agarrou-se à vantagem para segurar três preciosos pontos na luta pela manutenção, que aproximam a equipa de zona mais tranquila. A equipa de Álvaro Pacheco não esteve ao seu nível habitual e ainda perdeu Koffi para o jogo da Taça.
Álvaro Pacheco dizia, antes do jogo, não saber com que Moreirense contar. Tem a sua lógica, até porque o estilo habitual da equipa vinha variando e Sá Pinto não é um utilizador inequívoco de três defesas, mas foi essa a estratégia adotada, com praticamente todos os habituais desta época a surgirem no onze. Espicaçados com nova mudança técnica, os cónegos souberam agora aliar a esse lado o do futebol trabalhado e com conteúdo.
Abdu Conte foi o melhor nessas ações e, pela asa esquerda, subiu várias vezes com perigo, variando entre os movimentos para dentro da área e os cruzamentos para Rafael Martins e Yan Mateus. Foi bem mais eficaz na primeira, pois na segunda forma os companheiros não acompanharam. Porém, a grande essência da superioridade em futebol corrido para o Moreirense foi a ação constante dos dois homens do meio-campo, com o precioso auxílio de três centrais que também se mantiveram agressivos na disputa de lances, ganhando a maioria.
Falamos dessa superioridade em jogo corrido, mas, ressalve-se, em termos de oportunidades foi bastante equilibrado, apenas a pender para os cónegos por causa dos descontos, onde houve bola à trave e livre com potencial para bem mais do que Steven Vitória fez.
Até estava melhor no arranque da segunda parte - sem que o Moreirense estivesse pior. A equipa de Sá Pinto perdeu Abdu Conté por lesão ao fim de um quarto de hora, mas até nem foi necessariamente uma má fase, pois tal coincidiu com o golo de Rafael Martins, após uma ação de um Yan Mateus mais desperto do que nos primeiros 45 minutos.
Com o golo dos cónegos, finalmente viu-se um Vizela a intensificar a pressão e a instalar-se no meio-campo contrário. Samu andou apagado, portanto Méndez e Marcos Paulo pegaram na batuta e deram dinâmica à equipa, que se tornou mais agressiva e que optou pelo remate fácil, dentro ou fora da área. Sem a melhor direção, na maioria das vezes.
Sá Pinto trouxe resultados imediatos e não há nada melhor do que começar a ganhar, mas convém que se diga que não foi por acaso. Com processos simples, o Moreirense deu um aspeto muito mais próximo daquele que se espera de uma equipa com bons valores individuais. Nada melhor do que começar assim.
Tem a ver com o que de bom a equipa tem feito: esperava-se mais do Vizela, porque Álvaro Pacheco e os seus rapazes têm sido capazes disso. Houve claro défice de qualidade na primeira parte, sendo que por vezes até parecia que era a equipa da casa a inadaptada à forte dose de areia do relvado para minimizar irregularidades.
Arbitragem globalmente bem conseguida, auxiliada nos descontos pelo VAR para a justa expulsão de Koffi. Alguma dificuldade em lidar com as demoras nas reposições por parte do Moreirense, que tentou, na última meia hora, usar o relógio a seu favor.