Falemos de coisas bonitas durante um minuto. Falemos de um treinador em ascensão que regressa à casa que o acolheu ainda como estagiário, numa fase de experiência nula. Falemos da chuva que caía no relvado, sob a luz dos holofotes de um Estádio de Pina Manique que não está acostumado a jogos deste calibre. Falemos, acima de tudo, da beleza da Taça de Portugal!
Mais bela ainda seria a festa da Taça com uma vitória caseira - não por qualquer uma das cores envolvidas, mas porque um tomba-gigantes é sempre bem-vindo na prova rainha... e por breves momentos ainda pareceu possível! O Casa Pia esteve a vencer, mas o Sporting, atual campeão nacional, foi mais forte e deu a volta para seguir para a próxima fase.
Um espetáculo de pirotecnia acompanhou a entrada das equipas em campo, como que aperitivo para o outro espetáculo que se seguiria. Com muitos adeptos presentes (os possíveis, estando a capacidade preenchida), mas com muitos cânticos de apoio aos gansos antes de um jogo muito antecipado pelos locais.
O Sporting tentou reagir, mas a defesa do Casa Pia mostrou-se capaz de operar de várias maneiras. O trio defensivo esteve impecável no controlo da profundidade com a linha subida, tal como com a equipa recuada a não dar espaço ao adversário. Fora dois remates de longe de Daniel Bragança - um dos elementos em destaque -, o Sporting só criou perigo através de lances de bola parada.
Até que um deles deu golo. Foi já depois de avisos de Palhinha e Matheus Reis, através de um canto cobrado por Pedro Gonçalves, que Coates aproveitou uma má abordagem de Hebert para restaurar o empate ainda na primeira parte. Foi dessa forma que o capitão goleador deu o mote, antes de uma segunda parte que juntou um dilúvio de ocasiões leoninas ao meteorológico.
Palhinha tentou de longe e Pedro Gonçalves teve duas grandes ocasiões de ouro, uma delas a bater no poste, antes de a bola voltar a ir ao ferro com melhor desfecho para a turma de Rúben Amorim. Foi Pablo Sarabia que puxou a bola para o pé esquerdo e viu a bola bater na trave antes de entrar, embora o árbitro só tenha assinalado que a bola passara a linha de golo um par de minutos depois do lance.
Ainda se seguiram algumas ocasiões de relevo para o Sporting, com Paulinho, Bragança e Tabata envolvidos na tentativa de dilatar o resultado, mas o camisola sete acabaria por ter impacto de outra forma. Poucos dias depois de ter visto o cartão vermelho na Taça da Liga, Bruno Tabata fez uma entrada feia sobre Jota Silva e foi enviado para o balneário, condenando o Sporting a 20 minutos complicados.
No final, com alguma gestão de tempo do Sporting e um par de ataques promissores para cada lado, o jogo deu-se como concluído com os leões a seguir em frente.
Jogo entre equipas de divisões distintas e com valências incomparáveis, mas que não foi marcado por um desequilíbrio assim tão grande. É essa a tão agradável festa que a Taça nos traz, entre os jogos mais comuns das outras competições. A história de um «regresso feliz» de Rúben Amorim é um belo bónus.
Não houve maldade, mas no final de contas Bruno Tabata é bem expulso e foi convidado a um banho prematuro pela segunda vez num espaço de oito dias. A exibição de classe mundial em Amesterdão valeu-lhe mais minutos, mas não se pode dizer que o camisola sete os esteja a aproveitar bem.